21/02/2012

JACINTA | Discurso Direto


"Há muito poucos cantores no mundo do jazz com o talento e a linguagem jazzística da Jacinta." (Gudrun Endress, Editora da Revista Jazz Podium)  

Hoje temos o privilégio de receber no Portugal Rebelde, Jacinta, que em "Discurso Direto" nos fala do seu mais recente disco - "Recycle Swing – Jazz Standards", «m disco transversal no tempo e no espaço, pode ser ouvido por todos e em qualquer situação.»

Portugal Rebelde - Neste seu novo trabalho, recria grandes clássicos do jazz dos anos 30 e 40. A que se ficou a dever a escolha deste repertório?

Jacinta - O “Recycle Swing” é o disco de jazz que há uns anos eu pensei que nunca iria fazer… o meu percurso estava a ser feito numa onda mais experimental/erudita dado que vinha com a forte influencia da composição clássica. Este disco é o oposto. Com o passar dos anos fui descobrindo a minha voz e o poder de interpretar Canções. Assim, aos 40 anos senti que a maturidade permitia reciclar grandes temas do Jazz, temas inicialmente simples e que no passado pouco me atraíram. O facto é que também conheço melhor o meu corpo, melhor a minha voz e isso deu-me a segurança necessária para me libertar e fazer este disco. Para mim cantar é um acto quase solene que implica mente e corpo e quando isso está consciente em mim a música é outra… Por isso mesmo parti para este disco sem um fio condutor ou premissa. Inicialmente eram temas soltos que já costumava tocar sobretudo em eventos “corporate” e na Alemanha onde há forte influência do jazz Americano. Após a escolha dos temas reparamos que 10 deles eram dos anos 30 e 40, conferindo depois uma identidade mais específica ao disco.

PR - “Recycle Swing – Jazz Standards” foi gravado no mítico Bauer Studios, na Alemanha, onde grandes nomes do jazz, como Keith Jarrett e Bobby McFerrin, gravaram no passado. De alguma forma sentiu-se mais “inspirada para gravar estas canções?

Jacinta - Senti sobretudo uma grande responsabilidade porque estávamos com o tempo contado e ainda não tinha grande entrosamento com os músicos. Contudo deu para perceber que ali está um Estúdio de peso e que é tudo meticulosamente calculado. Grandes profissionais que fazem aqueles trabalho há anos, que são especialistas em Jazz e em música Clássica, o que facilitou imenso a minha performance e me libertou de outros pormenores, focando-me só na música.

PR - Numa frase apenas como caracterizaria este “Recycle Swing – Jazz Standards”?

Jacinta - Um disco transversal no tempo e no espaço, pode ser ouvido por todos e em qualquer situação.

PR - Já teve a oportunidade de apresentar as canções deste novo trabalho. Qual tem sido o “feedback” do público?

Jacinta - Já fiz vários espectáculos com este reportório mas destaco o Lançamento do Disco na Alemanha com um Concerto no Theaterhaus de Estugarda a 3 de Dezembro de 2011. O público manifestou-se com muito calor desde a primeira música e no final as crítica não podiam ser melhores, aliás foi nesse concerto que a editora da JazzPodium decidiu que eu é que iria ser a capa.

PR - Recentemente foi capa do mês de Fevereiro da Revista alemã "Jazz Podium". Que significado tem para si este “prémio”?

Jacinta -  É um motivo de muito orgulho. Quem conhece o mercado Alemão sabe que é muito difícil de entrar e que os Alemães não dão nada a ninguém… Por isso mesmo esta capa só revela o meu mérito e todas as palavras escritas naquele artigo são de inteira responsabilidade da editora da revista que quando me viu a cantar ao vivo decidiu que eu iria ser a capa.

PR - Para terminar, por onde passa o seu futuro próximo?

Jacinta - O meu futuro passa sempre por Portugal mas neste momento também com grande investimento no mercado Alemão onde mantenho a minha residência parcial e onde O Jazz de cariz “Americano” tem uma audiência enorme sobretudo na zona Sul onde ainda existe a maior base militar Americana, na Europa. O mercado Brasileiro é também um foco pois acabo de ser convidada a dar aulas na UFMG (universidade Federal de Minas Gerais)… contudo…o futuro de um músico a Deus pertence!

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