"Mar Deserto", o novo disco de Ricardo Gordo prossegue o trabalho de estreia do EP "Fado Metal". Num mesmo conceito, "Mar Deserto" apresenta-se como um cruzamento de linguagens entre a música tradicional - que vai beber influências não só no universo alentejano, mais precisamente de Portalegre, terra natal do músico, mas também no universo do Fado e do Folk português - a world music – mesclando aqui e ali sonoridades que cruzam o norte de África ao Oriente – e o rock que viaja entre o mais pop mas também o mais pesado, num diálogo recorrente entre a guitarra portuguesa e a guitarra eléctrica. Hoje em "Discurso Direto" é meu convidado Ricardo Gordo.
Portugal Rebelde - Edgar Canelas, jornalista da Antena 1 escreveu que este “Mar deserto” é um disco de viagem. Uma viagem que tem porto de partida, não de uma praia atlântica, mas do mar dos montes do Alentejo. ´Que viagem é esta que nos propõe neste disco?
Ricardo Gordo - Este disco oferece-nos uma viagem por vários episódios da minha vida, nos quais o ouvinte pode saborear diferentes emoções, sejam elas positivas ou negativas, é uma viagem musical rica em sensações e cores.
PR - Este disco prossegue e alarga o cruzamento de influências que estavam presentes no disco “Fado Metal”?
RG - Completamente, é um álbum experimental a certos níveis. Seja ao nível da composição, seja ao nível da produção, procurámos fazer um disco onde a abordagem da guitarra portuguesa fosse inovadora. Chegámos até a usar efeitos de guitarra eléctrica como experiência em alguns temas, o que acabou por resultar muito bem.
PR - “Mar deserto” conta a participação dos Urze de Lume, banda de música folk, no tema “Fragas da Terra”, e dos músicos Stereossauro e Razat no tema “Miranda”. Destaque ainda para a participação dos músicos Tó Pica e Sales Sean Rose, elementos da banda de heavy metal, Ramp. Quer falar-nos um pouco destes “encontros”?
RG - Achei que seria interessante juntar num só disco músicos de estilos, teoricamente, tão díspares como o fado, o heavy metal, a música electrónica... uma vez que se procurava conceber um álbum eclético, achei que seria interessante fazer o convite a músicos amigos de estilos de música alternativos para ajudar a enriquecer este trabalho.
PR - Já teve oportunidade de apresentar as canções deste disco. Qual tem sido o “feedback” que tem recebido do público?
RG - Tal como no ep “Fado Metal”, senti-me sempre um pouco apreensivo em apresentar um trabalho onde a guitarra portuguesa tem um papel diferente. Não o de acompanhar o fado, mas o de mostrar um trabalho solista com base no rock. Felizmente, a aceitação tem sido muito boa e pela primeira vez encontro um grande número de ouvintes de fado e rock/metal num só concerto.
PR - Numa frase apenas – ou talvez duas – como caracterizaria “Mar Deserto”?
RG - "Mar deserto" é um trabalho concebido para provar que é possível transportar a guitarra portuguesa para ambientes musicais que, teoricamente, não lhe pertencem.
PR - Para terminar, continua a pensar, que é possível e desejável o “diálogo” entre a guitarra portuguesa e a guitarra eléctrica?
RG - Ambos são instrumentos únicos e especiais à sua maneira, logo, este diálogo faz todo o sentido.
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