17/12/2014

DIABO NA CRUZ | Discurso Direto


"Diabo na Cruz" é o álbum sucessor dos muito aclamados “Virou!” e “Roque Popular”. Composto por 11 canções peneiradas de 2 anos de trabalho, o disco acaba por representar ao mesmo tempo o lugar singular onde a banda se encontra e a abertura de novos trilhos para o futuro. Incapazes de se repetirem, os Diabo na Cruz prometem continuar a sua caminhada ímpar no panorama musical português, reinventando mais uma vez a musicalidade do país sob um prisma contemporâneo e reflectindo sentimentos, aspirações e contratempos de uma geração que se descobre a si mesma no acto de esculpir o amanhã. Jorge Cruz, é hoje meu convidado em "Discurso Direto".

Portugal Rebelde - Quando partiram para a gravação deste 3º disco, o objetivo era fazer de “Diabo na Cruz” um álbum radicalmente diferente dos anteriores?

Jorge Cruz - A ideia é fazermos sempre algo distinto que nos pareça um passo em frente mas não necessariamente numa direcção radicalmente diferente. Há aspectos da nossa música que são de identidade e estão na base da razão desta banda existir, esses gostamos de manter embora possam ser sempre mais apurados e foi isso que tentámos fazer desta vez. Ainda que, num trabalho novo, haja sempre um lado de reacção ao que foi feito previamente e de busca de não repetição. É verdade que o nosso disco anterior saiu mais agressivo e carregado e houve, desta vez, uma clara vontade em ter arranjos que respirassem melhor e de procurar algo mais fresco e inspirador.

PR - Ao terceiro disco os Diabo na Cruz quiseram abrir-se mais às pessoas?

JC - Somos uma banda com um público que nos apoia fervorosamente mas ainda mantemos uma certa dose de obscuridade. Quem gosta de nós fala de Diabo na Cruz aos amigos e muitos ainda não conhecem a banda. Isso para nós é valioso. Temos crescido de forma sustentada e sabemos que há muito mais gente que pode gostar da nossa música. No entanto, só pretendemos chegar a essas pessoas nos nossos próprios termos. Acreditamos que este disco é uma boa maneira de continuar a fazer esse caminho.

PR - Os Diabo na Cruz são uma banda que tanto se senta com os intelectuais, como vai para a tasca com os velhos. É aqui que reside a força da vossa música?

JC - A força da nossa música nunca será maior nem menor do que a força das nossas canções. O facto de sermos uma banda com alguma transversalidade de públicos, que atrai gente de idades e condições diferentes deve-se ao facto de sermos uma banda que pode ser entendida de mais do que uma maneira. Há muitas formas de chegar até nós e isso parece-nos positivo porque cada ponto de vista traz uma interpretação diferente e permite-nos comunicar com os outros de diferentes formas.

PR - Numa frase apenas – ou talvez duas - como caracterizariam este “Diabo na Cruz”?

JC - Um disco sobre a vida e seus altos e baixos onde todas as canções têm um papel e foram escolhidas para figurar por fortes razões que agradam aos autores.

PR - Em “Ganhar o dia” cantam: “É bom também ter contrariedades/sem nunca perder a fantasia/tentar, falhar, sofrer, perder/um tempo a duvidar”. O álbum “Roque Popular” foi uma “contrariedade” para a banda?

JC - Nem pensar. O “Roque Popular” foi um disco feito em pouco tempo com propósitos muito ambiciosos. Julgo que dadas as circunstâncias nos saímos bastante bem. Conseguimos falar do país, dos tempos que se viviam, das nossas frustrações e preocupações enquanto portugueses. E se alguém quiser revisitar essa realidade daqui a umas décadas encontrará ali um bom testemunho daquele momento em Portugal. Isso não me parece um feito menor, mesmo que saibamos que o disco poderia ser melhor se tivéssemos tido mais tempo para trabalhar.

PR - Depois da edição deste disco, a “vida de estrada” continua a ser um desafio imprescindível para a banda? Em breve, onde poderemos ver e ouvir os Diabo na Cruz?

JC- A nossa tour de auditórios arranca a 16 de Janeiro em Castelo Branco, vai percorrer o país de norte a sul até fins de Abril. Lisboa é a 26 de Fevereiro, Porto a 26 de Março. Podem procurar as datas mais perto da vossa residência no nosso facebook por exemplo.

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