15/06/2020

PEDRO JÓIA | Discurso Direto

                                                                                                                                                Fotos: Tiago Fezas Vital

Pedro Jóia editou recentemente "Zeca", um disco de homenagem muito afetiva de um guitarrista à dimensão que a obra musical de José Afonso tem na cultura popular nacional passados mais de trinta anos sobre o seu desaparecimento. A força das canções de José Afonso não se esgota nas suas palavras. A sua música é a um tempo simples, direta e de uma intensidade pungente. São aqui apresentadas versões para guitarra - o instrumento que Zeca usava para compor a sua música e para se acompanhar. Com arranjos de extremo bom gosto e uma qualidade inigualável a que o músico  já nos habituou, este é um disco que merece ser ouvido com muita atenção. Pedro Jóia é hoje meu convidado em "Discurso Direto".

Portugal Rebelde - Depois de dedicar discos às obras de Carlos Paredes e Armandinho, este tributo ao Zeca era um dos seus objetivos?

Pedro Jóia - Definitivamente. Era apenas uma questão de tempo. A música do José Afonso está presente em mim desde criança.

PR - A seleção dos temas escolhidos para este disco recaiu sobre alguns dos mais conhecidos do público. Há alguma razão especial para a escolha recair sobre a produção musical e poética de José Afonso anterior ao 25 de Abril?

Pedro Jóia - Um dos critérios para a escolha dos temas foi justamente a popularidade dos mesmos uma vez que, neste caso, iria trabalhar apenas sobre uma das vertentes das canções que é a música. A música do Zeca consegue nestes casos sobreviver sem a palavra.


PR - Para esta viagem musical convidou o percussionista José Salgueiro. Quer falar-nos um pouco desta participação?

Pedro Jóia - José Salgueiro é um grande músico e um amigo de muitos anos. Temos uma afinidade musical construída ao longo de muito tempo e de muito palco. Para além disto, o José Salgueiro pertence a uma geração na qual a música do Zeca era muito presente e foi estruturante para o desenvolvimento de muitos músicos portugueses.

PR - Há algum tema deste álbum que o “toque” em particular?

Pedro Jóia - “A Morte saiu à rua”, com a força e o drama da sua música e letra sempre me impressionaram.



PR - O resultado deste trabalho reflete o que sempre imaginou para este disco?

Pedro Jóia - Quando parto para um novo disco a minha expectativa é sempre bastante vaga. Há medida que vou concretizando o trabalho, novas dimensões se vão abrindo e só então começo a construir uma imagem emocional que geralmente se cristaliza no tempo e me acompanha ao longo da vida, independentemente da receptividade que o disco vá ter ao longo do tempo. No caso deste trabalho em particular, eu tento sempre imaginar o Zeca a ouvi-lo e a rever-se nas suas próprias canções.

PR - Para terminar, já tem algum nome pensado para homenagear num próximo disco?

Pedro Jóia - Não sei quando, mas Carlos Seixas tem um lugar guardado nas minhas intenções futuras. É um compositor que visito com alguma regularidade e que com certeza será visitado pela minha guitarra.


Sem comentários:

/>