01/10/2015

COUNTRY PLAYGROUND | Discurso Direto


No Dia Mundial da Música, são meus convidados os Country Playground. O motivo para conversa é o mais recente álbum do grupo, "Turdus Merula". Os Country Playground são uma banda recente, têm apenas um ano de existência mas os membros andam há muito nas lides do rock’n’roll. Rodrigo Cavalheiro, baterista e vocalista dos Born a Lion, e Fernando Silva, ex-guitarrista dos leirienses e extintos Canker Bit Jesus, juntaram-se para fazer aquilo a que, em tom de brincadeira, chamam electric farmer rock.

Portugal Rebelde - Antes de mais quando e como começou a escrever-se a história dos Country Playground?

Country Playground - Os Country Playground surgiram pela mão do Rodrigo por volta de 2008. Inicialmente o Rodrigo idealizou o projeto como algo em que ele pudesse exprimir a sua veia country. Compôs algumas músicas com a mulher, a Ana Sousa, e apresentou-os apenas acompanhado de guitarra acústica. Mais tarde cansou-se com o formato e acabou por encostar um pouco o projeto. Em 2014 foi convidado para voltar a tocar com Country Playground e aí resolveu endurecer a coisa e aproximar o projeto a uma vertente mais country-rock. Foi aí que ele passou para a bateria e eu entrei para a guitarra elétrica e que surgiram os Country Playground que podem ouvir hoje.

PR - Sete canções de amor, de dor e lamento, é isto que podemos ouvir no EP “Turdus Merula”?

Country Playground - Sim. Basicamente quase que podemos dizer que é um disco de amor. As letras retratam muitas experiências pessoais... desde relações perdidas a reencontros. Se calhar neste lado mais negro é onde se consegue perceber melhor a veia country da banda. Podem ouvir essas canções, mas não pensem que é um disco lamechas. Contrapomos com um instrumental muito enérgico, cru e duro. O nosso som não tem grandes artifícios, assenta numa base rítmica forte, numa guitarra suja e em melodias vocais.

PR - “Grandpa's Grave” foi a canção escolhida para single de avanço deste disco. Este é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste EP?

Country Playground - Não sei se será o que caracteriza melhor o espírito, até porque penso que o disco representa uma viagem, e dessa forma, funciona melhor como um todo, mas é um tema que desde que o fizemos pensámos que podia ser um bom single de avanço. Pelo ritmo que impõe e também pela letra, que exprime o lamento de um neto pela perda de um avô que morreu por amor após a morte da avó quando, na realidade, se calhar a avó não merecia assim tanta entrega. Além de ser uma letra que a mim me arrepiava quando o Rodrigo a cantava na sala de ensaios, sempre nos pareceu que a componente rítmica da música e o refrão são fortes, daí ter servido como o primeiro cartão de apresentação do Turdus Merula.

PR - Numa frase apenas como caracterizariam este “Turdus Merula”?

Country Playground - Numa frase fica difícil. É um disco de canções, com muito sentimento, sem artifícios, completamente cru, puro e duro.

Portugal Rebelde - A que se fica a dever a escolha de Turdus Merla” para título deste EP?

Country Playground - O melro é um animal que nós gostamos bastante. Está até bastante ligado ao Universo country-rock que tanto nos fascina. Além disso, no nosso estúdio na casa do Rodrigo, existe um quintal que é bastante visitado por melros. O nosso primeiro logótipo, chegou a ter um melro desenhado. Quando começamos a gravar o instrumental do disco resolvemos fazer um exercício para tentarmos dar alguma coerência aos diferentes temas, tentando manter a mesma energia e estado de espírito ao longo dos diferentes dias. Esse exercício consistia em imaginar a figura do melro preto, sempre que estivéssemos a gravar. Por acaso, acho que acabou por funcionar. Com tanta influência do melro no processo de gravação, no fim o nome do disco já não podia ser outro. Turdus Merula é o nome científico do melro preto.

PR - Para terminar, onde poderemos ver e ouvir o“electric farmer rock” dos Country Playground?

Country Playground - No próximo dia 4 de Outubro voltamos a Leiria para o festival “Há música na Cidade”, no dia 9 estamos na Fnac de Coimbra às 21.30h e no dia 23 vamos ao Sabotage, em Lisboa. Também vamos passar por Braga, no Sé la vie, no dia 7 de Novembro. Mas ainda estão a ser confirmadas mais datas da tour que entretanto poderão ir consultando no nosso facebook.

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