Hoje em "Discurso Direto" passeamos "Na Rua Amarela" com Luís Pucarinho. A planície alentejana é a fonte criativa das histórias que encontramos no disco de estreia de Pucarinho.
Portugal Rebelde - Antes de mais, como é que
nasceu o projecto "Pucarinho"?
Luís Pucarinho - O Pucarinho
nasceu numa maternidade (risos). O Projecto Pucarinho nasceu em 2008 num
quarto de vidro, onde decidi fechar-me do mundo e ir de encontro àquilo que
queria há muito, escrever e tocar
somente aquilo que me desse prazer e que sentisse realmente como um brotar de
mim mesmo musicalmente, sem intenções de mostrar fosse o que fosse , a quem
fosse. Depois, alguém muito próximo ouviu-me enquanto passava junto ao meu
quarto de vidro, com vista para a cidade de pedra (Évora). Esse alguém disse-me
que o que ouvira tinha que ser mostrado ao mundo e eu acreditei, convidei uns
amigos músicos (de outros projectos passados) e começámos a desenvolver
os temas que propus. Os amigos músicos que convidei e que (ainda
alguns) formam hoje comigo este projecto. Os músicos que estão comigo têm a
responsabilidade criativa no que fazem, daí se chamar projecto Pucarinho, porque
assim sendo, sinto como um projecto de
grupo e não um projecto a solo. No entanto os meus amigos é que escolhera o
nome “Pucarinho”, que é o meu apelido (último nome) e como consequência disso
mesmo , creio que o público associa o projecto mais como a solo do que de
grupo, isso criou uma versatilidade no
projecto que nos permite actuações com formações variadas, tanto posso actuar
sozinho, como podemos ser 2, 3, 4 ou 5 (formação completa), sempre defendendo o
mesmo projecto,...O projecto “Pucarinho” .
PR - As 14 canções que encontramos
neste disco são “polaroids” de uma “Rua Amarela” no Alentejo?
LP - Sim, concordo. As canções que encontramos neste disco
sucedem o E. P (edição autor, caseira)
“O quarto de vidro na cidade de pedra”. Tudo nasceu no quarto, agora saímos à
rua (“Na rua amarela”) e é amarela precisamente por referir o Alentejo como a
fonte criativa sobretudo nas letras. As canções deste disco são histórias
vividas e bebidas de encontros e momentos que se deram por estas planícies.
PR - Quais são as referências
musicais que podemos encontrar neste disco ?
LP - Tentei
neste disco explorar musicalmente estilos como o Jazz, os blues e o
experimental. A escolha dos músicos que hoje estão comigo tem a ver com isso. O
Daniel Meliço ( baterista) e o Afonso Castanheira(contrabaixista) frequentam o
curso de jazz na Universidade de Évora, O Zé Peps (guitarra Folk) é um músico
que domina as escalas e linguagens do blues, eu (Guitarra Clássica e Voz) e o
André (Viola d´arco) temos formação clássica. Isto
deve-se ao facto de a minha formação passar essencialmente por o clássico e
mais tarde (entre 1998/2007) explorei mais o tradicional e daí, querer
explorar outros universos musicais. Quando
dizem que somos parecidos a isto e aquilo, já ouvi de tudo (Deolinda, Jorge
Palma, JP Simões, Sérgio Godinho, Fausto), considero que se deve ao facto de
cantar e escrever em português e inevitavelmente isso é comum... mas no fundo
(Ninguém diz que Deolinda é isto ou é aquilo, dizem que é Deolinda) eu digo que
isto é “Pucarinho”.
PR - Numa frase apenas - ou duas - como
caracterizaria este "Na Rua Amarela"?
LP - Profundo, verdadeiro, muito próprio e
talvez tenha alguma coisa de “Novo”.
PR - Já teve a oportunidade de apresentar canções deste disco ao vivo.
Qual tem sido o “feedback” do público ?
LP - O público, principalmente quem nunca antes nos tinha ouvido e visto... fica
até ao fim, (alguns) compram discos e vêm-nos cumprimentar e felicitar pelo
trabalho. Há certamente quem não goste, como em tudo na vida.
PR - Que sensações espera que as pessoas retirem da audição de "Na
Rua Amarela"?
LP - Pelo
que me têm dito (os que já ouviram e tive oportunidade de saber a sua opinião)
é: que se trata de um disco muito agradável, pela surpresa, pela sonoridade
acústica e particular que tem, pelas letras, que dizem interessantes e bem
escritas. E pela voz profunda e de identidade própria. Os que ainda não ouviram , se o fizerem,
espero que digam o mesmo. Não é agradável saber que alguém compra ou dedica o
seu tempo ao nosso trabalho e depois não fica satisfeito.
PR - Para terminar, por onde passa o futuro próximo?
LP - Estamos
de momento a fazer uma “tour” para promover o disco e dar mais visibilidade ao
projecto pelas Fnac´s, que se estenderá no mínimo até finais de Julho, com o
próximo show case dia 19 Junho na Fnac do Colombo (lisboa), seguindo-se a
apresentação do disco, ao vivo e em directo
no programa “Viva a Música” de
António Carvalheda na (Rádio) Antena 1, dia 23 de Junho das 15.00h às 16.00h. Posso ainda avançar que
estaremos na Fnac do Chiado dia 2 de Julho para mais um show case, pelas 17.00h,
na continuação da tour e apresentação do disco “Na rua amarela”.
1 comentário:
Gostei da entrevista.
O Projecto é de grupo a alma é do Luís que com perseverança, talento e muito sacrifício lutou por ele.
Merece o nosso respeito e que o público o mereça.
Isabel Pimentel
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