É músico, cantor e autor e tem como base, na música que faz, a mistura entre uma lusofonia cada vez mais presente e emergente em si, e uma mescla social e cultural característica da cidade de Lisboa. Em "Discurso Direto", Luiz Caracol fala-nos do seu primeiro álbum a solo, "Devagar", um disco onde a portugalidade está bem patente.
Portugal Rebelde - No tema “Em Marcha” canta: “Sou um resto de mistura/entre o vira e o batuque/e as noites acordado/vou segundo a azimute/em silêncio com o meu fado”. É esta a sua “rota” para uma viagem que se quer “devagar”?
Luiz Caracol - Pode dizer-se que sim, pois sendo eu um músico de misturas, é nelas que quero continuar a minha caminhada, sem qualquer pressa, mas de um modo consistente e sólido.
PR - Sara Tavares, Valete e Fernanda Abreu são os convidados de luxo deste disco. Quer falar-nos um pouco da participação destes amigos em “Devagar”?
LC - No caso da Sara, era uma partilha quase inevitável, pois somos muito amigos e temos tocado muito juntos, em muitos dos seus concertos, nestes últimos anos. No caso da Fernanda e do Valete, foram dois novos amigos que conheci devido à nossa participação conjunta num documentário sobre a música lusófona, chamado MPB, e a nossa cumplicidade musical foi imediata, o que me fez convidá-los a participar no álbum, por achar que tinham a ver com os temas em questão, e eles gostaram, e aceitaram.
PR - “A gente vai continuar”, um original de Jorge Palma é revisitado neste álbum. Há alguma razão especial para a escolha deste tema?
LC - A razão é porque gosto muito desse tema, e porque quis homenagear alguns artistas que têm sido uma forte influência para mim, e o Palma é um deles, assim com é o Lenine, e o Jorge Drexler.
PR - Numa frase apenas – ou talvez duas – como caracterizaria este “Devagar”?
LC- É difícil colocar numa frase o que é para mim este álbum, mas tentando ser breve, acho que nele está quase tudo o que sou, desde a minha urbanidade, ao meu lado mais terra, desde a minha portugalidade, ao meu lado mais mestiço, mas acho que essencialmente é um bom disco de canções.
PR - As canções deste disco já tiveram a oportunidade de serem apresentadas em palco muito recentemente. Como é que público tem reagido às canções deste “Devagar”?
LC - Tem reagido muito bem, o que me deixa muito contente.
PR - “O Mundo anda louco, preso, incerto/perturbado, perdido e perverso/sem sentido encoberto”. Este é um “recado” a pensar no momento conturbado que todos nós atravessamos?
LC - Não, no caso deste tema não tem a ver com o momento que se vive em Portugal, nem tem qualquer conotação politica ou social, tem sim a ver com o facto do Homem não andar a respeitar o mundo, a sua natureza e as suas necessidades básicas de sobrevivência.
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