Sem nunca perder o Norte, o Portugal Rebelde ruma hoje até ao Algarve. "Fado Tango" é este o nome do novo álbum do grupo algarvio Al Mouraria. Este novo trabalho funde dois estilos musicais, ambos Património Imaterial da Humanidade: o fado e o tango. O grupo Al Mouaria é composto por seis elementos: Valentim Filipe (guitarra portuguesa), mentor do grupo e presidente da Associação de Fado do Algarve, Inês Graça e Isa de Brito (vozes), Bruno Vítor (contrabaixo), Tiago Valentim (viola de fado) e Paulo Ribeiro (acordeão).
Portugal Rebelde - “Fado Tango”, assume neste novo trabalho, a fusão destes dois estilos musicais, ambos Património Imaterial da Humanidade ?
Valentim Filipe - Sim, sem dúvida. À medida que aprofundávamos o trabalho, mais eram os pontos em comum que musicalmente descobria-mos neste dois géneros de canção urbana..
PR - Musicalmente, podemos afirmar que a sonoridade dos Al Mouraria se situa algures entre o Fado mais Tradicional e o chamado Fado Novo, com pequenas incursões até à Música Popular?
VF - É certo. Essa foi a linha seguida nestes dez anos de vida do grupo. Se não vejamos: No primeiro trabalho em 2004 e com o título genérico “Al Mouraria” houve uma mistura de fado e música popular. No segundo e m 2007, consistiu essencialmente no afadistamento de canções como “Perdidamente”, “Andorinha da Primavera”, “Lisboa que Amanhece” , etc e ainda a inclusão de alguns originais. No terceiro trabalho em 2010 manteve-se a mesma linha mas a grande novidade foi a inclusão de um quarteto de cordas na gravação. Esta novidade foi a sequência de um projecto que tinha havido com o grupo “Os Corvos” com a realização de vários concertos e que tinha como programação a gravação de um CD em conjunto o que não viria a acontecer por incompatibilidade de datas. Foram no entanto aproveitados os arranjos que serviram de base nos concertos efectuados e, para a gravação foram convidados concertistas todos professores de escolas de música oficiais. Pelo meio no Verão de 2008 foi gravado em dois espectáculos ao vivo um DVD com o título “Al Mouraria ao vivo em Albufeira” que foi basicamente um Best off do grupo.
PR - Este “Cocktail” que nos é servido neste “Fado Tango” fica muito a dever-se às vozes de Inês Graça e Iza de Brito. O fado está-lhes na alma?
VF - Sim. São duas jovens cantores descobertas nos concursos de fado amador e que se destacaram por saírem vencedoras em vários certames. Embora diferentes na forma interpretativa, o fado mora nelas com uma intensidade impossível de se não notar logo nas primeiras frases.
PR - Numa frase apenas – ou talvez duas – como caracterizaria este “Fado Tango”?
VF - É sem dúvida um trabalho profundo, estudado ao pormenor e em que ao contrário dos anteriores todos os elementos do grupo se envolveram nos arranjos, dando ideias e fazendo o trabalho de casa ao trazer para os ensaios essas mesmas ideias que foram depois desenvolvidas em grupo.
PR - No passado dia 17 de Maio, apresentaram este “Fado Tango” no Teatro Gregório Mascarenhas, em Silves. Como é que o público algarvio reagiu a estas canções?
VF - O público reagiu de uma forma que superou todas as nossas mais optimistas expectativas. Foi até difícil resistir aos apelos para interpretarmos mais temas, mas estava já definido e porque assim o entendemos que uma apresentação de um trabalho deve apenas ser feito com os temas que compõem esse mesmo trabalho.
PR - Para terminar, depois do disco, o “fado” dos Al Mouraria passa por levar as canções deste disco aos palcos do país?
VF - Mas é claro. Existe em todos nós uma vontade enorme de mostrarmos a todo o país este trabalho de que tanto nos orgulhamos.
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