23/10/2011

MELECH MECHAYA | Discurso Direto


Hoje em "Discurso Direto" destaque para os Melech Mechaya. Nas lojas já esá disponível "Aqui Em Baixo É Tudo Simples" o 2º disco da banda, "uma ode aos pequenos prazeres da vida". Com a alegria contagiante que caracteriza os Melech Mechaya, "aqui em baixo" fica o registo de uma conversa com o Portugal Rebelde.

Portugal Rebelde - Depois de, em 2009, se estrearem com "Budja Ba", aquele que foi considerado o primeiro álbum português de música klezmer, a edição de “Aqui Em Baixo É Tudo É Simples” é mais um “passo” na consolidação do projeto Melech Mechaya?

Miguel Veríssimo - Sem dúvida que é mais um passo. Agora em que direcção é que não sei...

João Sovina -  "Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade!"


João Graça - Um passo importante, um momento de afirmação da identidade do nosso projecto. 

Francisco Caiado - Acho que é mais um passo na diversificação do que na consolidação de Melech Mechaya.
 

PR - ”Este 2º registo inclui 6 temas tradicionais judaicos e 7 temas originais. É esta a “simbiose” que procuram ?
 
MV - Não definimos previamente nenhuma proporção, tínhamos apenas o objectivo de compor mais músicas originais do que havíamos feito no "Budja Ba".

JS - É um bom equilíbrio, tentamos não perder a sonoridade klezmer e ao mesmo tempo fazer o nosso próprio caminho.

JG - Não procuramos livrar-nos completamente do klezmer, ele está lá (no Aqui em Baixo Tudo É Simples) e persegue-nos várias vezes. Ou então somos nós que o perseguimos. É mais isso.

FC - Parece-me que a simbiose que procuramos é integrar as influências individuais de cada um dos elementos de melech na sonoridade Klezmer que originalmente nos uniu.
 
PR - Muito recentemente apresentaram na Casa da Música, no Porto este disco. Como é que o público recebeu as novas canções dos Melech Mechaya?
 
MV - Pelas reacções que chegaram até nós, achamos que receberam muito bem. Foi uma noite memorável!

JS - Apresentar o "Bébé" à família foi um prazer acompanhado de um nervoso miudinho, mas tudo acabou em bem, não houve choradeira nem surpresas desagradáveis nas fraldas, - o puto tem um granda par de *******!!!

JG - Foi um concerto intimista, muito próximo (literalmente) do público. O final foi apoteótico com o revivalismo supresa, e durante o concerto pareceu-me um público bastante atento e caloroso.

FC - Foi um concerto mágico e foi bem recebido no entanto parece-me que muitas pessoas foram apanhadas de surpresa.
 
PR - Numa frase apenas - ou duas - como caracterizarias este “Aqui Em Baixo Tudo é Simples”?
 
MV - Muy fraco.

JS - "Extremamente complicado de um ponto de vista superior!" - Ou então uma ODE aos pequenos prazeres da vida...

JG - Aqui em Baixo Tudo É Simples, embora não pareça.

FC - Complexo na sua simplicidade complexa...
 
PR - "Aqui Em Baixo Tudo é Simples" conta com participações especiais da fadista Mísia e do trompetista norte-americano Frank London, dos Klezmatics. Como é que surgiu esta oportunidade?
 
MV - Convidámo-los e eles aceitaram. Foi surpreendente e espectacular! É muito interessante ver as músicas tocadas por outras pessoas, e o resultado (a Mísia na "Gare No Oriente" e o Frank London na "Caleidoscópio") foi mágico.

JS - Durante o processo de composição do álbum as músicas tornaram-se caprichosas, começaram com exigências e tivemos de fazer uma reunião extraordinária da assembleia Mechaya, reunimos na sala pentagonal e após longas horas de negociação entre as partes, tivemos de ceder às suas vontades e  saíram os confetis pelas chaminés anunciando as ecolhas... Voz e Trompete, Mísia e Frank London!

JG - Houve um interesse nosso, em primeiro lugar. Depois apareceu o atrevimento de os convidarmos. Segui-se a surpresa da aceitação. E finalmente o deslumbramento com a interpretação.

FC - Como banda temos a convicção e a curiosidade de trazer para o mundo de Melech músicos provenientes de outros universos musicais. Neste caso a curiosidade foi materializada nos convites feitos directamente ao Frank London e a Mísia, que prontamente aceitaram. O resultado não podia ser melhor!
 
PR - “Los Bentos” foi o single escolhido para apresentar este novo trabalho. É este o tema que melhor define o espírito do álbum?
 
MV - É um tema, sem dúvida.

JS - Los Bentos começa em Mechaya, passa pela aventura de uma banda de Mariachis fugitivos transformando-se  num "vendedor de ideias" do inicio do séc XX....; É sobretudo plural numa perspectiva espaço-temporal, que... ou seja, o reflexo de um pudim!... É!

JG - É um tema com uma alegria contagiante, que se rejuvenesce cada vez que é tocado ao vivo. O disco é heterogéneo, não sei se há um fio condutor óbvio que ligue todas as músicas, em termos de composição. Por isso é um tema como poderia perfeitamente ter sido outro qualquer. Aliás sempre que pergunto às pessoas qual a música preferida do novo álbum, obtenho as respostas mais diversas. E isso é um óptimo sinal.

FC - Parece-me que na verdade não é o tema que melhor define o espirito do álbum, no entanto desempenha muito bem esse papel!
 

PR - Para terminar, a força das canções dos Melech Mechaya passam muito pela energia que o grupo coloca em palco?
 
MV - Creio que isso acontecia sobretudo com as músicas do "Budja Ba". As músicas deste disco ("Aqui Em Baixo Tudo É Simples") não passaram pelo filtro dos concertos, e acho que resultam tão bem em disco como ao vivo. Mas, claro, somos um grupo cujo habitat natural é o palco, pelo que ao vivo tudo é melhor!

JS - Só se poderá responder a esta questão indo a um concerto e comprando um cd, o melhor de dois mundos muito distintos e nos quais nos sentimos muitos bem. "Não confirmo nem desminto!" - "prognósticos, só depois do jogo!"

JG - Não apenas. Passam também pela fonte originária de onde provêm - o klezmer - que é um estilo extremamente festivo. O nosso espectáculo ao vivo sofreu uma remodelação importante também, em comparação a 2010. Temos uma cenografia montada, um desenho de luzes, técnicos fantásticos e coreografias extremamente... vulgares. A energia, essa, continua lá!

FC - A força das canções de melech passa por vários planos desde da fonte originária - o klezmer-, passando pelos arranjos que fazemos e acabando na entrega que temos em palco e na respectiva resposta do publico.

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