08/04/2020

FROM ATOMIC | Discurso Direto

                                                                                                                                                                       Foto: João Azevedo

From Atomic são uma banda que nasce em Coimbra, em 2018, pela ideia de Alberto Ferraz desafiar Sofia Leonor a fazerem algo em conjunto, aos quais se juntou mais tarde Márcio Paranhos, formando-se assim o núcleo "atómico". O seu som reflecte influências de Yeah Yeah Yeahs, The Jesus & Mary Chain, Cocteau Twins, The Cure, DIIV, Siouxsie & The Banshees, Joy Division, The Raveonettes ou Sonic Youth, buscando muito do "post punk" britânico da década de 80, mas também algo do "indie noise" da década seguinte. No entanto, ao escutarmos os From Atomic encontramos um som com marca própria, crua mas firmemente apoiada em melodias pop. Recentemente editaram "Deliverance", o seu disco de estreia, que dão hoje a conhecer em "Discurso Direto".

Portugal Rebelde - No press release deste disco escrevem que “Deliverance apresenta-se como uma descida às profundezas inerentes ao processo de concepção de identidade.” Querem explicitar um pouco mais este conceito?

From Atomic - As nossas músicas têm letras mais negras ou de luta interna reflectindo o processo pelo qual o indivíduo passa até se auto-descobrir e realizar quem realmente é. É um processo pelo qual todos passamos alguma vez na vida e que pode consistir por uma descida ao que de mais escuro há em nós para que possamos chegar ao nosso verdadeiro eu.

PR - A década de 80 e 90 são a grande “inspiração” musical para a banda?

From Atomic - Certamente… sendo que não o é propositadamente…a Sofia e o Alberto, que fazem a parte melodiosa da banda, têm muita coisa em comum, nomeadamente a mesma idade, e tendo nascido ambos no início da década de 80, cresceram a cruzar-se inevitavelmente com toda a música que foi produzida nessa altura, e a juventude deu-lhes os anos 90…portanto é uma inspiração natural, e mesmo a música que ouvem atualmente tem a sua génese nessas épocas, bem como o Márcio que sendo mais novo, tem um gosto particular por música dessa altura, portanto acaba por ser um composto de gostos e sonoridade comuns.

PR - Estão contentes com o resultado final deste disco?

From Atomic - Sim, estamos muito contentes, pese embora falhe sempre algo, um som que gostávamos que fosse diferente, algo mais que podia ser acrescentado, e mesmo sendo 3 pessoas com gostos comuns, nem sempre estamos de acordo com a sonoridade que se pretende, mas é o comum da maioria dos discos, é um processo muitas vezes doloroso, e no nosso caso que levou algum tempo, e sendo o primeiro, ainda mais.

PR - Qual é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste “Deliverance”?

From Atomic - Diríamos que o tema que melhor define este “Deliverance” será o tema “Double Stake”, não porque seja um tema single, que até o podia muito bem ser, mas por definir o que também é From Atomic, uma música que nos arranca da leveza do silêncio e nos atira de frente para uma explosão sonora em constante estado de ansiedade.

PR - O covid-19 mudou a nossa forma de viver. Como é que uma banda que acaba de lançar um disco, enfrenta toda esta (nova) realidade?

From Atomic - Difícil, não enfrenta… é uma partida que nos fizeram a todos, andámos imenso tempo para preparar um disco. Nem sabemos o que dizer… as nossas expectativas eram muitas, e logo no primeiro disco, vai certamente ficar marcado…só achamos que só pode melhorar…e uma banda sem concertos é coisa dos anos 80, por isso fica-nos bem, não??? agora a sério, hoje é mais fácil, com as plataformas digitais o público ter contacto imediato com o nosso trabalho, mas precisamos muito de palco, hoje em dia uma banda sem concertos , simplesmente não vive.

PR - Numa frase como caracterizariam este disco de estreia?

From Atomic - Deliverance é cada silêncio, cada nota, cada letra, cada música, culminadas em 11 singles, trabalhados até estarem perfeitos, pelo menos para nós.


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