18/01/2017

CHARANGA | Discurso Direto


A Charanga apresenta no dia 28 de Janeiro o álbum "Tribut´ó Ti Tobias" no Fórum Municipal Romeu Correia (Auditório Fernando Lopes Graça), em Almada,  Hoje em "Discurso prestamos Tributo a  Direto" à Charanga e ao Ti Tobias!

Portugal Rebelde - Este disco é um tributo a todos os que constroem e construíram a música ibérica ?

Charanga - Se a música ibérica existir, sim é um tributo a todos os que a construíram. Se não existir é, na mesma, um tributo a todos os que a construíram. É como as bruxas, ninguém acredita nelas mas que as hay, ai. Surgiu de forma natural esta ideia de tributo quando olhámos para as músicas que estávamos a compor e todas eram descaradamente um tributo a algo ou a alguém. Temos tributos a poetas, a pessoas próximas, a músicas mais ou menos mal-amadas, a instrumentos… e como nos movemos nas influências da música portuguesa mas também da espanhola pensámos que o termo ibérico era apropriado. O Ti Tobias por sua vez é português e emigrante, e espanhol e imigrante, e real e simbólico e representa todas estas pessoas, imagens e instrumentos.

PR - Clássicos da música tradicional revirados do avesso, tributos à sopa de feijão, desgarradas, salganhadas e homenagens ao emigrante do século XXI. É tudo isto que podemos descobrir no "Tribut'ó Ti Tobias"?

Charanga - Tudo isso e muito mais! Lá dentro está o resultado de um trabalho de um colectivo de artistas (temos o português radicado em Barcelona Dstry Trxh no design e serigrafia https://www.behance.net/dstry), a galega radicada em Madrid, Marta Baqueiro que é uma "creative coder" e que faz os nossos vídeos ao vivo http://www.martaverde.net/, o Luís Fernandes, um vídeo artista português que fez o nosso teledisco https://luifeli.wordpress.com/ e que contou com a participação de dezenas de pessoas. Para além disso temos músicos convidados como a Sofia Portugal na voz e o Miguel Simões no cavaquinho, bandolim e bouzouki. Este último acompanha-nos agora nos espetáculos ao vivo. Para além disso o disco surgiu de uma campanha inédita de financiamento colectivo mas sem recurso a plataformas formais de crowdfunding. Tudo feito com a prata da casa e com o apoio de centenas de pessoas que, muito para além de acreditarem no nosso trabalho, fazem também parte da Charanga.

PR - Qual é o tema que que melhor caracteriza o “espírito” deste álbum?

Charanga - Escolher uma só música é sempre ingrato. Talvez a rapsódia do pandeiro possa ser um bom exemplo. É uma ode ao pandeiro! Ou seja é uma mescla de músicas tradicionais com uma parte em mirandês e outra em espanhol, à volta do tema “pandeiros” que se tocam em ambos lados da raia seca dos dois países da península ibérica. Os temas mirandeses foram escolhidos do repertório do grupo Galandum Galundaina e o tema espanhol do repertório de Eliseo Parra. A estes músicos e amigos prestamos também homenagem. Por exemplo no nosso concerto de lançamento em Almada, tivemos a preciosa colaboração de alguns convidados. E nesta música em concreto contámos com as Adufe & Alguidar, um grupo de adufeiras de Lisboa. Esta partilha entre grupos e pessoas faz também parte da forma como gostamos de estar na música.



4. Numa frase como caracterizariam este "Tribut´ó Ti Tobias"?

Charanga - No nosso entender, uma mescla de música feita com recurso a tecnologias informáticas e electrónicas com elementos característicos da música popular (às vezes chamada de tradicional) ibérica. Este é, de facto, nossa estreia nos álbuns de tributo. E isto, de facto, não é só uma frase.

PR - Já tiveram a oportunidade de apresentar as canções deste disco em concerto. Qual tem sido o “feedback” do público?

Charanga - Por enquanto ainda não tivemos oportunidade de mostrar “feedback” ao público porque temos técnicos de som impecáveis. Mas, mais a sério, temos apresentado o álbum quase todo em concerto por todo o Portugal durante 2016 em vários festivais e auditórios de referência (Almada, Lisboa “Festival Pedras”, Teatro Municipal da Guarda, Miranda do Douro “Festival L Burro e l Gueiteiro”, Oliveira do Hospital “EXPOH”, Travanca de Lagos – Oliveira do Hospital “Festival Origens”, Aveleda – Bragança “Festival E a Burra Também”, Ilha – Pombal “Festival Ti Milha”, Penedono – Viseu “Outonalidades”, Carvalhal Redondo – Nelas “Festival Habitua-te”). A recetividade do público tem sido muito boa e surpreendente. Costumamos dizer: primeiro estranha-se depois Charanga-se.

Sem comentários:

/>