Foto:Céu Guarda
Os Pop Dell’Arte estão de regresso aos discos uma década depois da edição do último trabalho. "Transgressio Global" é o título do disco que assinala o regresso da banda de João Peste e companhia: Paulo Monteiro, Zé Pedro Moura e Ricardo Martins. Composto por 22 novas canções, o disco foi gravado entre 2017 e 2019, vai ser apresentado no dia 8 de Outubro no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Os Pop Dell´Arte são hoje meus convidados em "Discutso Direto"
Portugal Rebelde - Transgressão é a palavra chave deste novo trabalho?
Pop Dell´Arte - Sim, pode-se considerar que transgressão é a palavra-chave deste novo disco dos Pop Dell’Arte. Transgressão aqui entendida enquanto superação dos limites, sejam estes estéticos, políticos ou morais. Por outro lado, uma ideia de transgressão do próprio tempo também está presente ao longo do disco como se diferentes tempos, históricos e míticos, se contraíssem num só: um eterno presente sem passado e sem futuro. Assim, tanto podemos usar um poema de Catulo, do século I aC, um poema de Camões, do século XVI, ou fazer uma versão de uma música de Vitor Jara, do século XX, como ter referências às sociedades panópticas de controlo (ou disciplinares) contemporâneas ou à actual União Europeia.
PR - Que “viagem” é esta que percorremos ao longo dos 22 temas temas deste disco?
Pop Dell´Arte - De certa forma, é uma viagem no tempo mas sem sair do presente.
PR - “Transgressio” é o disco mais politizado da banda?
Pop Dell´Arte - A política está presente em muita coisa, mesmo que, por vezes, de uma forma não explícita. Se falar de determinados assuntos pode indiciar um determinado posicionamento politico, Ignorar ou omitir esses mesmos assuntos não deixa de ser também uma opção política. Posto isto, não sei se este é o disco mais politizado dos Pop Dell’Arte mas se o for, vivo bem com isso.
PR - Qual é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste disco?
Pop Dell´Arte - É difícil escolher um tema que caracterize o disco como um todo, mas arriscaria o tema de abertura “Regressaremos em Creta”.
PR - Com os concertos a regressarem (ainda) timidamente, como é que a banda se está a preparar para aproximar as canções deste disco do público?
Pop Dell´Arte - Alguns dos temas do disco – cerca de metade - têm sido tocados ao vivo. Os outros sê-lo-ão a seu tempo. Está marcado um concerto para o Grande Auditório do CCB, no dia 8 de Outubro de 2020, e esperamos então tocar o disco integralmente.
PR - A indústria da música está a atravessar um tempo de muitas incertezas. Qual é a saída?
Pop Dell´Arte - É um assunto que não me interessa particularmente. Preocupa-me mais a falta de criatividade e a ausência de coisas novas, que parecem caracterizar o período em que vivemos. Seja como for, a criatividade e a imaginação são sempre uma saída, ou melhor, uma entrada…
Sem comentários:
Enviar um comentário