23/07/2014

JANITA SALOMÉ | Discurso Direto


É "em nome da rosa", que hoje recebemos no Portugal Rebelde, Janita Salomé. O novo trabalho do músico Alentejano é uma viagem às suas raízes sefarditas, ao seu interior e à autossuperação; aspectos que perpassam todos os seus trabalhos. Neste ao considerar a rosa, o compositor avesso às chancelas que delimitem ou confinem a sua forma de viver e partilhar a música, pesquisa e depara-se com as dimensões históricas, místicas e alquímicas da rosa. Janita Salomé apresenta o álbum "Em nome da rosa", no próximo dia 26 de Julho no Auditório Exterior do Teatro de Vila Real, com entrada livre.

Portugal Rebelde - Procura sempre não perder de vista o passado, transporta-o para o presente e projecta-o para o futuro. Foi tudo isto, que voltou a acontecer no álbum «Em nome da rosa»?

Janita Salomé -  Claro que sim. Penso que é evidente numa audição atenta. O futuro, esse tem passado e presente como suporte de uma vontade estóica de fazer sempre diferente não ficando preso às limitações da procura de fórmulas que eventualmente resultem em sucesso, (por vezes sabe-se lá como) este sempre efémero.

PR - "Em nome da rosa", foi o título escolhido para este disco. Esta, é a rosa, que simboliza amizade, fraternidade e apela à regeneração do Homem?

JS -  Certo, é isso mesmo. Amizade e fraternidade vivemo-las em momentos (muitos, assim é desejável) da nossa vida. Quanto à regeneração do Homem, tudo é mais complexo e muito mais ainda no tempo que vivemos. Aqui entra a utopia e, parafraseando José Afonso, «cidade do homem não do lobo mas irmão…» para quando? Talvez nunca, mas sempre!

PR - Neste disco faz-se acompanhar por «ilustres» convidados, entre eles, Pedro Jóia, Mário Delgado e Filipe Raposo. Este foi um garante para as suas criações musicais?

JS -  Não só neste disco, mas em todos. Pedro Jóia, Mário Delgado, Filipe Raposo, Daniel Salomé Vieira, Quiné Teles e António Quintino foram preciosos na valorização do meu trabalho. São sem sombra de dúvida músicos de excelência. Quero aqui realçar a importância, nas minhas criações, dos arranjos e direcção musical do Filipe Raposo.

PR - «Aprendizagem, da existência, do indivíduo.» É esta a maneira com que olha para as raízes de um povo?

JS - Também. A afirmação tem um contexto, dá expressão a uma ideia, mas é insuficiente para exprimir a dimensão da complexidade que implica a referência às raízes de um povo. No entanto e sem querer alongar-me não deixo de dizer que é nas memórias, na história do meu povo, que sustento a minha qualidade de cidadão. Ai do povo que perde a sua memória…

PR - Disse recentemente numa entrevista à Ípsilon, que «tudo o que está no seu estado puro, está condenado a estiolar e a morrer». Definitivamente, este não é um mundo de «rosas»?

JS - Volto a referir o contexto em que são produzidas certas afirmações e aqui está mais um exemplo onde, com o que disse, mais não queria do que reforçar a ideia de que a miscigenação de culturas, nem sempre pacífica, é em regra profundamente enriquecedora. Muito haveria a dizer sobre este assunto… Não, este mundo não é de todo, e em tempo nenhum foi, um mar de rosas!

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