07/06/2016

MIKE EL NITE | Discurso Direto



Mike El Nite é um dos expoentes de uma nova escola e uma nova sensibilidade no universo do rap nacional: estudou música electrónica, fez electro, trabalhou – e ainda trabalha – com Da Chick, rima, mas também se coloca atrás dos pratos em inúmeras ocasiões, nomeadamente para suportar outros artistas. Estes factos são relevantes apenas para se entender que o seu percurso e as suas coordenadas não lhe permitem um encaixe fácil na prateleira mais ou menos definida da cena do Hip Hop Tuga. Hoje, recebemos em "Discurso Direto" o "justiceiro" Mike El Nite.

Portugal Rebelde - No mundo cheio de coisas erradas este é o “justiceiro” que não se cansa de apontar o dedo?

Mike El Nite - Não sei se lhe chamaria apontar o dedo, mostro a minha visão do que me rodeia, mas penso que a responsabilidade é de todos, logo esse apontar de dedos não é mais que um beliscão para quem não consegue ver as coisas como são. (ou como eu acho eu são)

PR - Neste disco brincas de forma descomplexada mas carinhosa, com o passado e o kitsch da cultura popular. “Santa Maria” é um desses exemplos?

Mike El Nite - Penso que sim, mas em vez de brincar gosto de pensar que uso referências que não estariam à partida associadas a algo sério e injecto­-lhes essa carga. também é uma forma de criar sentimentos de pertença ao usar referências que são da cultura popular.

PR - Qual é o tema que melhor encarna o “espirito” deste “Justiceiro”?

Mike El Nite - O bom deste disco para mim é que conseguimos encarnar o espirito pretendido em todos os temas, tenho alguns preferidos mas penso que o que melhor caracteriza o álbum não é um tema em especifico, mas sim varias passagens ao longo das músicas

PR - Numa frase como caracterizarias este “Justiceiro”?

Mike El Nite - A melhor coisinha que ja fiz na vida, até ver.

PR - Para ti, a cantiga ainda é uma arma?

Mike El Nite - Não é a primeira vez que me perguntam, isso, mas não me vejo como um cantor de intervenção, acho que qualquer forma de expressão artística e intelectual pode ser uma arma, mas ultimamente é comum vermos armas em mostradores e estantes e não no campo de batalha. ha uma vulgarização da arte como forma de luta porque apoiar determinada causa pode trazer mais seguidores e simpatia a determinado artista, é importante que as mensagens conscientes não sejam apenas uma forma de aparentar defender causas, mas sim um veiculo de sensibilização e um combustível para mobilizações reais

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