28/08/2020

KARMA IS NOT A FEST | Discurso Direto


O Carmo ́81 enquanto cooperativa cultural, tem o intuito de desenvolver e dinamizar o ecossistema cultural de Viseu e pretende dar continuidade a essa missão apesar da conjuntura excecional que vivemos. A programação regular desde Agosto de 2015, em pleno centro histórico da cidade, tem-nos aproximado da crescente produção cultural local e nacional, sendo que, entre a multidisciplinaridade artística que procuramos trabalhar, é na música que funciona o nosso karma. Em 2020 o Karma conduz-nos até à centenária Mata do Fontelo em Viseu, na primeira produção exclusivamente fora das portas do Carmo´81 e em nome próprio. Será mais do que uma extensão da programação do Carmo´81 naquele local, será um novo processo de criação de conteúdos, será a exploração de cenários únicos e idílicos, será a sua colaboração para com o setor cultural que é o nosso Karma. Hoje em "Discurso Direto" é meu convidado Nuno Leocádio, um dos elementos da organização do Karma Is Not a fest, que ontem teve o seu inicio na cidade de Viseu.
 
Portugal Rebelde - 11 concertos, 1 cine-concerto, 4 criações artísticas, 4 conversas e 4 caminhadas. É tudo isto que o karma Is A Not Fest nos tem para oferecer em 2020? 

Nuno Leocádio - Sim é essa a nossa proposta no que não é um festival, deixou de o ser, reflexo da conjuntura. No fundo é esse o papel da cultura, refletir em ambos os significados da palavra a realidade em que nos encontramos. Oferecemos mais do que espetáculos, procuramos oferecer oportunidades dignas a 51 artistas e 23 pessoas da equipa técnica, um ato de consideração por todos eles e por todos nós. É a continuidade da procura deste nosso Karma que temos vindo a perseguir com todos os artistas que nos inspiram e dessa forma procurar reduzir a dicotomia entre litoral e interior no que respeita a oferta de programação cultural. Portanto o que sugerimos é oferecer mais do que eventos, mais do que oportunidades, mais do que cenários únicos, procuramos oferecer dignidade a quem connosco trabalha frequentemente. Ofereceremos conteúdos brevemente disponíveis no nosso Site, Carmo81.pt únicos e regulares tal como o Carmo´81 sempre foi, o Karma será regular. Cada tema representa diferentes formas de fruir a Mata do Fontelo, quatro criações únicas em que cada artista foi convidado a interpretar o local de acordo com as suas vivências, das quais vão resultar três músicas originais que exploram os sons do Fontelo e uma Fanzine infantojuvenil que representará o imaginário das profissões da Mata do Fontelo. Quatro conversas com projetos diferenciadores e para nós inspiradores carregados de bom Karma, disponibilizamos a possibilidade de conhecer diferentes perspetivas de conceber cultura em tempos de COVID-19. Desafiamos o público a conhecer a Mata do Fontelo através de quatro passeios que poderão ser vistos em Carmo81.pt para que os possam fazer acompanhados pelas propostas que apresentamos seja em casa seja in-loco. Os concertos e o cine-concerto representam também uma forma única de fruir dos idílicos locais que a Mata do Fontelo tem para nos oferecer. Com locais pensados para cada performance prometemos momentos únicos, serão oportunidades únicas de poder conhecer a Mata do Fontelo com novas cores, novas sonoridades, novas experiências. E apesar de todos os constrangimentos que vivemos em 2020 temos a certeza que serão momentos inesquecíveis. O que temos para oferecer portanto, serão memórias boas de tempos difíceis. 

PR - Em 2020 o Karma conduz-nos até à centenária Mata do Fontelo em Viseu, nos dias 27 de Agosto, 3, 10 e 17 de Setembro. 

