Durante os anos que separam a sua infância da maioridade, Ricardo Ramos e Beatriz Rodrigues sonharam e almejaram entrar para o restrito grupo de eleitos criadores ficando presos nas garras da distância e dos ventos desoladores da sua terra natal, Viseu. Depois de quatro álbuns, uma compilação e cinco singles promovidos com datas pela Europa e América do Sul, a banda começa agora a sua tour de promoção de do duplo LP “Portuguese Freakshow”, um disco que conta com um enorme leque de convidados do underground rockeiro português que ao longo dos anos tocaram com a banda e que neste disco participam e contribuem para as criações do duo. A banda apresenta hoje no Barracuda, no Porto, o álbum "The Portuguese Freakshow".
The Dirty Coal Train - Não tudo! Um núcleo duro de Garage punk com cheirinho de surf e rock: sim! Mas também algum blues, pós.punk e experimentalismo nos interlúdios aos temas (que vão desde influências de Morton Subotnick a sequências de violoncelo samplado). O facto do álbum ser duplo deu-nos mais liberdade para divagar.
PR - Neste disco arriscam por temáticas ou sonoridades menos familiares para a banda como experimentações electrónicas, sons experimentais mais soturnos, esquizofrenia pop e covers de temas clássicos. Sentiram necessidade de explorar novas sonoridades?
The Dirty Coal Train -Não diríamos “necessidade”. Sempre o fizemos um pouco sobretudo nos singles. Neste simplesmente tivemos mais espaço para o fazer sem comprometermos o som que constitui a identidade da banda pois que na maioria dos originais quer nalgumas das versões o que se ouve é o rock cru e o garage da escola crypt records que temos feito desde o início da banda.
PR - Este disco conta inúmeros convidados especiais do underground rockeiro português : Carlos Mendes (Tédio Boys, The Parkinsons, The Twist Connection), Nick Nicotine (The Act-Ups, Ballyhoos, The Jack Shits, Bro X), Victor Torpedo (The Parkinsons, Subway Riders), Ondina Pires (The Great Lesbian Show, Pop Dell'Arte) e Fast Eddie Nelson (Big River Johnson Fast Eddie & the Riverside Monkeys) entre muitos outros. Mais do que simples convidados, estes músicos são fundamentais nas vossas criações?
The Dirty Coal Train - Houve lugar para tudo. Desde as demos que tínhamos já esboçadas em que pensámos “era engraçado trabalhar este tema com estas pessoas” até às ideias que quisemos explorar de raíz com alguns dos músicos e nesse caso, sim, foram fundamentais para as criações. De resto nunca tivémos impedimentos ao processo criativo, também há lugar a temas gravados apenas pelos dois e até já chegamos a gravar temas com um de nós em cadeira de rodas!
PR - "Summer Asphalt" foi a canção escolhida para single de avanço deste disco. Este é um tema que quebra com o habitual garage punk. Querem falar-nos um pouco desta canção?
The Dirty Coal Train - Foi um tema criado com o Carlos Mendes (kaló dos Twist Connection, ex-Tedio Boys,...) sentimos logo desde o primeiro ensaio que o tema ganhava sendo mais “arrastado” e com aquela tensão que, não sendo a nossa típica descarga enérgica, associamos também ao universo rock e blues.
PR - "Portuguese Freakshow" será apresentado hoje no Barracuda (Porto). O que é que o público pode esperar deste concerto?
The Dirty Coal Train - O mesmo de sempre de nós: entrega total e algum suor. Há pessoas que nos perguntam se vamos ter concertos com os convidados todos. Não faz muito sentido tendo em conta que preferimos um concerto “curto e suado” e que a logística não nos permite isso. O rock independente que praticamos (e que a maioria destes músicos e bandas também praticam) é feito de muito amor à camisola e (infelizmente) pouco dinheiro. Não está completamente descartada a ideia de fazer concertos pontuais com mais convidados, mas a gestão de disponibilidades e de recursos tornam isso impossível de momento.
PR - Para terminar, numa frase como caracterizariam este "Portuguese Freakshow"?
The Dirty Coal Train - Um dos melhores discos de rock sem merdas portugueses de sempre feito por uma banda verdadeiramente independente no espírito DIY! (é a primeira vez que trabalhamos com um promotor, sempre gerimos nós todo o processo de gravação e composição, as relações com editores são sempre parcerias e somos auto didactas em tudo) E com isto não queremos dizer “somos os maiores” mas sim: “se somos também vocês podem ser!”.
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