22/10/2021

ANTÓNIO GARCEZ | Discurso Direto


Pioneiro, precursor, desbravador de novos caminhos para a música portuguesa – nos seminais Pentágono, Psico, Arte & Ofício, Roxigénio ou Stick, António Garcez está agora de volta com mais um surpreendente álbum, «Vinde Ver Isto». O disco chegou hoje às lojas com o selo da Arde Records. António Garcez, é hoje meu convidado em "Discurso Direto"...Vinde Ver isto!
 
Portugal Rebelde - “Vinde Ver isto” é um disco que pisca o olho ao passado e nos transporta para o presente? 

António Garcez - A nostalgia é inevitável devido ao fato de ter um certo passado nas costas de cujo o mesmo não posso nem quero libertar-me, e obviamente que uso a dita experiência como forma de chegar ao presente, mas só o publico at large pode abrir essa porta. 

PR - Este disco conta com a produção de Ricardo Gordo, um dos mestres da guitarra portuguesa. Na canção que fecha o disco, «Musa do Meu Rimar (Acústico)» é acompanhado por uma guitarra portuguesa. Quer falar-nos desta inédita experiência? 

António Garcez - A guitarra Portuguesa foi o elo de ligação entre mim e o Ricardo. Creio que ha tres ou quatro anos o Ricardo através do Facebook enviou-me uma música de cariz natalício e francamente impressionou-me logo a seguir enviou-me uma cena muito experimentalista duma música dos ACDC em que usava a guitarra Portuguesa de uma maneira totalmente revolucionária em termos de tradição e que definitivamente me atirou ao chão. Entrei em contacto com ele falamos de muitas coisas mas o meu foco residia numa música que eu tinha escrito uns anos antes (musa do meu rimar) e gravado com uma banda Americana com uma base bastante orquestral de tendência clássica. Não demorou muito até que nos encontramos num estúdio em Matosinhos e começámos a trabalhar o tema tal como está no disco! Mais tarde achamos que seria interessante dar uma onda mais rock ao tema e fizemos uma segunda versão em estúdio em Espanha e mudamos-lhe a roupagem criando coros e uma voz mais expressiva e hoje essa versão é o tema número um do disco. 

PR - “Contradiction”, dos Arte & Ofício é um dos temas do disco que foi “resgatado” ao passado. Há alguma razão especial para voltar a esta canção? 

António Garcez - O contradiction foi um tema que eu escrevi em parceria do Sérgio Castro no auge da carreira do Arte & Ofício. Na altura era um dos meus temas favoritos da banda. Tinha uma onda enorme ao vivo, mas havia sempre uma corrente menos rock por trás já que o António Pinho Vargas e o Fernando Nascimento eram mais jazzísticos. Então de repente pensei que seria uma boa oportunidade expressar a frustração da letra num contexto mais power onde a energia diz mais que a letra. Tornamos o tema mais forte e até mais melodioso. 

PR - O single de apresentação do álbum é «I’m Back». Este é o tema que melhor caracteriza o espírito deste “Vinde Ver Isto”? 

António Garcez - O tema I'm back foi premeditadamente concebido. Enquanto falávamos no facto de eu estar de volta, surgiu o conceito e o Ricardo começou a trabalhar o tema e eu a letra. O tema é um ternário sempre efetivo quando bem esgalhado, mas a história descrita na letra de certa forma define o propósito do vinde ver isto retratando a vontade de regressar a casa cujo o sentimento atinge do mais comum ao mais sofisticado emigrante. 

PR - «Rebelde», «controverso», «original», «ousado», «chocante», «desbocado», «obsceno», «arrasador», «potente», «importante», «surpreendente». Ainda hoje se revê em alguns destes adjetivos com que os meios de comunicação sempre o “mimaram” ao longo destes 50 anos? 

António Garcez - Os meios de comunicação sempre me trataram bem mesmo quando me estavam a tratar mal!! Para dar um exemplo há meia dúzia de anos a SPA organizou uma festa de homenagem às 40 melhores bandas em Portugal (salvo seja). Entre elas estava o Arte & Ofício. A maioria das bandas tocou dois temas e o Arte & Ofício fez o mesmo. Claro que senti perfeitamente que demos em 10 minutos um concerto que deixou o pessoal em alvoroço no bom sentido, e pensei que estava tudo dito. Voltei para os States e uns dias depois recebi uma chamada da SPA para me dizer que gostariam de me enviar a revista da SPA porque havia algumas coisas interessantes sobre mim. Quando recebi a revista lá estava eu na capa toda da revista com uma foto incrível e na contracapa estavam os Xutos e sobre a foto deles uma legenda dizendo " António Garcez o grande momento da noite, um animal em palco" Quando estou em palco nada mais existe e essa entrega impressiona as pessoas e os meios de comunicação. It 's all real there' s no fake stuff!!! Alma alma alma!!

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