Nuno Leocádio - Esta foi a fórmula encontrada para continuar a “celebrar” este Karma? Era algo previsto pelo Carmo´81 já há muito tempo, ansiávamos pela oportunidade de criar na Mata do Fontelo há vários anos. Oportunidade que agora parece fazer ainda mais sentido em tempos pandémicos. É a formula perfeita num cenário que se multiplica por vários recantos com várias oportunidades de criação e produção, as perspetivas sobre o futuro do evento na Mata do Fontelo são para nós muito animadoras porque é o local perfeito e muito inspirador para centenas de criações, explorações e experiências. Temos a consciência de que a Mata do Fontelo é precisamente uma Mata e não um parque ou um jardim, o cuidado por fauna e flora tem de ser minucioso, o respeito pela história do local e pelas suas gentes é fundamental e é precisamente isso que queremos: fazer parte da história da centenária Mata e fazer ainda mais parte das suas gentes. É algo que queremos no nosso percurso, no nosso ADN esta concretização, nesse local, neste ano! Será uma memória, uma conquista que nos acompanhará por muito tempo. 

PR - A programação deste Karma pode ser acompanhada presencialmente na Mata do Fontelo e através do site do Carmo´81. Quer falar-nos como é que tudo isto se vai desenvolver? 

Nuno Leocádio - Quer se goste mais ou menos do termo temos de afirmar o evento como híbrido, com propostas presenciais e conteúdos disponíveis on-line, grande parte das conversas, passeios, criações e concertos serão gravados e estarão mais tarde disponíveis em Carmo81.pt. Não só porque a lotação dos eventos in-loco será reduzida, devido a medidas de contingência, mas principalmente porque queremos combater a efemeridade deste tipo de criações, a possibilidade de criar conteúdos e disponibiliza-los a quem nos acompanha parece-nos mais enriquecedor. Podemos assim ser regulares, dar continuidade a este plano e ir gerando conteúdos através de desafios a diversos artistas durante vários meses e fazer com que o Karma nos acompanhe até à próxima edição. Tudo em Carmo81.pt.

PR - No que toca aos concertos, quais são os grandes destaques desta edição do Karma? 

Nuno Leocádio - Eu gosto de pensar que todos os artistas que convidamos para fazer parte do cartaz são artistas que diariamente nos inspiram, que todos foram selecionados tendo em conta um local específico da Mata do Fontelo, todos têm apontamentos cénicos distintos e todos terão a oportunidade de apresentar um evento único. Nem sempre é fácil de explicar esta opinião a todos e muitas vezes somos obrigados a referir alguns artistas com mais referencias do que outros, algo que para mim este ano faz ainda menos sentido, não há cabeças de cartaz há vários artistas que nos inspiram e dos quais procuramos o melhor Karma, são eles: Arianna Casellas, Aurora Brava, Filipe Sambado, Tiger Picnic, José Pedro Pinto e o cine-concerto Surdina, os Unsafe Space Garden, Stereoboy, Dada Garbeck, Contos e lenga Lendas, Samuel Martins Coelho, HHY&Macumbas. 

PR - O Festival que tinham pensado para este ano continua a ser uma aposta para 2021? 

Nuno Leocádio - Depende do que o futuro da pandemia nos reservar, mas queremos acreditar que sim que poderemos resgatar o plano que tínhamos para a edição de 2020. Como é obvio em Março ficou tudo suspenso e vários meses de trabalho postos em causa, mas perante a possibilidade que nos foi dada pelo programa de apoio à cultura do Município de Viseu o “Viseu Cultura” de recalendarizar e reprogramar o evento tivemos a possibilidade de precisamente ajustar o evento às contingências e à conjuntura. O nosso patrocinador Forum Viseu também deu continuidade ao seu apoio sempre com interesse e respeito pela nossa sugestão de programação. Só assim foi possível ciar o Karma este ano, mas a verdade é que tínhamos planeada uma edição com vários projetos e criações comunitárias, com dezenas de pessoas em cima dos palcos em alguns dos projetos (claro que tudo isso foi repensado, adiado para 2021 de acordo com as recomendações da DGS) Fará mais sentido ao fim de todo o suplicio uma celebração comunitária sem distanciamentos físicos ou sociais, fará todo o sentido essa celebração, assim o Karma queira, em 2021.

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