07/07/2017

FADO LELÉ | Discurso Direto


"Portugal Sabe o Que é", é este o título escolhido para o disco de estreia de Fado Lelé, uma banda de fortes raízes lusófonas. As suas melodias são inspiradas e revisitadas num fado intemporal e vestidas a seu próprio gosto, dançante, com as sonoridades peculiares do ukulele e do bandolim. Hoje recebemos nesta "casa portuguesa" o Fado Lelé.

Portugal Rebelde - ”Portugal Sabe O Que É”, é este o nome do vosso álbum de estreia. É este o disco que “sonharam” um dia gravar?

Fado Lelé - Não sei se é propriamente o disco que um dia sonhámos gravar. Este album não foi demasiado pensado , é um trabalho mais instintivo e espontâneo, na realidade o Portugal sabe o Que é surgiu porque as pessoas no final dos concertos vinham ter conosco e perguntavam se tínhamos cds para vender. Respondíamos que não e esta situação começou a ser frequente. A partir de certa altura percebemos que seria pertinente gravarmos um disco que fosse um retrato o mais fiel possível do que fazemos ao vivo. Fomos para estúdio e registámos os temas tal como os tocamos ao vivo, tínhamos um repertório, uma sonoridade, uma estética e decidimos gravar assim. Não houve propriamente a preocupação de fazermos um disco muito conceptual ou com uma temática marcante, o nosso único conceito foi sermos fieis a nós próprios e apresentar o nosso som e o nosso estilo enquanto banda. Sobretudo revermo-nos enquanto músicos e pessoas nos temas que gravámos.

PR - O single de avanço deste primeiro disco foi “Amor Limão”, um original do grupo. Houve alguma razão especial na escolha deste tema?

Fado Lelé - De certo modo sim, o Amor Limão foi o primeiro original do grupo a ser escrito e divertimo-nos imenso quando o ensaiámos, ficámos agarrados á canção, andámos durante muito tempo a cantarolar a mesma e como ao vivo o público também a cantava de um modo espontâneo decidimos escolher essa música para 1º single.

PR - Neste “Portugal Sabe O Que É” revisitam alguns clássicos como “Vou dar de beber à dor”, “Noites da Madeira”, “Uma Casa Portuguesa” entre outros. Esta é também é uma forma de dar uma vida nova à “tradição”?

Fado Lelé - Sem dúvida que sim, é aliás um dos aspetos mais marcantes em Fado Lelé. Se por um lado assumimos a tradição, por outro não a queremos apenas repetir, há um renascer, uma vida nova, caminhos musicais igualmente novos que se abrem e sobretudo uma maneira renovada de ser português no nosso século. Virados para o mundo e sem esquecer as nossas raízes.

PR - Que sonoridades musicais podemos encontrar neste disco, que é uma janela para o mundo?

Fado Lelé - Muitas e diversificadas. Há elementos da country music americana, jazz manouche, new orleans, algo das mornas, da rumba flamenca, até de reggae e algum rockabilly e obviamente fado. Por ex. no caso do Amor Limão , quando fizemos os arranjos, na primeira parte do tema há um compromisso entre o country bem vintage que vinha da saudosa Sun Records de Memphis, anos 50 ,o fado e algo da folk do Norte da Europa, na segunda parte entramos pelo ska com um gosto a marcha popular. Consoante aquilo que uma canção nos transmite a maneira de realizar o " filme musical" pode variar muito, tudo depende da inspiração do momento. Na Rua do Capelão a presença dos deltablues é notória, damos um salto até ao Mississipi, no Mal de Amor temos África e Brasil lado a lado, no Foi na Travessa da Palha há morna com rumba e depois apontamos para manouche, enfim, há toda uma viagem por várias estações musicais.

PR - Qual tem sido “feeback” do público a este disco de estreia?

Fado Lelé - Tem sido bom, as pessoas revêm a banda no disco, muitos dos que o compraram já tinham assistido aos nossos concertos e até comentam porque é que não gravaram também esta e aquela...que já conhecem dos espetáculos, até agora temos recebido opiniões elogiosas, outras mais críticas, mas o balanço tem sido francamente bom.

PR - Para terminar, numa frase como caracterizariam este “Portugal Sabe O Que É"?

Fado Lelé - Um disco sem tempo nem idade, com muito mais música do que saudade.




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