15/04/2012

ASSOBIO | Discurso Direto


Depois de um homónimo disco de estreia (Teatro Municipal da Guarda, 2009), César Prata e Vanda Rodrigues estão de volta com uma nova  aventura pelo Fado. "Fado 2.0", é o mais recente trabalho do projeto Assobio, que segundo César Prata, é um disco de "Fados de todos os tempos à luz do nosso tempo."

Portugal Rebelde - Em ”Fado 2.0”, alguns dos fados que fazem parte do nosso património cultural imaterial, voltam a ter nova vida. Como é que tudo começou?

César Prata - Tudo começou com o facto de em entrevistas que fazemos no âmbito de recolhas da tradição nos termos apercebido que os fados estão muito presentes na memória das pessoas. Esses fados chegaram ao Interior nos anos 50, 60 através de uma caixa mágica chamada rádio. Existia uma em cada aldeia, normalmente no café ou na casa mais abastada. As pessoas reuniam-se aí para ouvir as cerimónias religiosas de Fátima, os golos do Eusébio ou os fados da Amália. Trata-se, portanto, de um processo de transmissão oral.

PR - No interior da capa deste disco podemos ler: ”Fado 2.0” é, também, um upgrade ao software de qualquer português.” Este património, que agora partilhamos com o mundo, pode e deve ter várias “leituras”?

CP - É função dos artistas darem a sua visão das realidades. “Fado 2.0” é a nossa visão do fado.

PR - Numa frase apenas como caracterizaria “Fado 2.0”?

CP - Fados de todos os tempos à luz do nosso tempo.

PR - Este disco já foi apresentado ao vivo. Como é o público reagiu às canções deste trabalho?

CP - Reagiu muito bem. Muitas pessoas que dizem não gostar de fado afirmam que gostam de ouvir as nossas versões. Os outros, os que gostam, consideram curioso poder fazer-se fado sem guitarra.

PR - Das canções que fazem parte deste “Fado 2.0”, há alguma que o toque em particular? Porquê?

CP - Gosto de “Fria claridade”. É muito cinematográfico e conseguimos uma interpretação bastante intensa.

PR - A procura de novas sonoridades tendo como fundo a tradição musical portuguesa, estão bem vincadas neste trabalho. É este o caminho que o projeto Assobio quer continuar a trilhar?

CP - Sim, esse foi e continuará a ser o caminho de Assobio.

PR - Para terminar, a capa deste disco, remete-nos para um tempo em que a rádio tinha um papel fundamental na divulgação da nossa música. Sente que, longe vão esses tempos?

CP - Claro que sim. A rádio foi ultrapassada -  ou deixou-se ultrapassar - por outros media. Por outro lado, a indústria tomou conta dos órgãos de comunicação e são poucos os críticos livres e curiosos.

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