24/09/2019

CATARINA ROCHA | Discurso Direto


Dois anos depois de ter lançado o álbum "Luz", Catarina Rocha regressa às edições discográficas com "VIDA", um álbum composto por dez temas, que incluem oito temas originais e dois dos temas que a cantora regravou e que fazem parte do repertório de Amália Rodrigues. Catarina Rocha é hoje minha convidada em "Discurso Direto".

Portugal Rebelde - De que é nos falam as canções deste novo disco?

Catarina Rocha - O disco reflecte a nossa sociedade no que diz respeito a sentimentos mas também a vivências.Cada tema aborda um assunto diferente, por exemplo “Fado Abananado” fala-nos das casas de fado e fala de uma história engraçada entre a fadista e o dono da casa de fados, “O que o tempo nos dá” – refere que a nossa vida é efémera e o tempo é limitado, e deste modo devemos dar importância ao que realmente importa e a quem importa. “Renascer” fala-nos de uma relação um pouco “desgastada” em que reflecte as fases da vida dos casais. “Beijo, procura-se” - aborda uma fantasia, um sonho de alguém que procura o seu amor ideal. “Expresso da saudade”, - é um tema baseado numa história verídica de um casal que por força das circunstâncias passa muito tempo separado. “Não sabe amar” - fala-nos de uma relação que acaba por decisão de uma das partes, por não saber exactamente o que quer, e hesitar em relação ao outro. “Agora é que vai ser” - reflecte a força que necessitamos nos dias menos bons, e que não nos devemos preocupar com o que os outros dizem, mas devemos sim ser fiéis a nós próprios e seguir o nosso coração, por ser o melhor modo de conseguirmos alcançar o que mais almejamos. “Sem razão” – um dos poemas mais belos do nosso fado que nos diz que o amor é algo que não se procura e que aparece quando menos esperamos. No entanto, nunca sabemos a sorte que nos trará. “Não peças demais à vida” refere que devemos aceitar aquilo que a vida nos deu, aquilo que nos dá…e dará “Meu amor” – a balada mais profunda do álbum que fala da saudade do nosso amor que não está ao pé de nós e que nunca mais voltará.

PR -  O álbum “Vida” é composto por dez faixas, que incluem oito temas originais e dois temas que regravou e fazem parte do repertório de Amália Rodrigues – “Sem Razão” e “Não peças demais à vida”. Há alguma razão especial para a escolha destes temas?

Catarina Rocha - Para mim é fundamental cantar poemas com o qual me identifique e que veja veracidade neles. Fiz um trabalho de pesquisa pelo repertório da nossa Diva Amália Rodrigues, pois queria temas que à partida ainda não tivessem sido gravados noutros discos, mas ao mesmo tempo que fossem mais “desconhecidos” e menos cantados no ambiente fadista. Achei que os poemas de ambos os fados me diziam muito e tocavam-me profundamente. Quis gravar e dar o devido destaque a estes dois fados.

PR -“Fado Abananado” com letra de Pedro Silva Martins foi o single escolhido para a apresentar o álbum “Vida”. Como é que surgiu a oportunidade de trabalhar com um dos maiores autores da atualidade?

Catarina Rocha - Sempre admirei a sua escrita, e quando estávamos a escolher e recolher material (poemas) para o álbum, manifestei interesse em ter um tema de Pedro da Silva Martins, até porque sempre considerei que ele tem um estilo de compor e escrever que muito se adequava ao meu estilo e à minha imagem. Falei com o Valter Rolo (Produtor do disco), que de imediato pediu a letra ao Pedro! Eu referi que queria um tema gingão com letra a condizer a preceito. O Manuel Graça Pereira (autor da música) é das pessoas mais criativas que conheço para compor este tipo de temas. Quando o Pedro da Silva Martins ouviu a música, respondeu logo a dizer que tinha adorado o tema e que já tinha uma ideia do que iria escrever. Enviou a letra logo no dia seguinte (com áudio cantada por ele e tudo!), achei de um enorme profissionalismo e quando li a letra disse logo ao Valter que era mesmo o que estava à espera para completar o disco. Durante as gravações toda a gente ficou “abananada” no bom sentido, pois o tema ficava facilmente no ouvido (acho que é isto que chamamos de um tema “orelhudo”).

PR - Neste disco podemos também encontrar quatro composições da sua autoria. Este é um “lado” que quer continuar a explorar nos seus trabalhos?

Catarina Rocha - Sem dúvida! Realmente é o disco em que mais se vê o meu nome como autora de temas e pretendo continuar a escrever e a compor melodias. Aquando da realização do disco, já tinha bastantes temas que poderiam entrar no "VIDA", e o Valter adorou alguns dos temas que lhe mostrei, e disse logo de seguida “isto tem mesmo que ser gravado”! A verdade é que a escolha é muito difícil, e ficaram muitos outros excelentes temas de fora que guardamos para um próximo álbum! Descobri que ainda tenho muito para dizer na minha escrita e muitas melodias pairam na minha cabeça. É um processo que me alivia a alma, o poder cantar o que escrevo é libertador. Inspiro-me sobretudo na vida, no que vejo, no que sinto, no que poderia ser….

PR - É verdade que o álbum “Vida” é sobretudo um disco com muita energia, mas também com a calma necessária e melancolia?

Catarina Rocha - O álbum chama-se vida, não só porque tem muita vida ( ou seja, tem dinâmica, altos e baixos, alegria e tristeza), mas também porque os poemas falam sobretudo das vivências das pessoas. O Fado é Vida, e a vida é sentir, é tempo, é ser feliz, é ser triste, é ter esperança, é amor…etc. Por isso o álbum é muito dinâmico tem a alegria de um” Fado abananado” ou de um “Beijo, procura-se!”, mas também tem a tristeza de um “Meu amor, ou "Não sabe amar”

PR -  Numa frase como caracterizaria o álbum “VIDA”?

Catarina Rocha - É um álbum com a intensidade necessária para quem souber ouvir e sentir o pulsar da VIDA.




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