"Mar Aberto" é a crónica de viagem de dois Quixotes entre os mares do Atlântico e as costas do Mediterrâneo. Os dois marinheiros em "Mar Aberto" são Carlos Medeiros e Pedro Lucas, réus convictos de trocar as voltas às tradições atlânticas. Roubaram palavras a outros, que as usam melhor, e deram-lhes melodias da marinhagem que nunca fizeram. Pedro Lucas, é hoje meu convidado, para nos "guiar" nesta viagem em "Mar Aberto".
Portugal Rebelde - Antes de mais, que viagem é esta que o faz navegar na companhia do Carlos Medeiros em “Mar Aberto”?
Pedro Lucas - É a junção da vontade pessoal de fazer coisas, do prazer de as fazer com pessoas que admiras e de todos os desafios que vêm daí.
PR - As letras deste “Mar Aberto” são da autoria de Armando Côrte-Real, António Sousa, Cervantes e da tradição oral açoriana. É verdade que o gigante da literatura espanhola, serve de pêndulo a este disco?
PL - A ideia de um Quixote marinheiro foi o ponto (ou porto) de partida, a partir daí foi-se construindo um roteiro entre os textos que o Carlos já tinha musicado e as coisas novas que encontrámos. O D. Quixote esteve na origem e andou a pairar enquanto escolhíamos os temas mas no fim desvaneceu-se um bocadinho talvez, ficou demasiado melancólico.
PR - Quando se lançou nesta viagem avisou a sua editora que a palavra “Açores” e “música tradicional” estavam absolutamente interditas do material promocional. “Mar Aberto” era um desafio sem rumo certo?
PL - Mar Aberto são viagens pessoais. O que estas viagens poderão ter de físico e geográfico passa pouco pelos Açores (podia ser na Madeira ou nas Bermudas) – há Mediterrâneo, há Atlântico, há a metade sul da Ibéria, há o norte de África, e há sobretudo duas cabeças onde esses (e outros) sítios são mais imaginados do que propriamente visitados.
PR - Numa frase apenas – ou talvez duas – como caracterizaria este “Mar Aberto?
PL - É uma viagem, onde a sabes que a cor que vês no mar que te rodeia é o reflexo da cor do céu nesse momento.
PR - No próximo dia 19 de Março este álbum é apresentado no Musicbox, Lisboa. Uma semana depois, será a vez do Teatro Faialense (Horta) receber este “Mar Aberto”. O que é que o público pode esperar destes concertos?
PL - Os temas do disco tocados com uma banda excelente (com o Ian Carlo Mendonza, o Augusto Macedo, e o Luís Lucena) e com muita pujança. Talvez apareçam mais um tema ou outro.
PR - Para terminar, depois desta viagem pelo “Mar Aberto” na companhia do Carlos Medeiros, para quando novidades de O Experimentar Na M´Incomoda?
PL - Medeiros/Lucas é a novidade que O Experimentar Na M'Incomoda pariu, de resto não há planos para parir muitas mais, mas nunca se sabe a vida.
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