Depois de um homónimo disco de estreia (Teatro Municipal da Guarda, 2009), César Prata e Vanda Rodrigues estão de volta com uma nova aventura pelo Fado. "Fado 2.0", é o mais recente trabalho do projeto Assobio, que segundo César Prata, é um disco de "Fados de todos os tempos à
luz do nosso tempo."
Portugal Rebelde - Em ”Fado 2.0”, alguns dos
fados que fazem parte do nosso património cultural imaterial, voltam a ter nova
vida. Como é que tudo começou?
César Prata - Tudo começou com o facto de
em entrevistas que fazemos no âmbito de recolhas da tradição nos termos
apercebido que os fados estão muito presentes na memória das pessoas. Esses
fados chegaram ao Interior nos anos 50, 60 através de uma caixa mágica chamada
rádio. Existia uma em cada aldeia, normalmente no café ou na casa mais
abastada. As pessoas reuniam-se aí para ouvir as cerimónias religiosas de
Fátima, os golos do Eusébio ou os fados da Amália. Trata-se, portanto, de um
processo de transmissão oral.
PR - No interior da capa deste
disco podemos ler: ”Fado 2.0” é, também, um upgrade ao software de qualquer
português.” Este património, que agora partilhamos com o mundo, pode e deve ter
várias “leituras”?
CP - É função dos artistas darem
a sua visão das realidades. “Fado 2.0” é a nossa visão do fado.
PR - Numa frase apenas como
caracterizaria “Fado 2.0”?
CP - Fados de todos os tempos à
luz do nosso tempo.
PR - Este disco já foi
apresentado ao vivo. Como é o público reagiu às canções deste trabalho?
CP - Reagiu muito bem. Muitas
pessoas que dizem não gostar de fado afirmam que gostam de ouvir as nossas
versões. Os outros, os que gostam, consideram curioso poder fazer-se fado sem
guitarra.
PR - Das canções que fazem
parte deste “Fado 2.0”, há alguma que o toque em particular? Porquê?
CP - Gosto de “Fria claridade”. É
muito cinematográfico e conseguimos uma interpretação bastante intensa.
PR - A procura de novas
sonoridades tendo como fundo a tradição musical portuguesa, estão bem vincadas
neste trabalho. É este o caminho que o projeto Assobio quer continuar a
trilhar?
CP - Sim, esse foi e continuará a
ser o caminho de Assobio.
PR - Para
terminar, a capa deste disco, remete-nos para um tempo em que a rádio tinha um
papel fundamental na divulgação da nossa música. Sente que, longe vão esses
tempos?
CP - Claro que
sim. A rádio foi ultrapassada - ou deixou-se ultrapassar - por outros media.
Por outro lado, a indústria tomou conta dos órgãos de comunicação e são poucos
os críticos livres e curiosos.
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