Chama-se "1975" e é o disco de estreia de Xinobi. Durante 54 minutos, a sensibilidade pop junta-se às influências da deep house, disco, funk, dub e surf guitar, para criar um trabalho único e multifacetado, com momentos contemplativos, refrões memoráveis e arranjos feitos para as pistas de dança. Filho da cultura do-it-yourself, Xinobi é um dos fundadores da editora independente Discotexas (ao lado de Moullinex e Mr. Mitsuhirato), nome essencial da música de dança actual. Hoje em "Discurso Direto", é meu convidado Bruno Cardoso, que é como quem diz Xinobi..
Portugal Rebelde - Podemos dizer que o álbum “1975” é uma viagem pelas influências da deep house, disco, funk, dub e surf guitar?
Xinobi - Claro, eu próprio já afirmei todos esses géneros musicais como sendo a génese da música que há no "1975". São parte do vasto universo musical com o qual me identifico.
PR - Uma das surpresas deste disco é a tua participação enquanto cantor. Ficaste conte com esta “descoberta”?
Xinobi - Eu sei a minha voz mais por necessidade do que por opção. Tentei pô-la em algumas das músicas. Ainda me sinto inseguro em relação a como ficou. Não sei dominar a voz que tenho. É algo que talvez vá aprender no futuro. Mas a verdade é que usei a minha voz mais como instrumento musical complementar. Normalmente são versos ou palavras eternamente repetidos.
PR - Margarida da Encarnação é outra das vozes que se pode ouvir neste disco. Como é que se deu este “encontro”?
Xinobi - Conheci-a quando trabalhei com o Teatro Praga na transformação de uma ópera de Purcell para a Tempestade de Shakespeare. Ela era uma das cantoras. Eu ouvi-a várias vezes a cantar coisas mais pop, principalmente em momentos mortos nos ensaios ou quando estava a aquecer a voz. Depois acabei por convidá-la.
PR - Numa frase apenas – ou talvez duas – como caracterizarias este “1975”?
Xinobi - Eu diria que é um disco que sintetiza uma grande parte da música que gosto de ouvir e que a dissemina na vertente mais dançável. Creio que é um disco de dança retalhado – com muita coisa diferente; possuí referências pop nem sempre óbvias e, apesar de não ser um disco imediato, é bastante acessível.
PR - Depois da edição de “1975”, é tempo de usufruir dele ao vivo. Já há alguns concertos em preparação?
Xinobi - Estreei-me em concerto no passado dia 13 de Novembro, no Lux. Já tenho bastantes datas como Dj, nas quais vou, obviamente, reflectir a estética do “1975”. Mais à frente volto a atacar com a versão banda. Para já, este concerto vai representar e celebrar o lançamento do disco, que faz por agora um mesito que está cá fora.
PR - Para terminar, a que se fica a dever a escolha de “1975" para título do disco?
Xinobi - Foi um título de substituição. Era para ter um outro título do qual acabei por desistir. Não é a minha data de nascimento, mas foi o ano de recomeço de vida para grande parte da minha família e o ano em que se começou a definir a conjuntura da época em que nasci, uns anos mais tarde.
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