23/04/2015

RICARDO BRAMÃO E MARTA AZEVEDO | Discurso Direto


No Dia Mundial do Livro, recebemos no Portugal Rebelde, Ricardo Bramão e Marta Azevedo, autores do livro “Festivais de Música em Portugal” (Chiado Editora, 2015), uma obra que tem o intuito principal de funcionar como um guia que retrata a história desta área em Portugal. Um projeto de quatro anos (e muita pesquisa e informação obtida por aqueles que fizeram os festivais) que agora tomou forma de livro.  Foram contabilizados quase 300 festivais de música que acontecem, ocorreram, ou nunca chegaram a efetuar-se mas que marcaram a história dos Festivais de Música em Portugal.

Portugal Rebelde - Antes de mais, como é que surgiu a ideia de reunir em livro os Festivais de Música em Portugal?

Ricardo Bramão / Marta Azevedo -  Surgiu com a execução do projeto Talkfest – fórum sobre o futuro dos festivais de música, ou seja, há mais de quatro anos, mas que só agora foi possível colocar em prática, através de apoios para a sua edição e esforço para a edição física do livro ter a informação o mais atualizada possível, através de um processo longo de investigação e ida ao encontro de quem organiza e promoveu estes eventos ao longo de mais de 40 anos em Portugal. Tal como o Talkfest, este era um produto que fazia falta estar ao dispor dos agentes da área e do público em geral.

PR - Quais são as razões dom (in)sucesso dos Festivais de Música?

RB/MA - Não existe uma resposta suficientemente correta, pois ela depende de diferentes variáveis. Notamos que apesar de mais de 150 festivais por ano acontecerem,em média, em Portugal, na última década, muitos deixam de existir e muitos mais passam a existir a cada ano, mas sem uma continuidade, de mais de duas-três edições, o que impede que esta área amadureça e se otimize e profissionalize e assim possa ser competitiva.

PR - O impacto turístico e económico é condição fundamental para o êxito de um Festival e a forma de o tornar sustentável ao longo dos anos?

RB/MA - Sim, são duas condições que favorecem a sustentabilidade de um festival a médio prazo. Acima de tudo o festival deve ser o mais possível livre de dependências de terceiros – fundos públicos e patrocínios. Claro que assim o desenvolvimento é mais lento, mas também mais ponderado. Assistimos em 2015, a uma difícil realização de festivais que em uma ou duas edições conseguiram estar num patamar com artistas de renome a nível internacional, o que faz que na atualidade ou baixem as suas fasquias ou deixem de se realizar, quando uma das suas fatias de receita desapareceu.

PR - Por outro lado, os impactos sociais e culturais de um Festival nunca poderão deixar de ser equacionados pelos promotores?

RB/MA - Sim, é importante perceber em que contexto e para que público o festival se insere e é comunicado. É importante uniformizar sempre expectativas e garantir assim que todos os actores da tríade promotor, artista e público saiam satisfeitos.

PR - Para terminar, para além do cartaz, o que faz “correr” milhares de jovens para um Festival?

RB/MA - Não há outra forma de ver arte como aquela que é potenciada pelos festivais de música o que o torna num fenómeno global. No cinema, no teatro, num museu não nos é permitido podermos conviver confortavelmente com os nossos pares e conhecer outros de forma espontânea enquanto os festivais puxam pela felicidade e pelas relações humanas, daí o espírito sacrifício que é tido pelos festivaleiros ao longo de meses e meses para irem ao seu festival favorito.

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