28/01/2012

HOUDINI BLUES | Discurso Direto


Hoje rumamos ao Sul na companhia de Hugo Frota, para ficarmos a conhecer o 4º registo dos Houdini Blues - "Suão" (Edição de Autor, 2011). O sucessor de "F de Falso" é "um disco concebido como consequência de uma vida rodeada de calor, aridez, cânticos graves e velhos vestidos de luto."

Portugal Rebelde - Quando partiram para a gravação deste 4º registo, o “Sul” era a direcção que pairava nas vossas cabeças?

Hugo Frota - Era precisamente a única coisa que pairava nas nossas cabeças pois pela primeira vez não tínhamos nenhum tema esboçado. Não tínhamos nada na gaveta.

PR - “Suão” é um disco a que agrada a coincidência fonética de “solidão” e “sulidão”. “Festa” “desalento” e “esperança” cabem também neste disco?

HF - Sim, porque o grande Sul congrega tudo isso, festa e melancolia mas também a esperança como única saída possível para o desalento. Por exemplo há festa no som de "In Pace Finis", mas na letra coabitam essa dualidade de desalento e esperança.

PR - Numa frase apenas como caracterizarias este “ Suão”?

HF - Um disco concebido como consequência de uma vida rodeada de calor, aridez, cânticos graves e velhos vestidos de luto

PR - Este disco inclui dois temas com poemas do poeta transmontano Guerra Junqueiro - “In Pace Finis” e “Divino Hugo”. A que se ficou a dever esta escolha?

HF - Enquanto elaborávamos o disco surge-nos o convite da Universidade Católica do Porto para musicar um poema para a colectânea “A música de Junqueiro” que foi editada com o jornal Público. Nós trabalhámos dois poemas e eles escolheram um, mas gostámos tanto dos dois e achámos que as letras cabiam perfeitamente no chapéu temático que acabaram por entrar em “Suão”. E além disso gostamos sempre de fazer esse tipo de opções que baralhem um pouco quem está de fora.

PR - “Pirâmide” foi o single escolhido para presentação deste novo trabalho. Queres falar-nos um pouco da “história” deste tema?

HF - Esse tema foi construído a partir de um sample de um tema de uma velha cassete que tínhamos no sótão onde ensaiávamos. O Ricardo Gonçalves (baixista) tinha ido ao Cairo e tinha comprado por piada aquele objecto meio kitsch. Fizemos a música a partir dali. Ao construir a letra tentei descrever o que seria aquele povo um dia acordar da letargia. E não é que passado pouco tempo aconteceu mesmo!

PR - Para terminar, por onde passa o futuro próximo dos Houdini Blues?

HF - Passa por levar este disco para a estrada e começarmos já a pensar no próximo, estamos cheios de vontade de fazer coisas novas.

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