15/05/2018

ANAQUIM | Discurso Direto


Os Anaquim editaram recentemente o primeiro disco ao vivo. “Anaquim | 10 anos - ao vivo” regista o concerto do passado mês de Dezembro, no Convento São Francisco, onde a banda contou com a participação de Ana Bacalhau, Jorge Palma, Luísa Sobral e Viviane. Com casa cheia, a banda celebrou a aventura a que deu início dia 24 de Abril de 2008 e que já resultou na edição de “As Vidas dos Outros” (2010), “Desnecessariamente Complicado” (2012) e “Um Dia Destes” (2016). Hoje em "Discurso Direto" são meus convidados os Anaquim.

Portugal Rebelde -  “Anaquim | 10 Anos ao vivo”. Foi esta a fórmula que encontraram para dizer “Obrigado” a todos aqueles que vos acompanham desde 2008?

Anaquim - Sem dúvida. Estes 10 anos nunca seriam possíveis sem as pessoas que percorreram este caminho connosco. Sem público, teríamos apenas um punhado de canções, e não 10 anos de histórias e memórias do Universo Anaquim, que já há muito que deixou de ser exclusivamente nosso para ser tornar num mundinho partilhado por esse mundo fora, quer nos palcos quer fora deles. Fizemos questão de fazer este concerto na data precisa que marcava 10 anos do primeiro ensaio, na cidade que nos viu nascer. Juntámos iluminação e vídeo, num trabalho que muito exigiu da nossa equipa, mas penso que conseguimos esse agradecimento digno às pessoas que nunca deixaram de marcar a sua presença. Para que ainda mais pessoas se juntem a essas, e para aquelas que por um motivo ou por outro não conseguiram estar presentes, resolvemos lançar o registo do que foi para nós um concerto inesquecível.

PR - “Anaquim | 10 Anos ao vivo” regista o concerto do passado mês de Dezembro, no convento São Francisco, onde a banda contou com a participação de Ana Bacalhau, Jorge Palma, Luísa Sobral e Viviane. Querem falar-nos um pouco da participação destes ilustres convidados?

Anaquim - Com a participação dessas figuras incontornáveis da música nacional no concerto do Convento, conseguimos recriar ao vivo toda a alegria e orgulho que sentimos quando registámos esses duetos em disco. Conseguiram tornar uma noite mágica numa noite ainda mais especial. Já tínhamos tido essa comunhão noutros eventos, mas juntar esses nomes num único concerto, e poder presentear o público com esse desfile de talento significou muito para nós. Não gostamos que as colaborações se esgotem no trabalho de estúdio, e embora infelizmente não tenha sido possível levar a palco toda a gente que colaborou connosco, a verdade é que ao longo destes 10 anos tentámos aprender com todos, sempre com uma componente orgânica, e dar também um pouco de nós.

PR - Este disco conta com o tema “Relógio”, um inédito que fará parte do próximo disco de originais. De que que é que nos fala esta canção?

Anaquim - Esta canção fala-nos do sentido de urgência com que muita gente vive actualmente, muitas vezes à custa de passarmos pouco tempo com as pessoas de quem mais gostamos. Por vezes é inevitável, outras vezes pensamos que haverá tempo para isso “mais tarde”, sempre mais tarde. O refrão do “Relógio” reforça a importância de pararmos e dizermos: este tempo é para ti, é para nós, sem distrações, nem interrupções. Não sei bem se é uma tentativa de não deixar o presente hipotecar o futuro ou o contrário, e quando assim é o melhor é parar o tempo e deixar que o nosso relógio seja alguém que nos é próximo.

PR - E para quando podemos esperar novidades dos Anaquim?

Anaquim - Para muito breve já estarão disponíveis novos conteúdos, que deverão tomar forma física mais no fim do Verão. Temos vindo a trabalhar no quarto álbum, que está já no nos últimos retoques, e estamos ansiosos por estrear essas canções nas rádios e por esse mundo fora.

PR - As vidas dos outros será sempre o mote paras canções dos Anaquim?

Anaquim - Sim, não esquecendo que somos todos “os outros” uns para os outros. A nossa música divide-se entre o polo social, mais centrado no eu com os outros, e o polo pessoal, mais centrado na convivência do eu consigo próprio, uma relação que raramente é fácil e quase nunca é pacífica. Isto não significa que as músicas sejam densas, nada disso, muitas vezes é nos pequenos pormenores que vamos buscar inspiração para os nossos temas e para as nossas letras. Claro que esses pormenores têm por vezes implicações para a “big picture” e é também isso que por vezes exploramos.

PR - Que memórias guardam de 10 anos de canções?

Anaquim - Demasiadas para caberem na resposta a uma pergunta... Aliás, algumas dessas memórias são perguntas. Entre os duetos que já referimos, uma digressão pela África austral, onde percebemos que a nossa música apesar de cantada em português ultrapassa as barreiras da linguagem e onde aprendemos imenso a nível humano, tocarmos como cabeça de cartaz na Queima da nossa Cidade, num concerto em que pudemos retribuir alguma coisa do muito que recebemos de Coimbra, e as inúmeras participações solidárias, em que percebemos que qualquer contributo pode fazer a diferença, guardamos centenas de memórias, todas diferentes para cada um dos palcos que pisámos e para cada uma das faces que nos sorriu ou apupou.

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