A banda algarvia OrBlua que se caracteriza pela originalidade das composições e pelo carácter multi-instrumentista dos 3 músicos que a compõem, apresenta o seu primeiro álbum - "Retratos Cinéticos" - dia 19 de Março no Teatro das Figuras, em Faro e no dia 1 de Abril no Teatro São Luiz em Lisboa no Ciclo Exploratório de Música Tradicional. O Portugal Rebelde esteve recentemente à conversa com o grupo e mostra-lhe hoje em "Discuro Direto" os "retratos" da região Algarvia.
Portugal Rebelde - No próximo dia 19 de Março, em Faro e depois no dia 1 Abril, integrado no Ciclo Exploratório de Música Tradicional, apresentam em Lisboa o vosso primeiro álbum, “Retratos Cinéticos”. Que “retratos” são estes que vamos poder descobrir neste disco?
OrBlua - Os “Retratos” são o reflexo do que aconteceu a OrBlua desde o lançamento do EP Trihologia Noctiluca. Este álbum segue o rumo natural da nossa evolução enquanto banda, cada vez mais afirmado na exploração de novas formas e estéticas musicais, mas igualmente assumindo cada vez mais os elementos tradicionais que nos inspiram. Como “Retratos” do Algarve, as influências dos géneros da região, como o corridinho ou os bailes mandados, estão bem presentes, mas mais que nunca, salienta-se a ausência de formas estilizadas. No fundo estes “Retratos Cinéticos” são um trabalho mais aprofundado quer do ponto de vista musical, quer do ponto sentimental.
PR - O disco é composto por 11 temas e celebra a região algarvia, sendo cada tema uma imagem do Algarve, da cultura e das tradições, das suas gentes e dos seus costumes. Como é que o grupo se organizou para retratar da melhor maneira possível o património da região algarvia?
OrBlua - O património algarvio é demasiado rico e vasto para poder ser posto num único disco, em apenas 11 temas. Aliás, o que define o Algarve e o algarvio? Tudo dependerá do prisma de quem observa. Alguém de Viana do Castelo que visite Albufeira, Portimão e Vilamoura, dificilmente terá a mesma visão de alguém de Portalegre que viaje por Monchique, Aljezur e Sagres. Mesmo para nós, a nossa região depende de cada um, de cada momento, de cada nascer do sol, de cada fragância marítima. Retratos Cinéticos não é o Algarve. É um Algarve, é o nosso Algarve. É uma fração do nosso Algarve. A nossa abordagem artística/musical passa por diferentes ângulos. Neste álbum retratamos profissões do passado, o estado social do presente ou até premonições indesejadas. São pormenores que nos tocam e que achamos gratificante musicar. E assim, desde a pesca aos moinhos, dos problemas ecológicos aos sociais, criámos um quadro abrangente do que nós sentimos que é a nossa região e que acabam por ser a nossa visão do que nos rodeia. Uma visão que olha não só para o Algarve nas várias geografias mas para o contexto da região no mundo.
PR - Para além da música, este disco junta também livro de fotografia. Este “retrato”, pretende-se que seja o mais completo do Algarve?
OrBlua - É frequentemente difícil dissociar uma arte das restantes. A música não é exceção. Todos nós, elementos de OrBlua, somos multifacetados, e trabalhamos em praticamente todas as 7, 9 ou mais artes. Como tal, a nossa vontade é sempre a de fazermos mais do que música. Explorarmos campos que complementem a vertente musical. No caso deste álbum, essencial foi a colaboração do fotógrafo Jorge Jubilot. Desde há uns 2 anos ele tem colaborado com OrBlua e o resultado foi um conjunto de belíssimas fotografias que recentemente têm sido projetadas em palco nos nossos concertos. Acabou por fazer despontar uma certa promiscuidade entre a música e a fotografia. Desta maneira era para nós natural que assim surgissem em edição, de mãos dadas. E por isso Retratos Cinéticos é mais que um álbum. É um livro de fotografia / álbum e o resultado é um objeto muito bonito.
PR - “Retratos Cinéticos” conta com a participação de Janita Salomé no tema “Calendário” e os Gaiteiros de Lisboa em “Tempo Estado”. Queres falar-nos um pouco destas participações?
OrBlua - Surgiram da forma mais natural possível e por motivos distintos. No caso do “Calendário”, o tema é da autoria de Sérgio Mestre, e é o único tema que tocamos que não é um original nosso. Tudo começou com um convite feito para participarmos no festival de homenagem ao músico de Tavira, desaparecido na altura há 10 anos. Decidimos nesse festival tocar uma música do Sérgio e resultou tão bem que desde aí a música não nos largou e integra agora este CD. Lembrámo-nos que para verdadeiramente homenagear o Sérgio Mestre, o ideal seria convidar um amigo dele para gravar e o Janita Salomé, com quem tocou e gravou inúmeras vezes, foi perfeito e deu uma contribuição fantástica para o nosso arranjo da música. No caso dos Gaiteiros de Lisboa, surgiu depois de um convite do João Carlos Callixto, da Antena 1 para gravarmos uma entrevista para o Passado ao Presente (onde se junta um nome firmado com um emergente). O programa foi com OrBlua e Gaiteiros de Lisboa e a consequência foi a participação das magníficas vozes dos Gaiteiros no nosso Tempo Estado. Podemos dizer que foi uma colaboração que surgiu da casualidade de uma entrevista, mas ainda bem que assim foi, porque o resultado é extraordinário.
PR - Para terminar, depois destas primeiras apresentações, é vossa intenção levar estes retratos do “Algarve” a todo o país?
OrBlua - E a todo o mundo! O nosso maior prazer é tocar e mostrar o nosso trabalho. Como qualquer músico, qualquer banda, depois do momento de criação, de composição e de arranjo, depois da fase de registo, de gravação, o anseio é pela estrada e pelos palcos. É para nós essencial mostrarmos o “nosso” Algarve aos algarvios e aos portugueses. Queremos ir a todo o país. E espere
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