20/10/2016

RODRIGO LEÃO | Discurso Direto


“Life Is Long” (Universal Music, 2016), é o mais recente trabalho de Rodrigo Leão, um disco partilhado com Scott Matthew. Esta é a história de um encontro improvável que provou ser inevitável, entre um compositor conhecido pelas suas melodias enlevadas e uma voz que as leva ao patamar superior de magia. Hoje em "Discurso Direto" é meu convidado Rodrigo Leão.

Portugal Rebelde - “Life Is Long” é a história de um encontro improvável que provou ser inevitável?

Rodrigo Leão - Nos dias de hoje, com a tecnologia e a informação de que dispomos, todos os encontros são prováveis a meu ver. O Scott Matthew e eu temos percursos musicais diferentes mas cruzá-los nalgum momento das nossas vidas era inevitável pelo menos para mim. Foi por isso que o contactei e tive sorte, ele aceitou.

PR - Como é que agilizou todo o processo de composição?

Rodrigo Leão - Fazia a minha parte em casa e enviava-lhe demos por email. Como o Scott vive em Nova Iorque não nos podemos encontrar com a celeridade e frequência desejáveis mas a internet torna quase tudo possível Depois o resto era com ele, escrever as letras e melodias de voz. Se no início achávamos que íamos ter muito que falar para percebermos bem o que queríamos fazer, rapidamente descobrimos que nada disso era necessário e que a distância que nos separava até nos dava mais tempo, mais liberdade, menos pressão. E sempre que o Scott me enviava as suas ideias elas pareciam feitas à medida. Tudo surgia com uma naturalidade quase estranha, como peças de um puzzle musical que os dois íamos construindo sem pressa. Este processo durou 2 anos.

PR - Não sendo a primeira vez que opta por este tipo de de timbre (Beth Gibbons, Neil Hannon, Stuart Staples ou Melingo são outros exemplos. Esxistirá um padrão?

Rodrigo Leão - Não, acho que são vozes muito diferentes umas das outras; mas concordo que há um padrão mais alternativo no trabalho destes músicos com que me identifico.

PR - Há alguma canção deste trabalho que o toque em particular? Porquê?

Rodrigo Leão - Life is Long, o tema que dá título ao álbum. Talvez seja o meu tema preferido, até porque é um tema que tem uma base harmónica que já foi utilizada com outras versões em 2 dos meus últimos trabalhos - “A Vida secreta das Máquinas” (Máquina triste) e “O Retiro” (O Retiro). Um deles com uma abordagem mais ambiental e electrónica e outro com a participação da orquestra e coro da Gulbenkian com um arranjo muito mais clássico. O tema é o mesmo mas com arranjos e ideias um pouco diferentes.

PR - Numa frase apenas como caracterizaria este “Life Is Long”?

Rodrigo Leão - É um disco introspectivo para se ir ouvindo da mesma maneira que foi feito: devagar.

PR - “Life is Long” é apresentado no Coliseu do Porto, a 4 de novembro, no âmbito do Misty Fest e no Coliseu de Lisboa no dia 6. O que é que o público pode esperar destes concertos?

Rodrigo Leão - Há mudanças mas eu preciso delas e acho que o público também. Desta vez quis experimentar em palco um universo mais pop, com uma voz diferente e que eu admiro muito. Algum do público que me acompanha até pode estranhar este novo ambiente mas espero sinceramente que goste e que no fim saia da sala com a alma cheia que é o que eu espero sentir quando vou a um concerto.

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