23/07/2012

PZ | Discurso Direto


"Rude Sofisticado" (Meifumado, 2012), é esta a nova aventura de Paulo Zé Pimenta. O Portugal Rebelde, esteve recentemente à conversa com PZ, que em "Discurso Direto" nos fala deste novo registo,  "uma viagem subterrânea e subcutânea com paradeiros imprevisíveis e surrealistas povoado por chupistas e maltratado por máquinas de lavar a louça". Se és um freak do género Rude Sofisticado, sê bem-vindo.

Portugal Rebelde - “Reflexões sobre amor, política e sociedade em misto de ironia e convicção, tudo cantado em tom grave e melódico”. É tudo isto que podemos encontrar em “Rude Sofisticado”? 

PZ - Penso que esta frase é um possível resumo de alguém que ouviu o disco de lés-a-lés. São de facto reflexões e interpretações da minha vida traduzida em música através da palavra e dos ambientes electrónicos que a envolvem. A vida não é para ser levada demasiado a sério, gosto de me rir de mim próprio, de inventar personagens criadas por visões que de repente me chegam à cabeça quando estou envolvido numa música, imagens essas que são sempre um espelho do que se passa à minha volta a todos os níveis possíveis desde as Autarquias até aos Croquetes ou mesmo acerca do que se passa no Mundo em geral. 

PR - “Electrónica de intervenção”, foi desta forma que alguém escreveu para falar da tua nova aventura. Estás de acordo? 

PZ - Mais ou menos... Em certas músicas penso que sim, poderá ser uma maneira interessante de catalogar temas como Autarquias, Mundo, mais uma ou outra... Mas como um todo não vejo este disco como um disco de intervenção no sentido clássico. Não peço revoluções na rua nem nada do género, talvez peça de uma maneira não muito consciente uma revolução da mente ou uma maneira diferente de olharmos a realidade através da música. Nesse sentido sim, será um bom motivo para chamar isto electrónica de intervenção. 

PR - Uma música para elogiar os croquetes e outra para falar da corrupção nas autarquias, foram estes os singles de avanço deste “Rude Sofisticado”. São estes os temas, que melhor definem o “espírito” do disco? 

PZ - Para se tentar perceber o espírito de alguma coisa há que analisá-la por inteiro primeiro. No entanto são músicas que sinto que podiam capturar o interesse à primeira. Por alguma razão foram os primeiros singles que escolhi para darem uma visão cinemática do disco que se vai desenvolver à medida que forem lançados mais videoclips. Vêm aí mais 3 vídeos pelo menos... Os singles transformados em vídeos e lançados na net através do youtube e das redes sociais como o facebook são hoje em dia uma excelente maneira de provocar uma reacção instantânea do público para o melhor e para o pior. Como também sou realizador gosto de me envolver no processo e não quero deixar de agradecer ao Alexandre Azinheira pelos excelentes Croquetes e ao Nuno Beato pelas assombrosas Autarquias. Os próximos vídeos serão realizados por mim num tom mais do-it-yourself e mais despreocupado tipo experiência nocturna em frente a uma câmara e editado no computador em transe pós-insónia. 

PR - Numa frase apenas - ou talvez duas - como caracterizarias este “Rude Sofisticado”?

PZ - Uma viagem subterrânea e subcutânea com paradeiros imprevisíveis e surrealistas povoado por chupistas e maltratado por máquinas de lavar a louça. Numa nota mais consciente diria simplesmente que é um disco a sério com piada. 

PR - Já tiveste a oportunidade de apresentar no palco as canções deste disco. Qual tem sido o “feedback” que tens recebido do público? 

PZ - Sim, e ainda bem que decidi aproveitar este disco para me fazer à estrada fosse de que maneira fosse. Quando lancei o Anticorpos decidi não transpor o disco para o palco. Foi um projecto muito intimista, mais até do que o “Rude Sofisticado”. Foi digamos a primeira vez que expus as minhas tripas e o meu coração. Tal como o Rude Sofisticado foi um processo feito sozinho, com vários overdubs, e várias correntes de memória a darem voz a corpos estranhos que cresciam de bases electrónicas. Mas estava muito verde para o palco, nem fazia ideia de como é que podia pôr os Anticorpos ao vivo, o próprio nome do disco levava-me a ter uma teoria estúpida de que iria repelir as pessoas, uma das várias desculpas para disfarçar o medo e fugir com o rabo à seringa. Basicamente não estava preparado mentalmente para me expor em palco da maneira como o fiz nesse disco. Neste caso, com o Rude Sofisticado já tinha mais calo de palco com outros projectos em que participo como os Paco Hunter e a Zany Dislexic Band que me deram rodagem para poder pensar numa ideia mais definida e concreta de como é que iria por o PZ num palco. Decidi então fazer da maneira mais simples e mais pessoal, levar a personagem/pessoa para o palco, vestir o meu pijama, levar uma drum-machine com as bases instrumentais e simplesmente cantar e dançar à minha maneira como se estivesse no meu quarto/estúdio. Estranhamente ou não, é um formato que tem resultado e que leva as pessoas a estranharem a coisa à primeira, mas acho que à segunda música já ficam com uma ideia do que estou a fazer, que é basicamente, a minha cena. 

PR - Para terminar, na tua última ceia a ementa seria croquetes e que se foda o bacalhau? 

PZ - Lol!

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