26/10/2015

POST HIT | Discurso Direto


"Hitmusic" (Iplay, 2015), marca o regresso de Paulo Scavullo & Flávio Pacheco às edições. Um disco composto por 11 temas e que refletem a passagem do tempo. Hoje em "Discurso Direto" é meu convidado Paulo Scavullo, um dos rostos dos Post Hit. 

Portugal Rebelde - Dez anos depois do álbum de estreia, este "Hitmusic" mantem-se fiel às coordenadas Pop?

Paulo Scavullo - O álbum Hitmusic surge 10 anos depois de “Post Hit” mas com uma série de singles soltos que fomos editando nos últimos anos e que foram progressivamente criando em nós uma vontade em alargar horizontes. “Hitmusic” é um album POP tal como o foi “Post Hit” em 2005, produzido por Armando Teixeira (Balla) e se antes tivemos muito a preocupação de nos centrarmos num registo declaradamente electrónico e que tinha muito a ver com certas referências muito presentes e com um contexto de época, em Hitmusic, produzido por João Pedro Ferraz (BAN) o universo alargou-se criando novas texturas e novas expectativas e se há alguns momentos no disco que remetem para o passado (single Mnds’n´fire) há outras vontades muito presentes em se afirmarem texturas mais orgânicas e geograficamente mais alargadas ou diversas, (o caso do novo single Tea Drops ou temas como Let me In ou Trivial….). Hitmusic é provavelmente um disco que mostra um certo crescimento e uma vontade de não repetir formulas talvez seja um album mais maduro.

PR - A produção e mistura deste disco esteve entregue a João Pedro Ferraz. O resultado final deste álbum fica muito a dever-se ao seu trabalho?

PS - O envolvimento do João Pedro Ferraz neste álbum foi determinante não só porque fez um excelente trabalho de produção e mistura que resultou no disco que os Post Hit desejavam ter e que significou um passo em frente. Sentimo-nos absolutamente realizados porque o João Pedro percebeu o “corpo” que o disco deveria ter de acordo com as músicas que surgiram e relacionou-o muito bem com o momento que os Post Hit atravessavam e aqui acrescente-se que o João Pedro acabou por ser co-autor do disco o que o tornou ainda mais cúmplice num trabalho que foi feito entre Lisboa e o Porto. O resultado final é uma soma do trabalho de ambas as partes mas com a marca de uma produção que considero excepcional. Este álbum abriu horizontes ao grupo e provavelmente com ele mudámos de paradigma. Este era o disco desejado.

PR - "Mind´s N´Fire" foi o single de avanço deste novo trabalho. Este é o tema que melhor retrata o "espírito" deste disco?

PS - Mnds’n’fire foi escolhido como single de avanço por duas razões, era o tema com efeito mais radiofónico e em simultâneo aquele que estabelecia relação directa com a sonoridade mais característica do grupo. Mnds’n’fire foi escrito na altura do single “Desire (Give Give Give)” editado em 2013 e que foi produzido por David Benasulin e que não vindo neste album tem uma particularidade, cedeu a Mnds’n’fire a frase do “middle” e este tipo de herança ou colagem é interessante porque é uma espécie de obsessão que se retoma porque se quer dizer novamente a mesma frase num outro contexto. No geral o espírito deste disco, sendo diverso e com uma atmosfera ampla terá provavelmente no novo single “Tea Drops” (a sair em breve) um dos seus melhores representantes. Este album cruza um certo cinismo “pop” com momentos de alguma melancolia e sempre achámos que um disco deve ter um corpo que se possa percorrer e encontrar aí diversos estádos de “espírito” mas háverá sempre um que predomina provavelmente e este album permite que a quem o oiça o possa sentir de acordo com o seu “tempo” de escuta. Este é um disco que reflete também um pouco a passagem do tempo, repleto de inquietações e obsessões.

PR - Numa frase apenas como caracterizariam este "Hitmusic"?

PS - As mãos do tempo estão sempre a moldar-nos, seja por estarmos debaixo de um céu que nos permite sonhar, seja porque alimentámos as nossas fantasias.

PR- O que é que o público pode esperar dos Post Hit em concerto?

PS - Os Post Hit até 2010 foram uma banda muito activa em concertos sistemáticos um pouco por todo o país e com a sorte de terem passado em lugares emblemáticos. Nos últimos anos temos tido uma actividade mais centrada no trabalho de estúdio com a edição de discos mas com escassos concertos embora com inumeras aparições promocionais, incluindo Televisão. A opção agora é contrariar os ultimos anos e voltar a uma actividade mais regular com apresentações ao vivo e onde teremos sempre musicos convidados já que a formação em duo (eu , Paulo Scavullo e o Flávio Pacheco) não seja suficiente para termos a dinâmica e a vibração necessária que um concerto necessita. Um concerto Post Hit se fosse possível seria um momento algo performativo ou até multidisciplinar e no nosso inicio era isso que sempre idealizamos, isto é, algo mais “arty” mas uma encenação elaborada e onde se cruzassem diferentes linguagens artísticas mas em palco isso implica trabalho, uma certa estrutura e um budget que não conseguimos alcançar porque o nosso circuito acabou sempre por ser bastante aletrnativo. Em concerto os Post Hit terão certamente um alinhamento onde desfilam os nossos singles que são já 10 e outros temas que escolheremos de acordo com o que queremos transmitir e se possivel sempre com projecção video. Um concerto Post Hit é um momento que tem vibração que é contagiante seja pela carga irónica, lúdica ou in extremis por alguma ousadia, estas serão sempre afinal matrizes da musica pop.

PR - Para terminar, por onde passa o futuro próximo dos Post Hit?

PS - O futuro próximo dos Post Hit passa imediatamente por continuar a promover Hitmusic o nosso novo album, por regressarmos aos concertos, disponibilizarmos algum merchandising através da nossa página do facebook e editarmos mais uns 2 ou 3 singles retirados deste album e que a exemplo disso teremos já em breve Tea Drops como segundo single de Hitmusic e um dos temas que mais gostamos. Em 2016 depois de toda a promoção relativa a este disco acalmar iniciaremos o trabalho para um novo disco que poderá ser completamente distinto deste porque nos queremos surpreender e porque a história continua…..

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