30/04/2020

CÉSAR CARDOSO | Discurso Direto


Em pleno Dia Mundial do Jazz recebemos hoje em "Discurso Direto" César Cardoso. O músico editou recentemente o álbum "Dice of Tenors", um disco para o qual César Cardoso escolheu 8 temas, 6 dos quais são Standards do Jazz celebrizados por alguns dos maiores saxofonistas tenores – Hank Mobley, Benny Golson, John Coltrane, Dexter Gordon, Sonny Rollins e Joe Hendersone –, e compôs ainda 2 temas a completar este trabalho. No percurso de César Cardoso encontram-se 3 álbuns, todos com música original – Half Step (2010), Bottom Shelf (2015) e Interchange (2018) –, mais de 100 arranjos para Orquestras e Big Bands – escritos sobretudo para a Orquestra Jazz de Leiria e para a Orquestra Jazz do Hot Clube de Portugal – e ainda 2 livros sobre a teoria no Jazz – Teoria do Jazz (2016) e Teoria do Jazz – Exercícios (2018).

Portugal Rebelde - Qual foi o desafio que procurou neste “Dice of Tenors”?

César Cardoso O desafio que lancei a mim mesmo foi o de criar um disco diferente dos anterior. Procurei criar uma abordagem muito diferente a nível de composição e arranjos e ao mesmo tempo prestar homenagem a alguns dos maiores saxofonistas tenores que me influenciaram no meu percurso académico.

PR - Para este disco, escolheu 8 temas, 6 dos quais são Standards do Jazz celebrizados por alguns dos maiores saxofonistas tenores. Qual foi a sua maior preocupação na abordagem destes temas?

César Cardoso - Tentei ter uma abordagem nova, com técnicas que tenho andado a pesquisar, como por exemplos modelações métrica, poliritmias, re-harmonizações, entre outras. Ao pegar em Standards que toda a gente conhece naturalmente que é um risco grande fazer alterações, mas a minha ideia foi de criar como que um tema novo mas mantendo elementos que eu considero importantes dos originais. É um processo muito difícil porque facilmente podemos perder este fio de ligação entre os dois universos, mas penso que consegui manter isso.

PR - As novas abordagens, caminhos e ideias de composição, que procura neste “Dice of Tenors” passa muito também pela formação de 8 elementos que o acompanha?

César Cardoso - As novas ideias de composição e arranjo surgiram na minha cabeça e como referi, com o que tenho andado a estudar nos últimos tempos, a formação alargada foi um desafio que lancei a mim mesmo por nunca ter escrito para este tipo de formação, e assim aproveitei e fiz algum diferente. Obviamente que todos os elementos do Ensemble foram importantes para que a música e os arranjos funcionassem, sem eles isto seria praticamente impossível de montar devia ao seu grau de complexidade.

PR - Há algum tema deste disco que o toque em particular?

César Cardoso - Gosto de todos os temas do disco na verdade. Tentei que cada tema tivesse a sua vida e que fossem todos diferentes e que ao mesmo tempo se complementassem no resultado final do disco, e penso que consegui. Eu estou muito contente com o resultado final.

PR - Lançar um disco neste tempo novo que todos nós enfrentamos, é mais um desafio?

César Cardoso - Quando pensei no disco e na sua edição obviamente não estava à espera que nesta altura vivêssemos a pandemia que estamos a viver. O disco foi preparado e pensado há muito tempo atrás, comecei a fazer os arranjos no início de 2019, e foi gravado no final de 2019, e estipulei a data de lançamento em Abril deste ano, e nessa altura nada fazia crer que poderia acontecer o que está a acontecer. Está a ser um lançamento muito diferente do que esperava mas há que procurar ver um lado positivo em tudo isto.


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