07/11/2018

SELMA UAMUSSE | Discurso Direto


O primeiro disco de Selma Uamusse, produzido pelas mãos preciosas de Jori Collignon (dos Skip & Die), ouve-se como duas viagens simultâneas – uma geográfica, uma visita a Moçambique, onde a cantora se abastece de sons e partilha a sua identidade; e uma interior, num mapa espiritual que se vai descobrindo à medida que a música se infiltra em quem ouve. Em cada segundo, este aguardado disco de estreia de Selma Uamusse produz um efeito hipnótico, entalando-nos entre passado e futuro, pertencendo ao ancestral e ao desbravador, criando uma música que não tem nome possível. Ou talvez tenha. Talvez se chame simplesmente Selma Uamusse. Hoje em "Discurso Direto" é minha convidada Selma Uamusse.

Portugal Rebelde - É verdade que “Mati” foi um disco tão esperado quanto suado?

Selma Umuse - O "Mati" foi sem dúvida suado. Suado em palco, suado ao longo da procura da perfeita repetição, a repetição que levaria a encontrar um som “meu” reflexo de todos os meus mundos. Foram 4 anos que separaram uma uma maquete com a intenção de editar o disco, o processo de gravação, mistura, masterização e edição mas em que houve a oportunidade de mostrar por vários palcos aquilo que era a música que trazia em mim.

PR - Este álbum é o reflexo dos seus mundos: o gospel, a música de fusão e a alma moçambicana?

Selma Uamusse - O álbum é uma homenagem à minha moçambicanidade em que os instrumentos tradicionais, línguas e ritmos tradicionais tem um papel principal mas tento não me encerrar aqui até porque não é um álbum de música tradicional... na maneira como canto, nos arranjos, na produção trago para o álbum todas as minhas influências do gospel e do jazz da soul, tentando acima de tudo fazê-lo de modo honesto, fresco e harmonioso.

PR - Energética e contemplativa. É desta forma que se apresenta neste disco de estreia?

Selma Uamusse - Senão no disco, certamente ao vivo. É completamente intencional alguma disparidade entre os temas mais calmos e os mais animados que se complementam porque é destas vertentes que sou feita.

PR - “Funkier than a Mosquito´s Tweeter” é um tema que faz parte deste álbum, originalmente gravado por Nina Simone. Há alguma razão especial na escolha desta canção.

Selma Uamusse - Cantei durante muito tempo as canções da Nina Simone no projecto que tinha de tributo à Nina Simone de quem sou grande fã. A escolha desta canção está ligada a sua mensagem de intervenção e activismo social que é muito actual . E fiquei muito contente por juntar aqui o gospel, electrónica, soul, jazz e as timbilas de Moçambique.

PR - Para terminar, está feliz com o resultado final deste “Mati”?

Selma Uamusse - Estou mesmo muito feliz com a produção do Jori Collignon que conseguiu muito bem captar o que eu desejava transmitir com este disco. Feliz com as colaborações seja a nível de composição ou da execução técnica. Acima de tudo feliz por ter o primeiro álbum em nome próprio que é,  no que diz respeito à mensagem e a musicalidade , um retrato muito fiel de quem eu sou.




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