07/03/2015

MIGUEL GIZZAS | Discurso Direto


“Até que o Mar acalme” é o primeiro romance musical do mundo. Nesta experiência, mais do que poder somente ouvir-se os temas do novo álbum, poder-se-á embarcar também numa viagem pelo universo da escrita. Cada canção é parte integrante da narrativa de um romance inteiramente redigido pelo próprio Miguel Gizzas.

Portugal Rebelde - Neste seu segundo trabalho presenteia-nos com uma inovação a nível global, trazendo-nos o primeiro romance musical do mundo: “Até que o Mar acalme”. Como e quando é que esta ideia começou a ganhar vida?

Miguel Gizzas - Começou após o lançamento do meu primeiro álbum. Dos temas que compunham esse álbum, destacavam-se as histórias contadas em cada um. Após as primeiras entrevistas, foi notório que eram essas histórias que sobressaiam do global da obra. Assim, foi com naturalidade que procurei dar algum seguimento às mesmas. Resolvi então procurar encadeá-las numa única história. A ideia inicial era avançar com um musical. Mas a ideia do livro ganhou então forma. E ao escrevê-lo, fui preenchendo as lacunas da história com dez novos temas, que agora se apresentam na obra global.

PR - Nesta experiência, mais do que poder somente ouvir-se os temas do novo álbum, poder-se-á embarcar também numa viagem pelo universo da escrita. Cada canção é parte integrante da narrativa. Como é que o leitor pode ouvir a “banda sonora” deste livro?

MG - As músicas pretendem ser a conclusão poética da narrativa. Ou seja, cada tema só aparece na história quando o leitor já leu o suficiente para, ao ouvi-lo, se identificar com a letra e viver intensamente a música. Ao chegar a esse ponto do capítulo, o leitor encontra o poema da música e um QR code. Com qualquer smartphone conseguirá aceder à música e ouvi-la instantaneamente.

PR - A música e a literatura são duas “paixões” que podem e devem conviver lado a lado?

MG - Só não faz sentido que não se tenham associado há mais tempo. Talvez agora, com esta tecnologia mais acessível, tenha passado a fazer mais sentido. A música, no cinema, potencia o sentimento das imagens. Imagine o que não pode fazer ao colorir as palavras. Para além disso, não é só a música que explica as emoções descritas no livro, mas também as suas palavras. Todos nós já sentimos aquele momento em que uma música se torna especial por nos identificarmos com a letra. Neste livro, isso acontece nos vinte capítulos. A letra vai-nos recordar o que o livro nos fez viver, perpetuando a história. Quem sabe, não será uma porta aberta para ambas as artes se conjugarem e multiplicarem. Ficarei feliz se esta ideia proliferar e mais autores / compositores venham a fazer o mesmo.

PR - Como é que o público tem reagido a este duplo “desafio”?

MG - Dado que este é o primeiro romance musical do mundo, as primeiras pessoas que o estão a ler são verdadeiros pioneiros mundiais na absorção desta forma de arte. As primeiras reações foram de surpresa. Acima de tudo, porque fazia sentido ter já acontecido algo deste género há mais tempo; e por ser um português o primeiro a fazê-lo. Mas a grande novidade é que os leitores sentem realmente a força emocional que a música dá às palavras já lidas, potenciando-lhes a emoção a um ponto que até agora não era experimentado. O engraçado disto tudo: tenho recebido várias mensagens de agradecimento por esta nova forma de escrever / compor, o que não deixa de ser surpreendente.

PR - “A estrela mais brilhante” foi a canção escolhida para apresentar o álbum “Até que o Mar acalme”. De que é que nos fala este tema?

MG - Esta música faz parte do auge emocional do romance. Momento em que um filho se despede do pai junto à sua campa, numa declaração de amor em que lhe reconhece, através de lembranças de episódios passados, os méritos que até aí nunca havia reconhecido. Uma história de amor e de abandono.

PR - Para terminar, que emoções espera que as pessoas retirem da leitura/audição deste “Até que o Mar acalme”?

MG - Como já li numa crítica, a existência das músicas permite reviver e perpetuar o romance durante muito tempo. Para além da emoção imediata, criada pelo reconhecimento da letra e pelo soar da música, o meu sonho é que o romance possa ser relembrado e revivido sempre que uma das suas músicas seja ouvida.

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