A preparem o seu álbum de estreia, os penafidelenses Cintura são hoje a banda em destaque no Portugal Rebelde. Em "Discurso Direto", o teclista Helder Carvalho fala-nos de "um projeto intenso e traqnquilo quando tem que o ser."
Portugal Rebelde - A vitória no Rock Nordeste 2010, marcou decisivamente o futuro dos Cintura?
Helder Carvalho - Não diria decisivo, mas foi de facto marcante no percurso que temos vindo a fazer. O Nosso EP de estreia coincidiu com essa vitória no Rock Nordeste e a promoção do mesmo, despertou alguns media, ouvindo com atenção o que podia certamente passar ao lado. No entanto, há muito trabalho pela frente. Quando se ganha um concurso, apenas estamos a falar de uma etapa durante uma longa caminha de evolução. Hoje é o dia, que olho para trás e reconheço que para tudo, o passado é a base do futuro.
PR - Cantar em português é uma opção assumida para o grupo?
HC - Cantar em português é apenas uma opção. Acho que é uma opção tão natural como tocar. Quando se compõe não estamos propriamente a pensar se alguém nos vai ouvir. É uma forma de nos sentirmos bem. Naquele momento, estamos no nosso mundo e é uma realização pessoal. Por vezes é o nosso refúgio. Podia igualmente escrever numa outra língua, mas as primeiras palavras são nossas, em português. Os trocadilhos, as metáforas, o sentimento, a emoção, a construção das frases, a reinvenção até de palavras e de expressões que são muito próprias.
PR - ”Nó da Gravata” e “Um Café Só”, duas das canções do vosso primeiro EP, tiveram uma grande aceitação junto do público. Como é que viram a inclusão de “Nó da Gravata” na banda-sonora da novela “Sedução” da TVI?
HC - É sempre muito bom quando se recebe uma boa notícia e então quando não se está à espera, ainda melhor. Tinha ido pessoalmente a Lisboa, entregar umas maquetas que tínhamos gravado, e passado uns seis ou sete meses, recebemos um mail demonstrando o interesse em incluir o “nó da gravata” na novela. Já tinha passado tanto tempo que foi mesmo uma surpresa. Foi sem dúvida, o ponto de partida para uma relação que felizmente tem corrido bem. Depois disso, mais temas foram escolhidos para outras produções e sabe muito bem trabalhar a este nível.
PR - ”Bom Batom”, é a nova canção dos Cintura, já disponível nas plataformas digitais. De que é que nos fala este tema?
HC - Este tema é bastante directo na minha forma de ver, o que ao mesmo tempo não me permite dizer outra coisa senão, confirmar que este tema fala da mulher que é linda. Pegando no acessório feminino, o batom é mesmo bom. Tudo lhe fica bem, e esta relação entre o desejo e a vontade é uma mensagem bastante positiva de amor e de relações humanas.
PR - O radialista inglês John Peel disse uma vez que “uma cena musical só é madura e criativa quando o mainstream e o alternativo convivem sadiamente.” É esta a “receita” para o sucesso dos Cintura?
HC - Não sei se é uma receita e nem sei muito bem o que é o sucesso. Felizmente fazemos o que gostamos, não olhando a estilos nem a adjectivos. Mesmo assim é interessante essa afirmação, e percebemos o contexto dessa frase. Contudo, a evolução é constante se nos dedicarmos ao ponto de querer que seja realmente musicalmente madura.
PR - Para quando a edição do primeiro álbum dos Cintura?
HC - Estamos a gravar e a compor temas com o intuito de editar um album, mas não posso confirmar nenhuma data para já. Queremos muito aparecer com novos temas e ter um disco que possamos ouvir do início ao fim em que tudo faça sentido.
PR - Para terminar, numa frase apenas como caracterizarias o som dos Cintura?
HC - Numa frase apenas, diria que Cintura é intenso e tranquilo quando tem que o ser.
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