24/07/2019

OMIRI | Discurso Direto


                                                                                                                                                                      Foto: Rita Carmo

OMIRI é um dos projetos de reinvenção mais originais da música tradicional portuguesa. Fundado por Vasco Ribeiro Casais, OMIRI é uma mistura de folk tradicional com música eletrónica. Vasco Ribeiro Casais toca viola Braguesa, Gaita de Foles, Bouzouki Português, Cavaquinho e Nyckelharpa. O seu novo disco, "Alentejo Vol.I: Évora", é composto por 13 temas, criados por auxílio de pesquisas realizadas no concelho de Évora, e vem acompanhado por um livro de 80 páginas com textos dessas mesmas recolhas, das letras das músicas e de fotografias. Vasco Ribeiro Casais, o mentor do projeto é hoje meu convidado em "Discurso Direto".

Portugal Rebelde - Antes de mais, como é que surgiu a ideia de dedicar este novo disco ao Alentejo e em particular a Évora?

Vasco Ribeiro Casais - A ideia deste disco surgiu de um convite por parte do Luís Garcia da Câmara de Évora para apresentar no Artes à Rua um espectáculo único. Com o desenvolvimento da ideia fazia sentido fazer um disco, um livro e um documentário tudo dedicado ao concelho de Évora.

PR - No álbum “Baile Electrónico” que antecedeu este disco, as recolhas foram feitas pelo Tiago Pereira da “Música Portuguesas a Gostar Dela Própria”. Em “Alentejo Vol.1: Évora” assumiste todas as recolhas. Queres contar-nos um pouco desta nova “experiência”?

Vasco Ribeiro Casais - Ao fazer vários concertos comecei a aperceber-me que não conhecia as pessoas que estavam nos vídeos e, comecei a pensar que seria muito mais interessante e genuíno se as conhecesse pessoalmente assim como as estórias que têm para contar. O Tiago grava muito bem, tanto a parte do video como o som e é difícil estar ao nível (acho que ainda vou levar alguns anos) mas, o que ganho em estar com as pessoas é muito mais. Foi realmente uma experiência muito boa e que é para continuar.

PR - Neste trabalho, recuperas várias tradições do Alentejo, que não apenas a música. Sentes que estas “tradições” ainda resistem em Évora?

Vasco Ribeiro Casais Vão resistindo. Em Évora e em todo o lado as coisas vão mudando e é mesmo assim, cada vez é mais difícil encontrar um sapateiro sem máquinas ou um carpinteiro que pregue pregos com martelo mas, ainda há muitas tradições vivas.

PR - Podemos dizer que OMIRI de alguma forma “renova” a tradição?

Vasco Ribeiro Casais - A tradição renova-se a si própria com a mudança nas pessoas. O que faço é apenas dar a minha visão dessas tradições e de alguma forma levar essas tradições a públicos que se encontram distantes delas.

PR - O que é que Évora tem de especial para lhe teres dedicado este primeiro volume?

Vasco Ribeiro Casais - Évora tem tudo de especial. Neste caso foi a vida que me levou a este volume e o resultado foi um espectáculo de Évora para Évora e um disco/ livro de Évora para o mundo.

PR - Num próximo trabalho vais continuar a incursão pelo Alentejo?

Vasco Ribeiro Casais - Sim, se em Évora ainda fiquei com material para fazer mais um volume, imagina o que o resto do Alentejo tem ainda para nos oferecer.

PR - Para terminar, este ano vais estar presente na Festa do Avante. O que é que o público pode esperar deste concerto?

Vasco Ribeiro Casais - O concerto do Avante vai ser o primeiro desta nova fase de Omiri, com um palco novo e com os novos temas. Em Évora toquei o disco novo todo mas num contexto extraordinário, com os vídeos projectados nas fachadas dos edifícios da Praça do Sertório e com muitos convidados. No Avante vou tocar alguns temas mais antigos misturados com temas novos, alguns temas com arranjos novos e com novas abordagens aos vídeos.


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