19/01/2018

FUGLY | Discurso Direto


Dois anos depois do primeiro EP Morning After, após muito sangue, suor e lágrimas, os Fugly seguem o seu percurso em busca do caos e da excentricidade frenética do noise e do garage, bem como a cura para a ressaca, com o novo "Millennial Shit", editado hoje pela editora independente O Cão da Garagem. Os millennials são a Geração Y, os jovens nascidos entre os anos 80 e os anos 90, época que culminou na maior taxa de nascimentos per capita. São a voz do emprego precário, dos estágios intermináveis, da abstenção política, dos direitos dos animais, do vegetarianismo, da erradicação dos estigmas populares, da preguiça, do aborrecimento, da legalização da marijuana, dos smartphones, da falta de emoção e capacidades sociais, da depressão antecipada, do controlo hormonal e do capitalismo forçado. 

Portugal Rebelde - Já descobriram a solução para as questões que vos juntaram em 2015? Como se entra para as áreas secretas dos jogos do Tony Hawk? Qual a melhor cor de calças? Cerveja: gelada ou morninha?

Fugly - Agora já temos o jogo passado a 100%, já não há mais nada que possamos descobrir, ou pelo menos é o que acreditamos. Cor de calças: preto. Cerveja gelada para o Jimmy e o Nuno. O Rafa fica pela tradição belga.

PR - Qual é o mote para as canções de “Millennial Shit”?

Fugly - O disco anda à volta das características da nossa geração Millennial. É uma crítica para os dois lados: de um lado vemos uma geração que nasceu numa altura em que as guerras mundiais eram coisas do passado, a economia estava a crescer, a tecnologia era de ponta e no entanto nos dias que correm, com toda a informação ao nosso dispor, parecemos estar presos num ciclo vicioso de estágios intermináveis, falta de segurança financeira, dependência das redes sociais, o futuro é assustador e vivemos constantemente debaixo das asas dos pais. Com isto a acontecer em pano de fundo, temos uma história de um Millennial que inserido neste ambiente tenta superar um romance perdido com saídas à noite depressivas onde o álcool e algumas substancias são o único escape.

PR - Qual é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste “Millennial Shit” ?

Fugly - O tema "Millennial Shit" é o que se calhar junta todos os tópicos numa só letra. É mais abrangente.

PR - O disco finaliza com uma música sem nome, “XXXXX”. Há alguma razão para esta “surpresa”?

Fugly - A última música serve para fechar um ciclo. Quando fizemos o primeiro EP, “Morning After”, exploramos um bocado o conceito que viria a ser o álbum, mas deixámos a coisa a nosso ver, inacabada. Este tema acaba por complementar o que faltou dizer no EP. Acabámos também por criar um elo de ligação entre as duas obras e a letra acaba por explicar isso de certa forma, de que por mais bem que estejamos na vida vai haver sempre uma recaída e que tudo isso não passa mais do que um ciclo.

PR - No dia 24 de Fevereiro apresentam as canções deste disco no Boreal Festival de Inverno, em Vila Real. O que é que o público pode esperar deste concerto?

Fugly - Muito suor, acima de tudo. Não é um concerto de Fugly sem haver uma cerveja entornada e umas cordas e baquetas partidas. Isso vos garantimos!

PR - Para terminar, numa frase como caracterizariam este disco?

Fugly - Rock n’ Roll de patins num supermercado com sabor a uma margherita da Pizza Hut.





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