31/03/2017

ACE | Discurso Direto



Veterano do movimento hip hop nacional, Ace é membro fundador de uma das bandas com mais história no rap nacional, os Mind da Gap. Regressa agora a solo com o álbum “Marlon Brando” que conta com 13 faixas onde podemos ouvir as rimas acutilantes do costume, assim como os temas mais introspectivos, as músicas de amor e desamor e umas pinceladas de crítica político-social. Hoje no Portugal Rebelde recebemos o "padrinho" do rap naional.

Portugal Rebelde - Após 13 anos da tua estreia, regressas com o o álbum “Marlon Brando”. A que se fica a dever este longo “silêncio”?

ACE - Principalmente, por ser um jogador de equipa. Não me fazia sentido eu apostar mais na minha carreira a solo, sabendo que os mdg poderiam ser prejudicados com isso. Uma questão de lealdade e honra. Tentei algumas vezes começar a trabalhar em álbuns, alguns cheguei mesmo a acabar, mas coincidiram sempre com a vontade do grupo de começar a trabalhar também e os meus foram sempre postos em segundo plano. Isto já para não falar nos discos com vírus e avarias de computadores.

PR - Ao longo das 13 canções deste disco é possível ouvir umas “pinceladas” de critica político-social. A cantiga (ainda) é uma arma?

ACE - Acho que a situação é a mesma de sempre, talvez os números sejam diferentes. A cantiga foi e é uma arma para as pessoas que têm interesse em ouvi-la assim. Hoje, os números de pessoas interessadas em música com conteúdo talvez sejam menores. Mas o importante para quem cria, a meu ver, nem é o tamanho do público, mas sim a vontade que tem de dizer certas coisas e passar certas mensagens. Quem quiser ouvir, ouve.

PR - Qual é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste disco?

ACE - Não creio que tenha um tema neste disco que o caracterize. É um álbum variado demais para isso, na minha opinião.

PR - A que se fica a dever a escolha de “Marlon Brando” para título deste álbum?

ACE - Marlon Brando é o nome do actor que faz o papel de Don Vito Corleone nos filmes d'O Padrinho. Padrinho é um cognome que muita gente no Rap, principalmente no Porto, usa para se referir a mim. Pelo papel que desempenhei nestes 24 anos de carreira, pareceu-me justo. Essa é a conotação principal. Mas este álbum não é só "O Padrinho", é muitas outras coisas. Daí não se chamar Don Corleone, por exemplo, mas sim Marlon Brando, porque ele não fez só o Padrinho, também fez o "Há lodo no cais" ou "Um eléctrico chamado desejo".

PR - Numa frase como caracterizarias este “Marlon Brando”?

ACE - Parafraseando o Dr Dre: "you tryin' to be the king, but the ace is back"

PR - Para terminar, é verdade que este disco é uma espécie de preâmbulo para aquilo que será o teu próximo trabalho?

ACE - É verdade que deste disco fazem parte músicas de um álbum que eu estava a preparar e ao qual contava dedicar mais tempo. Entretanto, a vida aconteceu e tive que tomar decisões rapidamente. Juntei algumas dessas músicas com coisas completamente novas e fiz um "mash-up" de letras em "reserva" com beats novos e nasceu este disco. O que significa que ainda acontecerá, no mínimo, mais um álbum meu a solo, com essas músicas que tenciono trabalhar com mais tempo e calma.


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