23/06/2016

JOANA RIOS | Discurso Direto


“Fado de Cada Um” é o disco de estreia de Joana Rios como fadista e que marca definitivamente uma fase de mudança na carreira da artista que encontrou no Fado o seu caminho de maturidade e expressão artística plena. “Fado de Cada Um” é uma edição Andorinha Fadista com distribuição digital Altafonte e distribuição internacional Xango Music e tem edição marcada para amanhã, dia 24 de Junho. Hoje em "Discurso Direto" é minha convidada Joana Rios.

Portugal Rebelde -  “(…) fugindo ao fado fugia de mim (…)” Esta Frase do célebre fado “Que Deus me perdoe” é o retrato perfeito do seu percurso musical?

Joana Rios - Absolutamente! O fado teve uma força tremenda na minha vida; durante muito tempo não conseguia perceber porque tinha uma sensação constante de orfandade musical, acho que foi esse sentimento que me levou a procurar tanta música, no entanto essa procura não me satisfazia e mantinha-se essa ideia de não pertencer a lado nenhum. Quando comecei a cantar fado de forma sistemática, há cerca de três anos, foi como o filho que volta a casa dos pais depois de uma longa ausência. O fado é algo que nos atinge no nosso coração da identidade e quando se encontra esse lugar torna-se algo de fundamental e imprescindível na nossa vida.

PR - O encontro em 2013 com o mestre António Parreira foi decisivo para este despertar para o Fado?

Joana Rios - Foi o Mestre Parreira quem apostou em mim e me fez acreditar que tinha uma alma fadista e que não era tão pequena quanto isso. Talvez porque o mestre falava uma linguagem musical que me era próxima. Com ele estudei exaustivamente o repertório, os estilos, os poetas, tão importantes no fado, os músicos e claro está, os fadistas. Foi uma paixão tremenda que me fez ouvir e deitar a mão a tudo que pudesse e isso mantém-se, ouço fado a toda a hora...

PR - “Fado da vida airada” e “Se tu fosses Lisboa” foram os singles escolhidos para apresentar este seu disco de estreia. Estes são os temas que melhor caracterizam o “espírito” deste “Fado de cada um”?

Joana Rios - Este disco é bastante autobiográfico e desse facto só me apercebi quando cheguei a um alinhamento final e comecei a olhar para cada escolha, percebendo que todas têm que ver comigo e com a minha história com o fado, com a cidade de Lisboa que eu amo tanto e que conheço como a palma da minha mão e com o amor, tema eterno. " Fado da vida airada" fala da nossa Lisboa de agora que está diferente, mais internacional, cada vez mais cosmopolita e da influência que esse momento tem na música da cidade que é o fado e de como também ele se transforma com a cidade. "Se tu fosses Lisboa" fala duma cidade idílica dominada pelos poetas pelos seus bairros e colinas e pelo Tejo que é tão inspirador, testemunha de grandes amores, chegadas e partidas.

PR - Apresenta hoje no Museu do Fado as canções deste disco. O que é que o público pode esperar deste concerto?

Joana Rios - Vai ser concerteza um concerto muito emotivo, a nossa preocupação, minha e dos músicos é a entrega que queremos colocar em cada fado, cada interpretação, cada nota. Estamos todos muito envolvidos com o disco e muito desejosos de ir para o mundo com ele.

PR - “Como fadista residente do Páteo Alfacinha, sente que o Fado está na “moda”?

Joana Rios - Há uma grande curiosidade em relação ao fado, por parte do público estrangeiro mas também pelos portugueses. Ontem o professor Rui Vieira Nery, na apresentação do arquivo digital, falava-nos de uma espécie de reconciliação com fado que a nossa candidatura a património da humanidade veio trazer à canção nacional e isso é visível para quem canta. Acho que o fado nunca mais vai sair de moda!

PR - Numa frase como caracterizaria este disco?

Joana Rios - "Fado de cada um" é um disco de emoção e descoberta de um destino fadista.

Sem comentários:

/>