10/12/2016

CELINA DA PIEDADE | Discurso Direto


Em 2016, Celina da Piedade apresenta o seu terceiro álbum "Sol" (Sons Vadios), que é a consolidação do seu percurso musical, num momento em que é cada vez mais reconhecida dentro e fora de Portugal, mantendo sempre a sua identidade e autenticidade. Com uma sonoridade organicamente acústica, em "Sol" os temas do cante alentejano cruzam-se com novas melodias. Hoje em "Discurso Direto" é minha convidada Celina da Piedade.

Portugal Rebelde - No press release deste disco, pode ler-se «este foi um disco feito com muito amor.» Tal como diz o provérbio africano, também para fazer este disco, foi preciso uma aldeia inteira de gente com arte?

Celina da Piedade - Sinto que foi mesmo! Acho que mais do que nunca com este disco abracei a real noção de que a minha música, tal como a faço, é resultado de um trabalho colectivo. Desde aqueles que me ensinaram e ensinam, os que me acompanham nos altos e baixos do dia-a-dia, aqueles que comigo têm tocado, os que tocaram no disco, os técnicos de som, os que fotografam, filmam, compõem ao meu lado, os produtores, os designers, quem edita, quem promove, até mesmo os que “só” me inspiram (e é tanto!), os que cozinham para a malta e nos acarinham ao final de uma sessão de trabalho... Sem a sua contribuição, sem a sua energia, fazer o que faço seria totalmente impossível. Importa salientar que a edição do disco é da Sons Vadios e tive o apoio da Associação Mutualista Montepio e da Antena 1. É de facto um trabalho de uma aldeia inteira e a ela toda agradeço!

PR - Numa sonoridade organicamente acústica, em “Sol” os temas do cante alentejano cruzam-se com novas melodias, composições próprias e outros autores, como o argentino Atahualpa Yupanqui, o brasileiro Gilberto Gil e João Gil, nome incontornável da música portuguesa. É verdade que neste disco cresce para um universo mais amplo, mais “solarengo”?

Celina da Piedade - Há neste disco crescimento, porque assim se leva a vida também, e precisei de nele expressar um leque mais vasto de emoções, de vivências e sonoridades. Ao longo do tempo fui juntando no meu bau sentimental novas experiências, olhares, sentires, reflexões musicais, que estavam à espera deste trabalho para verem de novo a luz do sol, transmutadas, mais maturadas, a fazerem de novo sentido. As novas parcerias que fiz, os novos rumos que experimentei, foram todas fruto deste

PR -  ”Assim Sou Eu”, foi a canção canção escolhida para single de avanço deste trabalho. Este é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste “Sol”?

Celina da Piedade - O “Assim sou Eu” é uma composição do João Gil com letra de António Avelar Pinho que me foi entregue como um presente precioso. O João Gil, que para além de ser um dos músicos convidados assina a produção musical do disco juntamente comigo e com o Alex Gaspar, disse-me “Tenho um tema que é a tua cara!”. E não é que é mesmo? Um retrato, eu ao espelho. Sou assim, de facto. O “espírito” deste disco está lá bem espelhado, mas está ainda mais no segundo single, o tema “Acredito”, com música de Alex Gaspar e letra minha. Ali tenho escrito o meu credo, assumido ao mundo. No final canto “Onde o sol mais brilhar, eu estou!”. É esta a mensagem principal deste disco: somos responsáveis pela nossa própria felicidade, por lutar por ela, todos os dias, por procurar o nosso “sol”.

PR - Numa frase apenas como caracterizaria este “Sol”?

Celina da Piedade - Um disco folk plantado na lusofonia, o alentejo é a casa-mãe.

PR - Para terminar, depois do disco, quando é que vamos poder ouvir em palco as canções deste disco?

Celina da Piedade - Recentemente pude apresenta-lo em Lisboa, no festival Vodafone Mexest, e agora no dia 29 de Dezembro estarei no Teatro Francisco Rabal em Madrid. Para além dos vários concertos já marcados para o próximo ano, em Janeiro começa a aventura do Festival da Canção 2017, para o qual fui convidada como compositora! Poderão seguir a minha agenda e todas as novidades no meu facebook oficial (www.facebook.com/celinadapiedadeoficial).



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