09/03/2020

ANÍBAL ZOLA | Discurso Direto


Chegou muito recentemente às lojas "Amortempo", o novo disco de Aníbal Zola, músico integrante de projetos como  Palankalama e Les Saint Armand entre outros. "Amortempo" é essencialmente um disco de canções em português com uma abordagem musical de busca de identidade produzido por um contrabaixista. Um álbum, que resulta do desejo de juntar o contrabaixo e a voz a um conjunto generoso de participações de outros músicos extremamente talentosos que têm vindo a cruzar-se com Aníbal Zola.

Portugal Rebelde - Amor, Morte e o Tempo. São estes os temas percorrem o disco “Amortempo”?

Aníbal Zola - Sim, este disco anda à volta desses três temas com alguma excepção. Quando comecei a pensar num conceito geral para este disco já tinha umas 4 ou 5 canções prontas que sabia que iam estar incluídas e então fiz o exercício de tentar resumir os assuntos que eu andava a abordar. Surgiram-me então estes três temas e eu decidi abraçar a ideia mesmo depois de me aperceber que historicamente já foram muito explorados tanto na arte como na filosofia e literatura, achei piada à forma como me surgiu esta ideia, despretensiosa. A ideia de juntar amor e tempo estando a morte lá no meio, escondida, surgiu num brainstorming que fiz com um amigo meu, o Diogo Carvalho. Eu achava Tempo, Amor e Morte um título um bocado pesado e o Diogo reparou que amor e tempo juntam-se na morte, eu adorei e assumi.

PR - É verdade, que normalmente o seu trabalho é caracterizado pelos opostos, pela contradição, quente e frio, ácido e doce, cheio e vazio, rápido e lento, vida e morte, amor e ódio...?

Aníbal Zola - Eu costumo ser bastante aleatório a escrever as minhas canções, costuma ser um exercício de busca sonora, uma procura de alguma coisa que dê pica, que acenda o rastilho, depois a canção quase que se faz sozinha. Acho que o meu trabalho se caracteriza pela contradição a vários níveis, por exemplo, este é um disco em que eu procurei explorar a música portuguesa (Fado, Folclore), além de ter estendido a outros países para além do Brasil na América Latina, no entanto, e para esta “salada de frutas” ser ainda mais completa, ainda consegui pôr América do Norte no disco. Acho também que as minha forma de desenvolver as letras não é muito convencional, o assunto fica sempre meio em aberto, salvo algumas excepções. Acho também que tanto sou super melancólico como sou muito bem disposto na minha abordagem. Eu sinto que todas as vezes que eu tento catalogar, definir, caracterizar a minha música, tenho sempre de dizer salvo algumas excepções.

PR - Neste disco procura fundir música portuguesa com música latino americana?

Aníbal Zola - Sim, essa é a tónica dominante neste disco, salvo algumas excepções obviamente.

PR - Qual é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste disco?

Aníbal Zola - Apesar de essa ser uma pergunta difícil, eu vou responder o D. Boa Morte pela importância que este tema teve na construção deste disco. Foi a minha primeira aventura pelo fado e foi a primeira música que experimentei tocar com o Juan de La Fuente que foi muito importante nas sonoridades Sul Americanas extra Brasil presentes no álbum.

PR - No próximo dia 19 de Março as canções deste disco são apresentadas no Ferroviário, em Lisboa. O que é que o público pode esperar deste concerto?

Aníbal Zola - Será um concerto em trio com o Juan de la Fuente nas percussões e com o Romain Valentino nas restantes cordas (cavaquinho de cabo verde, bandolim e guitarra eléctrica) e nas vozes. Podem esperar um concerto de um trio de música latino portuguesa minimal popular tocada com muita energia e enriquecida com alguns momentos de improvisação e de exploração sonora.




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