02/11/2015

TRANGLOMANGO | Discurso Direto


Deu o Tranglomango na música portuguesa! Com a formação instrumental clássica do rock à qual se junta um acordeão, este grupo deixa-se influenciar pela música tradicional portuguesa como mote para a prática e domínio de um som que funde estilos contrastantes. "Más Línguas", é o disco que marca a estreia deste grupo viesses. Liguem os cátodos aos pontos cardeais do corpo e larguem a velhinha: ela vai sacudir o pó do pé; é rock e chula!

Portugal Rebelde - Antes de mais, quem são os Tranglomango?

Tranglomango - São um grupo sediado em Viseu que integra músicos com percursos musicais muito diferentes mas em comum o gosto por fazerem música e fundirem as diversas influências que trazem dentro de si. Eu, Ana Bento (baixo e voz) que iniciei um percurso mais formal e clássico na música (Conservatório) e depois desviei-me por outras experiências quer em bandas rock quer em formação na área do jazz, a Catarina Almeida (voz, guitarra e trompete) que liderou a banda "Eye" nos anos 90 e gravou o mítico "Momento" com Pedro Abrunhosa, Ricardo Augusto (acordeão e voz), talvez o elemento da banda com mais raízes musicais tradicionais com participações variadas em grupos de cantares e instrumentais na região de Viseu mas também com um percurso musical formal quer na área do canto quer da educação musical, Bruno Pinto (guitarra) com fortes influências da sua passagem por bandas rock e metal mas que também estudou quer no Conservatório quer com músicos na área do jazz e Miguel Rodrigues (bateria e percussões), o benjamim do grupo com um percurso mais curto devido à mais tenra idade mas proporcionalmente inverso à riqueza quer de estudos quer de experiências profissionais que tem tido como baterista de diversos projectos nomeadamente Miguel Araújo e Fanfarra Farrobodó.

PR - Quando partiram para a edição deste disco, tiveram algum receio do que as más línguas pudessem dizer?

Tranglomango - Não! As más línguas fazem parte deste mundo e bem; na dose certa contribuem para o seu equilíbrio, acho eu. E acredito que mesmo nas coisas "más" há coisas boas. Foi desse lado bom das "más línguas" que nos quisemos apropriar. O lado rebelde, de crítica, de transformação, de risco, de exploração, de construção, de prazer ao fazer isso mas ao mesmo tempo de contributo para lembrar/preservar apontamentos da identidade do país onde nascemos e onde temos crescido -sem medos.

PR - Dos temas selecionados para este "Más Línguas", há algum que vos toque em particular? Porquê?

Tranglomango - Os temas originais são particularmente especiais porque têm mais de nós. Para mim (Ana Bento) talvez a Valsa do Vestido porque por um lado talvez seja uma abordagem mais "improvável" no contexto do resto do disco, por outro porque é um tema que tal como a Galinha da Vizinha surgiu na sequência de um projecto desenvolvido com utentes de um lar da nossa zona (Abraveses, Viseu) e é inspirado nas histórias que essas pessoas partilharam connosco - foi um privilégio essa partilha.

PR - Numa frase como caracterizariam este disco?

Tranglomango - Liguem os cátodos aos pontos cardeais do corpo e larguem a velhinha: ela vai sacudir o pó do pé; é rock e chula!

PR - Por onde passa o futuro próximo dos Tranglomango?

Tranglomango - Actualmente estamos a rodar este trabalho em vários palcos do país mas paralelamente temos trabalhado em temas novos, mais temas originais e no próximo ano tentamos ter um segundo trabalho pronto.

PR - Para terminar, dizem as más línguas que deu o tranglomango na música portuguesa. É verdade?

Tranglomango - Se não é verdade pretende ser. Tendo como ponto de partida o material genético, cultural e social de portugueses que somos, misturando com inúmeras influências que às vezes nem ao diabo lembra mas que de alguma forma estão dentro de nós e ainda metendo ao barulho alguns convidados também de diferentes naturezas... sim, é inevitável um tranglomango na música portuguesa.

Sem comentários:

/>