"Fado", é este o título que marca o inicio de uma nova caminhada na vida de Filipa Carvalho. De estilo castiço, esta nova aquisição no mundo do fado é perseverante sem ser teimosa; o Fado está-lhe na alma.
Portugal Rebelde - Antes de mais, quando é que o Fado invadiu a sua vida?
Filipa Carvalho - A música sempre esteve presente na minha vida. Aos 9 anos comecei a estudar solfejo e a tocar acordeão, foram 7 anos, até que um dia, numa festa da escola de música, desafiaram-me a cantar... e pronto! Descobri que afinal o caminho deveria ser mais por aí! Nos anos que se seguiram acompanhei a minha professora de música pelos seus espectáculos, festas e bailaricos onde cantava e tocava e aí fui conhecendo o país. Em adolescente participei em algumas bandas de estilo pop/rock e ao entrar para a faculdade optei por deixar, por tempos, a música, voltando somente já na idade adulta. O fado surgiu somente na minha adolescência. Julgo não ter surgido antes por falta de incentivo. Os meus pais são de origem Beirã e em casa sempre se ouviu muito música tradicional portuguesa, não se ouvia fado, nem se conhecia ninguém desse meio, por essa razão, só em adolescente, após assistir 3 vezes ao musical “Amália”, de Filipe Lá Féria, é que de facto percebi que algo passou a mexer comigo... o Fado. Daí em diante comecei em interessar-me pela história do Fado, os seus fadistas e a começar a cantá-lo... mas só para os amigos.
PR - Este seu primeiro disco é composto maioritariamente por Fados tradicionais. Este é o “fado” que lhe está no sangue?
FC - Antes mais, falar do conteúdo deste CD é dizer, que o mesmo, poderia ser uma das tantas noites de fado que faço por aí... Este CD reúne os 10 temas que mais cantei no último ano. Um ano de aprendizagem e crescimento. Aprendizagem porque tenho vindo a aprofundar o meu conhecimento sobre o fado, a sua história, origem, evolução, os seus fadistas e estilos e o vasto repertório tradicional; e crescimento porque no decorrer de todo este processo amadureci enquanto artista.
Respondendo, concretamente, à questão, sim, este é o fado que mais gosto, pois estando eu ainda a crescer nestas lides fadistas, julgo ser nessa fonte que tenho de beber.
PR - Quais são as suas grandes referências no Fado?
FC - Como tenho dito, sou uma eterna Amaliana, mas gosto muito também de Maria da Nazaré, Maria da Fé, Fernanda Maria, Lenita Gentil, Alfredo Marceneiro, Fernando Maurício, Carlos do Carmo... e tantos outros. Gosto e ouço todos, faço questão disso mesmo, pois é conhecendo e ouvindo todos estes grande fadistas que melhor vou definindo o meu estilo. Dos fadistas desta nova geração gosto muito de Ana Moura e Camané.
PR - Já teve oportunidade de apresentar as canções deste disco em palco. Como é que as pessoas têm recebido o seu “Fado”?
FC - Sim, um CD é sempre mais um motivo e uma boa razão para voltarmos a casas onde já cantámos e a eventos onde já participámos. No início do ano fiz o circuito de algumas lojas Fnac e o feedback por parte de todos os presentes foi muito bom. Também tenho realizado algumas entrevista em diversas rádios e as pessoas ligam e deixam mensagens sempre muito motivadoras. À parte de tudo isso, continuo o fazer o que sempre fiz, noites de fado em restaurantes, hotéis, eventos privados, o que aparece! Este mês de Setembro apresento-me com regularidade em 3 casas: Café Luso, Timpanas e D. Afonso o Gordo. Felizmente todos os fins de semana tenho trabalho e o verão tem sido especialmente preenchido, no entanto, tenho a minha agenda aberta para novos espectáculos que possam aparecer. Podem consultar o meu site, www.filipacarvalho.pt, onde estão todos os contactos para marcação de eventos ou espectáculos. Entretanto associei-me a uma nova empresa com um novo conceito, de seu nome Fado Capital. Esta empresa tem por objectivo juntar o Fado de Lisboa com o Fado de Coimbra, podendo realizar eventos em separado ou em simultâneo. Podem consultar a sua página no Facebook e acompanhar as novidades.
PR - Numa frase como caracterizarias o álbum “Fado”?
FC - O início da minha caminhada no Fado...
PR - Dos 10 fados incluídos neste seu disco de estreia, há algum que a toque em particular. Porquê?
FC - Todos são especiais, pelas suas diferentes características, porém, o último tema, Meu amigo está longe, acompanhado unicamente ao piano, tem uma carga emocional muito significativa para mim... assim como, acredito, para qualquer pessoa que tenha perdido um amigo.
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