14/11/2017

MARCIANO | Discurso Direto


No próximo dia 16 de Novembro, Marciano apresenta no Titanic Sur Mer, em Lisboa “14.000 Dias entre Terra e Marte”, o fim de uma viagem, mas o inicio de outra ainda com mais sabor. Hoje em "Discurso Direto" é meu convidado Marciano.

Portugal Rebelde - “14.000 Dias entre Terra e Marte”. Este é disco que um dia sonhaste gravar?

Marciano - Claro que não! A verdade é que nunca imaginei um dia ter um disco com estas características! Sonho com a música desde os meus 7 anos e desde 1997 que estive ligado a bandas que se alimentavam predominantemente do universo rock. Sempre fui um vocalista que apenas se limitava a criar as suas linhas vocais e as respectivas letras. Não era um compositor pois não sabia tocar nenhum instrumento, logo sempre estive dependente de outros seres humanos para sobreviver musicalmente. Quando fui viver para Lisboa, não conhecia músicos com que pudesse trabalhar e a minha “fome criativa” aumentava drasticamente. Até que um dia tive acesso a um Ipad, que se tornou a minha primeira ferramenta de composição. Pouco a pouco, comecei instintivamente a criar músicas, sem pensar nas sonoridades que estavam a desabrochar. Simplesmente deixei-as crescer. A partir de certa altura apercebi-me que tinha um grande punhado de canções e que,sem querer, tinha um novo projecto em mãos, sem saber como pô-lo na prática. Tendo como ponto de partida esse momento e o ponto de chegada o lançamento do disco, posso analisar que o percurso efectuado foi honrado. Por isso será mais sensato afirmar que foi um sonho este disco ter sido gravado um dia.

PR - Rock, electrónica, industrial, indie, gótico e fado, tudo servido em canções com refrões orelhudos. É tudo isto que podemos encontrar no álbum “14.000 dias entre Terra e Marte”?

Marciano - Após ter criado todas as músicas sem terem sido pré-concebidas, acho que é natural um artista tentar analisar as suas obras durante após a conclusão das mesmas. Acho que no geral as músicas presentes em "14.000 Dias..." são bastantes acessíveis, daí afirmar sem vergonha alguma que uso uma linguagem pop, mas a verdade é que sou um grande ouvinte de música de muitos géneros musicais e um “filho” da música alternativa. Logo não acho bizarro que um ser que cresceu no rock mas sempre gostou de muitas outras sonoridades que nunca “cozinhou”, no momento em que tem oportunidade para compor, comece a "tirar do saco das compras" todo o tipo de influências, em doses muito refinadas ou não. Exemplos disso são "Umedo" e "Cães", que têm alguma influência industrial, "Sulidão" e "Choro Cinza" um teor mais gótico, "M78" algo de indie, "Valeu a Pena" uma versão de um fado, etc., etc.,etc. Mas não sou que tenho de dissecar as minhas músicas. São os ouvintes, se assim o entenderem.

PR - Este disco encontrou na linguagem pop com reminiscências anos 80. António Variações, Heróis do Mar e Sétima Legião, são nomes que de alguma forma te marcaram?

Marciano - A quem não marcou? Os anos 80 foram muito interessantes a nível mundial no que toca à pop electrónica.Apesar de ser muito novo nessa época, sempre tive uma impressionante memória auditiva e recordo-me, por exemplo, com apenas 5 anos, ouvir pela primeira vez "Fade to Grey" dos Visage, mas só muitos anos depois saber de quem era a música. Os nomes de António Variações, Heróis do Mar e Sétima Legião encontram-se na minha biografia pois tem sido o público a comparar-me com estes grandes artistas, compreendendo as razões para tal. Estou a fazer o mesmo que eles. A beber das imensas influências musicais que tenho, daí pegar na frase do Variações “Entre Braga e Nova York” e personalizando-a para “Entre Terra e Marte”.

PR - Qual é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste “14.000 dias entre Terra e Marte”?

Marciano - É uma pergunta a que vou dar uma resposta arrancada a ferros. “14.000 Dias entre Terra e Marte“ é a minha idade terrestre e consequentemente o meu passado repartido em várias fracções díspares. Logo tenho músicas que são a personalização de vários sentimentos com que me defrontei em alturas específicas da minha vida, confissões pouco perceptíveis, auto-recados, declarações de amor, entre outras coisas. Por isso, de uma forma ou de outra, é impossível que apenas uma música seja o “espírito” deste disco. “14.000 Dias entre Terra e Marte” é uma parte do meu espírito que vos ofereço. Mas não de mão beijada, como poderá parecer à primeira vista.

PR - No próximo dia 16 de Novembro, apresentas as canções deste disco no Titanic Sur Mer, em Lisboa. O que é que o público pode esperar deste concerto?

Marciano - Depende do público de que falamos. Para quem não me conhece de todo, terá uma grande surpresa pois eu saio dos parâmetros normais de um artista nacional. Digamos que se há local onde a atitude rock nunca me larga é em palco. A visceralidade, emotividade, irreverência, esquizofrenia e versatilidade são ingredientes que estão sempre presente nos meus espectáculos. Para quem apenas conhece o Marciano, simples ser humano e membro integrante da sociedade e nada da vertente artística, vai pensar que está outra pessoa em palco. Para quem me conhece de outros projectos, vai ficar surpreso com a minha mudança musical. Para quem já conhece Marciano em disco mas nunca viu ao vivo, vai sentir como as músicas são genuínas. Por último, para quem conhece Marciano ao vivo e a cores, fica prometido um espectáculo mais maduro, mais consistente e mais refinado. Não esquecer que terei em placo a preciosa ajuda de Miguel Cervini e Duarte Cabaça.

PR - Para terminar, numa frase como caracterizarias este disco?

Marciano - “14.000 Dias entre Terra e Marte” é o fim de uma viagem mas o início de outra.


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