31/07/2012

SUPERNADA | Discurso Direto


Dez anos depois de terem nascido, os Supernada editam o primeiro trabalho - "Nada é Possível". Nascida em 2002, precisamente na mesma semana dos Pluto, a banda portuense é composta por Manel Cruz (voz), Ruca Lacerda (guitarra), Eurico Amorim (teclados), Miguel Ramos (baixo) e Francisco Fonseca (baterista). Miguel Ramos  é meu convidado, que em "Discurso Direto" nos fala de "um disco de uma banda bastante peculiar, quer pela sua música, quer pela filosofia. Um disco de retalhos, de corta e cose. Faz lembrar um edredon feito com os mais variados tecidos, e de uma forma muito pouco ortodoxa, mas a costura final revela um edredon (meio) luxuoso."

Portugal Rebelde - “Nada é Possível” é uma espécie de um “puzzle” que foi crescendo com um permanente tira e põe? 
Miguel Ramos - Exactamente. É um “puzzle” que resulta de um processo de cinco anos de experimentação musical e tecnológica. Decidimos gravar o disco pelos nossos meios, nos nossos sítios. Isto deu-nos total liberdade de criação e experimentação, mas também nos responsabilizou para o facto de que tínhamos de ser  nós a  por um “ponto final”. Quando trabalhas com um produtor, muitas vezes é ele quem te diz que “está feito”, “está bom”. No caso do “Nada É Possível”, tendo sido produzido por nós, esse “ponto final” demorou algum tempo. Partimos para o disco com as músicas antigas, que muito rapidamente desvaneceram com o surgimento de novos sons, novas ideias, novos caminhos. Tivemos tempo para aproveitar o “suminho” mais doce das músicas antigas e de registar as musicas que foram surgindo. O resultado final é uma mescla das musicas novas gravadas das mais diversas formas e as musicas antigas “salvas” por novas roupagens. Fizemos questão de dar a conhecer alguns momentos que para nós foram especiais, umas vezes cómicos ou surreais, outras vezes, inspirados ou luminosos.  Momentos estes que, a meu ver, foram um importante contributo para a magia que está sempre à espreita no  disco.  
PR - É verdade, que desde que começaram a gravar este disco em 2006, o disco ganhou contornos de miragem e da impossibilidade, que o seu titulo sugere? 
MR - Sim. Durante todo o processo aconteceu muita coisa na vida dos cinco, naturalmente. Como banda vivemos alguns momentos mais intensos e outros mais desligados. Sinto que o disco foi gravado de uma forma muito particular, de uma forma que só os Super “alinham”. De muitas formas! Muitas vezes fez-me lembrar um grande Navio que estava a afundar-se. O Ruca nunca abandonou o navio e o Manel esteve sempre a tentar consertar o motor! :) Eu, o Xico e o Eurico tratavamos da carga. Cada um à sua maneira tentou fazer com que o Navio não afundasse. Sei que todos chegamos a pensar que não íamos conseguir, e questionamos constantemente se o resultado estaria à altura das nossas expectativas, dos nossos sonhos. Mas o “ Nada É Possível” já vive, foi um parto difícil, uma viagem atribulada. Agora que é real, sinto que todos nós temos um carinho e uma estima muito especial por este disco, estima essa que só é possível sentir por coisas que te deram muito trabalho e algum sofrimento para as alcançar.
PR - Para a realização do vídeoclip/single de “Arte Quis Ser Vida” decidiram juntar-se em estúdio e gravar ao vivo; deste registo resultou uma leitura completamente distinta daquela que está no álbum. Queres falar-nos um pouco desta experiência?
MR - Achámos fixe a ideia de gravar um vídeo “live”, um vídeo no qual estivéssemos a tocar. É claro que a versão iria ficar diferente da do disco, mas  aproveitamos para registar uma interpretação da música anteriormente gravada, agora com a energia de quem tem um trabalho concluído nas mãos e muita vontade para o mostrar. Acho que todos adoramos a experiência, pela música, pelo ambiente, pelo reencontro, pelo ritual que se criou naquela sala.
PR - Numa frase apenas - ou duas - como caracterizarias este “Nada é Possível”? 
MR - Um disco de uma banda bastante peculiar, quer pela sua música, quer pela filosofia. Um disco de retalhos, de corta e cose. Faz lembrar um edredon feito com os mais variados tecidos, e de uma forma muito pouco ortodoxa, mas a costura final revela um edredon meio luxuoso... Tenho a certeza de que todos aprendemos imenso com este disco, que todos nos divertimos, e que todos sofremos. Por todas as razões, acho que se trata de um trabalho muito especial. Nem que seja para nós e para as pessoas que acabaram por se envolver no seu processo.
PR - Depois do disco, vamos ter oportunidade de ouvir as canções deste trabalho em palco? 
MR - Espero que sim! Temos vindo a tocar em sítios muito especiais. Espero que continuemos a dar bons concertos, pois sinto que as canções que estão no disco crescem quando as tocamos ao vivo. Agora que temos o concerto montado, que temos uma equipa sólida, e com o bom ambiente que tem vindo a imperar nos dias de concerto a energia da banda está renovada e a meu ver, ainda mais intensa!
PR - Para terminar, o segredo dos Supernada é nunca terem sido uma prioridade? 
MR - O segredo dos Supernada tem a ver com o facto de ainda não sabermos qual é o nosso segredo...:) Continuamos à procura daquilo que nos faz querer fazer mais e melhor música.

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