Depois de 7 anos sem editar, OMIRI, de Vasco Ribeiro Casais, está de regresso aos discos com "Baile Electrónico". Para além dos instrumentos utilizados anteriormente como a Nyckelharpa, as Gaitas de Fole Portuguesas ou o Bouzouki, neste trabalho Vasco Ribeiro Casais alargou o leque de instrumentos tradicionais portugueses adicionando o Cavaquinho e a Viola Braguesa. Toda a componente electrónica é feita através da manipulação de recolhas realizadas na sua maioria por Tiago Pereira. Senhoras e senhores façam roda por favor, o "Baile" vai começar.
Portugal Rebelde - Depois de sete anos sem editares, este “Baile Electrónico” é fruto dos muitos espectáculos que tens apresentado um pouco por todo o país?
Vasco Ribeiro Casais - Em 2010, logo depois de ter editado “Dentro da Matriz”, o Tiago Pereira começou “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria” e desde logo começamos a utilizar algumas recolhas nos nossos concertos. Algum tempo depois fizemos um tema em que a electrónica era toda baseada em recolhas e vimos logo que era esse o caminho a seguir. Em 2013 o Tiago deixou de fazer parte de Omiri mas foi sempre fornecendo recolhas e, ao longo destes anos fui sempre experimentando e compondo até chegar a um ponto em que já tinha material para um disco novo. Os concertos foram sempre o laboratório onde experimentei as músicas.
PR - Para além da utilização de pequenos “samples” transformados em loops rítmicos, também são usadas frases melódicas inteiras de ícones da tradição oral portuguesa (Adélia Garcia, Tia Andorinha, Margarida Fidalgo Magalhães, entre muitos outros). Isto é a música portuguesa a gostar dela própria?
Vasco Ribeiro Casais - A maior parte das recolhas usadas fazem parte do arquivo de “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria” do Tiago Pereira. Uma das ideias deste projecto é pegar na nossa tradição e traze-la para os nossos dias e dessa maneira valorizar a nossa cultura. A reacção das pessoas ao disco e aos concertos tem sido muito boa e em geral as pessoas ficam admiradas com as recolhas e com a riqueza da nossa tradição.
PR - O disco conta com as participações de Capicua em “País Colmeia” (single de apresentação) e Celina da Piedade no tema “Fado em Picadinho”. Queres falar-nos um pouco destes “encontros”?
Vasco Ribeiro Casais - Convidei a Capicua para participar no disco em 2014 depois de ouvir “Casa no Campo”, nessa altura ela não podia e eu acabei por me dispersar por outros projectos. Em 2016 quando já estava com a produção do disco em curso voltei a convidá-la para um tema, enviei-lhe a maquete de “País Colmeia” ela aceitou e disse que tinha um texto que encaixava bem no tema. Passado um mês ligou de volta para gravarmos e o resultado é o que se vê. Com a Celina já temos uma relação musical de 17 anos, desde o tempo dos Uxu Kalhos onde tocávamos juntos. Tinha algumas partes de um tema e começámos a trabalhar juntos. O resultado não ficou bem no ambiente do disco e então pedi à Celina para experimentar outro tema que tinha na gaveta, ela fez a sua magia e o resultado foi o “Fado em Picadinho”.
PR - Os teus espectáculos têm uma forte componente audiovisual. O que é que o público vai poder ver e ouvir?
Vasco Ribeiro Casais - Vai poder ouvir o novo disco na totalidade assim como temas do disco anterior com novos arranjos. A parte mais interessante deste projecto é que toda a electrónica é feita com base nas recolhas em video e, quando manipulo o audio estou também a manipular o video. O que vai acontecer é que ao vivo todos os intervenientes do disco (recolhas) estão presentes em video, o que faz com que o público mergulhe numa experiência audiovisual única.
PR - Numa frase como caracterizarias este “Baile Electrónico”?
Vasco Ribeiro Casais - É um baile que pode ser dançado tanto na festa da aldeia como no clube mais in da cidade.
PR - Para terminar, OMIRI será sempre sinónimo de Baile?
Vasco Ribeiro Casais - Eu faço os temas sempre a pensar no baile, respeito o balanço e a estrutura das danças. A minha ideia é respeitar o baile mas também fazer que as músicas e o espectáculo funcionem como um concerto mesmo sem o baile.
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