02/08/2018

SUZI SILVA | Discurso Direto


Chama-se Suzy Silva e acaba de apresentar o EP "Fad´AZZ", um  projeto musical que combina Fado, Jazz, Bossa Nova e outras músicas do mundo. Hoje em "Discurso Direto" é minha convidada Suzi Silva, uma portuguesa radicada no Canadá.

Portugal Rebelde - Antes de mais, quem é a Suzi Silva?

Suzi Silva - Sou cantora, compositora. Gosto de fado, gosto de jazz, gosto de música dita “do mundo”. Interesso-me por tudo o que valoriza a nossa cultura e quero ser uma das vozes dessa valorização. Eu terminei recentemente o meu bacharelato em Jazz na Universidade de Montreal, mas antes de vir estudar música aqui no Canadá eu estudei em arquitectura, em Coimbra. Eu sempre fui uma apaixonada de música, e sempre quis criar algo que pudesse estabelecer pontes entre Fado e Jazz.

PR - Emigrou para o Canadá apenas com 6 anos de idade. De que forma o fado entrou na sua vida?

Suzi Silva - Eu vim para Montreal com 6 anos, com a minha família. A música que se ouvia em casa era maioritariamente portuguesa, e maioritariamente fado. Foi assim que aprendi a gostar de fado, foi muito natural. Quando cheguei aos 11 anos o meu pai levou-me a um restaurante/casa de fados que aqui existia e disse aos músicos que eu cantava. Então deixou-me em frente aos senhores com as suas guitarras e lá comecei eu a cantar ( Vou dar de beber a dor) com muita naturalidade. Todos ficaram muito surpreendidos com o meu à vontade com o fado. Mais tarde com 12 anos regressei a Portugal, mas estranhamente tive menos contacto com o fado em Portugal do que no Canadá. Acho que os portugueses e luso-descendentes que aqui vivem dão muito valor à tradição do fado.

PR - Fad’AZZ é o seu projeto acaba do apresentar. Que caminhos musicais percorre neste projeto?

Suzi Silva - Regressei ao Canada em 2013. Em Portugal formei-me em arquitectura, mas havia sempre aquele vazio e a sensação de que algo estava por fazer. Sempre mantive a música na minha vida e sempre me tentei educar, mas para fazer « a minha música » precisava de formação. Foi assim que regressei a Montreal e me candidatei à Universidade de Montreal, à Faculdade de Música, no programa de Jazz. Consegui reunir as ferramentas para ser autónoma na minha criação musical e ter os conhecimentos para fazer o meu projecto, Fad’AZZ, que reúne fado e jazz. Fui simultaneamente compositora, arranjadora, directora musical, cantora...

PR - “Fado Mestiço – Amanhã” foi o single de apresentação do EP “Fad´AZZ”. Este é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste disco?

Suzi Silva - Definitivamente. Foi também galardoado com um premio nos IPMA 2018 (International Portuguese Music Awards). O Fad’AZZ reúne fado e jazz mas a ideia era ser aberto a outras fusões e cruzamentos. A música não deve estar estagnada em caixas estilísticas estanques, tudo se toca e se relaciona. No Fado Mestiço considero ter alcançado um bom equilíbrio entre elementos “fadísticos”, “jazzísticos” e de outras sonoridades. Isto também devido à participação do acordeonista Sergiu Popa, um músico muito solicitado aqui no Canada, de origem Moldava, mas que é um grande especialista de todas as músicas da Europa de Leste.

PR - Gostaria de apresentar as canções deste disco nos palcos portugueses?

Suzi Silva - Com certeza. Um músico faz música para a poder partilhar com o mundo. Gostaria muito de poder dar a conhecer este trabalho em Portugal.

PR - Para terminar. numa frase apenas como caracterizaria o EP “Fad´AZZ”?

Suzi Silva - Para mim o Fad’AZZ foi a realização de um sonho, mas acima de tudo, a prova de que eu sou capaz de compor e criar música original e de qualidade, valorizar as minhas raízes, o meu fado, mas dar também algo de novo à minha cultura. Para um cantor com uma educação musical tardia, isto foi sem duvida um enorme desafio.


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