27/04/2018

HENRIQUE BORGES | Discurso Direto


E se a guitarra portuguesa deixasse de ter fronteiras e o estilo musical, a atitude e as composições fossem radicalmente diferentes da abordagem tradicional? Foi este o desafio a que Henrique Borges se propôs ao abraçar o seu novo trabalho “Incursão”, que hoje chega às lojas. Nesta incursão, os caminhos são desbravados, com mestria, pelo músico, que, a solo, ousa criar um trabalho disruptivo, que inclui um álbum, um livro de fotografia e um conjunto de vídeos alicerçados no tema da exploração urbana. Hoje em "Discurso Direto" é meu convidado Henrique Borges.

Portugal Rebelde - Desde quando é que começou a interessar-se pela guitarra portuguesa?

Henrique Borges - Durante muitos anos dei aulas de guitarra clássica e eléctrica. Em 1996, um aluno levou uma guitarra portuguesa para a aula pedindo-me para a experimentar e eu fiquei imediatamente rendido. Desde então, as músicas que componho são sempre com este instrumento nas mãos e cada vez que a toco sinto-me inspirado pela sua sonoridade e pelas suas inúmeras potencialidades. É uma paixão que dura até hoje.

PR - A sonoridade da guitarra portuguesa está desde há muito tempo associada ao fado. Neste disco faz uma “incursão” diferente da abordagem tradicional. A guitarra portuguesa é para si um instrumento sem fronteiras?

Henrique Borges - A guitarra portuguesa é o som de Portugal. O trinar das cordas é inconfundível e guarda em si um simbolismo que admiro e respeito. Não obstante, a guitarra portuguesa pode ir além da sua conotação tradicional e que a tornou indissociável do fado. Podemos atrever-nos a levá-la por outros caminhos, experimentar, inovar, modernizar. E dessa forma soltá-la dos “grilhões” do fado e mostrá-la de outra forma ao mundo, abolindo fronteiras. E é precisamente este desafio que é explorado no meu álbum, “Incursão”.

PR - Associado à edição deste disco há também um livro de fotografias e vídeos numa incursão por lugares abandonados. Música, fotografia e video é a triologia que dão vida à sua visão artística?

Henrique Borges - Quando comecei a gravar o álbum estava longe de prever que este seria o resultado final. Mas agora não o imagino de outra forma. Sempre me interessei por vídeo e por fotografia e o projecto foi crescendo e amadurecendo até chegar a este resultado: um álbum que junta um livro de fotografias e vídeos que complementam a música que componho, trazendo-a para uma dimensão material totalmente alinhada com a minha visão artística enquanto compositor. O resultado é inédito e não me poderia deixar mais satisfeito.

PR - “Incursão” será apresentado no próximo dia 19 de Maio no Auditório Camões, em Lisboa. O que é que o publico pode esperar deste concerto?

Henrique Borges - No dia 19 de Maio o público vai assistir a um espectáculo único. E será único não devido a distrações visuais ou efeitos dramáticos mas antes pela sua brutal honestidade e entrega. Será um concerto no qual eu e os músicos que me acompanham tocaremos melodias únicas, carregadas de nuances, emoções, sentimentos e reflexões, despindo a guitarra portuguesa de pré-conceitos, ao modernizar a forma de a tocar. Será seguramente um concerto surpreendente e inesquecível.

PR - Para terminar, numa frase como caracterizaria o álbum “Incursão”?

Henrique Borges - Um álbum com uma sonoridade única que fica na memória sem se perder no tempo.


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