Os Gaiteiros de Lisboa lançaram em Abril o novo álbum “Bestiário”, o sexto disco de originais dos seus quase 30 anos de carreira. “Bestiário” confirma como os Gaiteiros de Lisboa, vinte e seis anos depois do início e com uma formação nova, continuam a ser “outra coisa”, a habitar o mesmo universo privado alheio a modas passageiras e aberto a tudo o que nele caiba. Ou seja, os mesmos Gaiteiros de sempre: imprevisíveis, inconfundíveis, imprescindíveis. Hoje em "Discurso Direto" é meu convidado Carlos Guerreiro.
Portugal Rebelde - ”Bestiário” é um disco que procura explorar novos caminhos?
Calos Guerreiro - Se considerarmos que essa é uma característica que permanence em nós desde o início, pode dizer-se que este disco não foge à regra. Se não, não valeria a pena. Seria a morte!
PR - Moderna, inventiva, viva, contemporânea e intemporal. São estes os adjetivos que continuam a marcar a música Gaiteiros de Lisboa?
Carlos Guerreiro - Pelo menos procuramos que assim seja. Por vezes somos traídos pelo próprio processo criativo, e nem sempre as coisas saem como foram imaginadas. Isso faz parte do processo, e às vezes o resultado acaba por ser ainda mais interessante. Cabe depois a quem ouve fazer o juízo final. Os nossos temas estão em mutação permanente. Acho, portanto, que nos assentam bem todos esses adjectivos.
PR - O novo álbum conta com convidados especiais como Zeca Medeiros, Filipa Pais, João Afonso, Pedro Oliveira (Sétima Legião), Rui Veloso e o colectivo vocal feminino “Segue-me à Capela“. Quer falar-nos um pouco destes “encontros”?
Carlos Guerreiro - Desde há alguns álbuns para cá , temos convidado amigos para participarem na gravação de alguns temas. É um hábito saudável que tem sido adoptado por grande parte dos artistas e bandas portugueses, e não só, e que serve para expressarmos uns aos outros a nossa admiração e carinho, para além das obras resultarem musicalmente muito enriquecidas.
PR - Vinte seis anos depois do início e com uma formação nova, “Bestiário” confirma os Gaiteiros de Lisboa como “outra coisa”?
Carlos Guerreiro - Essa é a forma natural da nossa existência.
PR - Que memórias guardam de 26 anos anos de carreira?
Carlos Guerreiro - Tudo na vida é feito de coisas boas e coisas menos boas. Não sei porquê, mas se me pedirem que fale de uma coisa má, vou ter que pensar um bocado, e não sei se conseguirei. O que fica de gratificante ao fim de 26 anos, são, sem dúvida, não apenas os concertos, mas também tudo o que está à volta: as pessoas que fomos conhecendo, os amigos que fomos fazendo, o lugar que fomos conquistando à mesa desta grande família musical portuguesa, as viagens, os aplausos, enfim, o reconhecimento de tudo aquilo por que temos lutado, e que só faz sentido se for compreendido por quem nos ouve, quer com os sentidos, quer com o corpo e as emoções.
Sem comentários:
Enviar um comentário