01/12/2016

MORAIS DE CARVALHO | Discurso Direto


Com prefácio de Jorge Cruz (Diabo na Cruz) chegou recentemente às livrarias "Todos Iguais, Pouco Diferentes", um obra da autoria de Morais de Carvalho. Hoje em "Discurso Direto" é meu privilégio conversar com a autora deste livro. "Agora, neste preciso momento, esqueça o que está ao seu redor. Pare e sente-se comigo neste banco de jardim. Observe todas estas pessoas que correm, que sobrevivem, que morrem. Sinta o seu cheiro a desespero, veja a sua luta diária para pertencer à sociedade. Repare agora nos pormenores: a vizinha que me acolhe nos seus braços e me vem dizer um «olá», uma mulher que foge de mim por ter medo de se tornar num ser louco como eu e um gato que se esfrega nas minhas pernas. Venha, sente-se comigo no meu banco de jardim e no final poderá decidir se quer ser afinal como todos os outros...Sente-se, vou contar-lhe a minha estória, a minha loucura."

Portugal Rebelde - ”Todos Iguais, Poucos Diferentes”, este é um livro a pensar em todos aqueles que não têm medo de ser diferentes?

Morais de Carvalho - Pelo contrário, esta é uma obra que foi escrita principalmente para todos aqueles que têm medo de serem diferentes, para que ganhem a coragem de serem eles próprios. É claro que aquele leitor que já não tem medo de se expressar vai sentir uma empatia imediata com a personagem principal. Acima de tudo, este livro é para mudar a mentalidade da sociedade em geral, que aponta o dedo para a diferença, seja ela física ou comportamental. Por isso o grande objectivo deste livro é que o leitor tome consciência da sua condição finita, de que temos um prazo limitado para viver, e que por essa mesma razão não podemos perder tempo em ter vergonha de quem nós realmente somos, nem que isso cause uma curiosidade com uma conotação negativa no mundo. Que tenhamos coragem em sair da linha recta e que comecemos então a traçar o nosso próprio caminho.

PR - O prefácio desta obra tem a assinatura do músico Jorge Cruz (Diabo na Cruz). É verdade que os “loucos estão certos” como diz a canção?

Morais de Carvalho - É verdade que a nossa sociedade não tem uma clara definição sobre o conceito de loucura e tenta abafar a diferença. No nosso mundo, se alguém não seguir estritamente as regras sociais não tem qualquer hipótese em se integrar na sua comunidade. É verdade também que qualquer ser minimamente pensante que tente compreender e estudar as regras que todos nós “temos” de seguir acaba por se tornar um louco, como a personagem principal deste livro. Quem concordou que devíamos trabalhar oito horas por dia? Porque precisamos de um carro melhor do que o do vizinho? O que este livro explica é que a maioria dos comportamentos considerados normais não têm qualquer sentido. Nunca tivemos acesso a tanta informação como hoje em dia, mas não nos é dado o espaço necessário para a nossa introspecção, para criarmos a nossa própria opinião acerca de um assunto. Por exemplo, na escola todas as matérias, sejam ela história ou biologia, nos são ensinadas como se não existisse nenhuma margem de erro. Agora reflictam que há quinhentos anos atrás acontecia exactamente o mesmo! Nesse tempo, muitas dessas leis consideradas sem sentido hoje em dia eram transmitidas aos alunos como verdade absoluta. Que evolução é esta? O nosso ego é demasiado grande, e o nosso conhecimento muito fraco. A verdade é que pensamos em enviar humanos para Marte, mas nem a evolução da nossa espécie sabemos explicar devidamente, teorias essas que estão cheias de contradições e suposições. O louco do “Todos Iguais, Poucos Diferentes” pode ter uma doença mental, mas pelo menos parece ser o único a constatar a cegueira da nossa sociedade, e por isso está certo.



PR - “Há sentimentos na nossa vida que nós sabemos estarem a milhares de quilómetros de razão, mas que mesmo assim fazem todo o sentido dentro da nossa cabeça, ou melhor do nosso coração”. É tudo isto que faz de nós um ser (a)normal?

Morais de Carvalho - O ser humano considera-se o único ser racional na Terra, contudo o nosso comportamento é exactamente o oposto ao esperado por um ser que se considera tão inteligente. E sim, as emoções são muitas vezes culpadas por acções que aos olhos dos outros são o que consideramos “um tiro no pé”. Mas isso é bom! É sinal de que ainda reagimos aos nossos valores ou lutamos por algo que faz o nosso coração bater mais forte. Sintam-se orgulhosos de serem anormais com sentimentos.

PR - Que canção sugeria para “banda sonora” deste “Todos Iguais, Poucos Diferentes”?

Morais de Carvalho - Bem, como já foi mencionado a canção “Os Loucos Estão Certos” dos Diabo na Cruz faria todo o sentido para a banda sonora do meu livro. Contudo, sem dúvida alguma que a música “Slightly Mad” dos Queen encaixa que nem uma luva no “Todos Iguais, Poucos Diferentes”.


PR - Para terminar, por onde passa o seu futuro próximo?

Morais de Carvalho - Relativamente ao futuro estou a trabalhar em diferentes projectos ao mesmo tempo. Estou a tentar organizar o meu calendário de modo a conseguir comparecer ao máximo de feiras do livro possível. Estou a escrever também três obras completamente distintas! E tenho um projecto secreto que espero concretizar em breve. Mas mais não posso dizer…

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