28/06/2013

TAPE JUNK | Discurso Direto


Tape Junk é o mais recente projecto de originais de João Correia, mais conhecido como vocalista dos Julie & The Carjackers e baterista de diversos artistas como Márcia, Frankie Chavez ou Walter Benjamin. O Portugal Rebelde esteve recentemente à conversa com o músico, que em "Discurso Direto" nos fala  de “The Good & The Mean”, um disco, que é uma espécie de "terapia musical regada com Whiskey barato, acompanhada de tabaco de enrolar sem filtro."

Portugal Rebelde - Depois dos Julie & The Carjackers, este é o teu mais recente projeto de originais. Que inspiração musical esteve na origem dos Tape Junk?

João Correia - Escrevi o disco todo no ano passado. O processo foi muito rápido mas mal escrevi as primeiras percebi que a linguagem era diferente de Julie e que não se enquadrava. As letras são muito pessoais e a parte instrumental muito minimal. Em Julie é o oposto, focamo-nos muito na parte instrumental e as letras não são pessoais a este nível. Faz parte de outro universo de canções. A inspiração não sei bem de onde veio, mas sei que fiz este disco porque precisei de o fazer e não porque me apeteceu fazer algo novo. Foi um processo curioso. Precisei de escrever estas músicas e tive fechado e obcecado em dizer tudo o que tinha para dizer sem parar. Quando chegou o dia em que dei a escrita das músicas por concluída, comecei a gravar tudo e a fazer as pré produções ainda sem a ambição de ter o disco editado. Não pensei muito, fui fazendo o que achei mais natural. Não quis fazer uma banda nova com outra sonoridade, a sonoridade foi a que surgiu quando escrevi as canções à guitarra. Queria uma base simples de guitarra, baixo e bateria a acompanhar as letras e melodias das canções. Agora que ouço o resultado final, vou ouvindo as influências de Pavement e Beck, que sempre tive, mas também de Paul Simon ou Johnny Cash, e por aí fora.

PR - De que é que nos falam as canções deste “The Good & The Mean”?

JC - Disso mesmo, do nosso lado bom e do nosso lado mau e como dependem um do outro. Foco-me muito no facto de que devem estar os dois bem à vista e não escondidos ou recalcados.

PR - Francisca Cortesão (Minta & The Brook Trout) e Frankie Chavez são dois ilustres convidados, que participam neste disco. Como é que se deu este encontro?

JC - Conheço e toco com ambos à vários anos. Sou baterista do Frankie Chavez e temos partilhado muitos palcos e muitas histórias desde que tocamos juntos. Temos uma grande empatia em palco e somos grandes amigos. Era muito natural ele participar neste disco, havia espaços para ele preencher e as músicas ganharam muito com isso. Entretanto, o Frankie acabou por ficar no line up da banda ao vivo. A Francisca e eu somos amigos há bastante tempo e temos tocado juntos em They’re Heading West. Há dois anos fizemos uma tour pela costa Oeste dos Estados Unidos e isso também acabou por ser grande inspiração para a escrita das canções deste disco. Sou grande fã das músicas da Francisca e se puder acho que a vou convidar para muitos mais discos. Só convidei pessoas que fazem mesmo parte da minha vida e que sabia que iam acrescentar muito às músicas das quais fizeram parte. Foi o caso da Minta, Frankie, Bruno Pernadas, Sérgio Nascimento e Zé Vasconcelos Dias. E claro, o António V Dias e o Nuno Lucas, baterista e baixista da banda, sem eles o disco e a formação ao vivo nunca iriam soar da mesma maneira.

PR - ”Buzz”, foi a canção escolhida para apresentação deste disco de estreia. Este é o tema que melhor retrata o “espírito” do disco?

JC - A letra do “The Good & The Mean” e o refrão do “Buzz” retratam muito bem o disco, daí terem sido essas duas músicas as escolhidas para aparecerem primeiro. O “99 year Blues” e o “99 Year Blues Reprise” descrevem o processo de “demon killing spree” que decorre ao longo do disco e a sua conclusão.

PR - Numa frase apenas – ou talvez duas – como caracterizarias este “The Good & The Mean”?

JC - Terapia musical regada com Whiskey barato, acompanhada de tabaco de enrolar sem filtro.

PR - “The Good & The Mean” foi apresentado oficialmente no passado dia 5 de Junho, no Musicbox, em Lisboa. Como é que público recebeu as canções dos Tape Junk?

JC - Ouvi muita gente a cantar letras das músicas. Fiquei muito feliz. Tocámos o disco quase todo e várias músicas novas que também tiveram boa aceitação. E mais importante que tudo, divertimo-nos muito a tocar a nossa música. E rock & roll é isso mesmo.

PR - Para além da edição física, disponível nas Fnac´s, “The Good & The Mean” está disponível para download gratuito no site da Optimus Discos. Tens a noção de quantas pessoas já descarregaram este disco de estreia?

JC - Ui…não faço ideia…espero que muitas!


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