Depois do aclamado regresso com "Ninguém Nos Vai Tirar o Sol", Joana Espadinha apresenta o álbum "Ninguém nos Vai Tirar o Sol" em duas noites imperdíveis, 8 de Novembro no Teatro Maria Matos (Lisboa) e 10 de Novembro na Casa da Música (Porto). Hoje no Portugal Rebelde apresenta as 10 canções deste novo disco no “faixa a faixa”.
O Príncipe e o Sapo
Todos crescemos a ouvir contos de fadas, histórias encantadas, para mais tarde descobrir quão diferente é a vida real.
Talvez isso explique porque é que às vezes temos expectativas tão irrealistas, e tentamos encaixar todas as pessoas em rótulos de bom ou mau, forte ou fraco, bem sucedido ou falhado… como se o mundo fosse bidimensional.
Esta canção fala sobre isso. Sobre aceitar a imperfeição do amor real, num caldeirão onde cabem a competição e o companheirismo, a paixão e o aborrecimento, o braço de ferro e a cedência, os sonhos e a tristeza, o príncipe e o sapo.
Dar Resposta
Escrevi esta canção como um grito de emancipação, contra as expectativas com que lutamos no dia a dia, venham estas de outros ou auto-impostas. Fala sobre a liberdade de aprender a dizer que não, e perceber que o mundo não cai por causa disso.
Mau Feitio
Há três anos, numa festa ao ar livre, alguém passou o “Lança Perfume” da Rita Lee. Pensei nesse momento que gostaria muito de escrever uma canção assim, divertida, romântica e com um pouco de veneno. Mais tarde pensei chamar-lhe Mau Feitio, por ser algo que todos reconhecemos em nós de vez em quando. É uma característica quase universal, mais acentuada nuns do que noutros, e normalmente é puramente circunstancial, passa ao fim de umas horas.
A canção brinca com essa e outras dinâmicas típicas das relações, as guerras de poder, os amuos, as pazes, e é a minha tentativa de não me levar muito a sério.
Astronauta
Esta canção é uma metáfora para o que temos vivido nestes últimos dois anos. O isolamento, o adiar da vida, o universo do avesso, e um novo tipo de solidão, sem data certa para terminar.
É a história de alguém que desaprendeu como se relacionar com os outros, e como lidar com o amor num clima onde impera a ausência. Tem no entanto um tom esperançoso, e um desafio: já é hora de partir as redomas e voltar a respirar.
Quem Me Dera Saber Que Sou Feliz
Esta foi uma das canções que escrevi antes de começar a pandemia e o confinamento, e por isso surpreendeu-me quando reli a frase “Fui p’ra casa ver o sol no televisor”, que se tornou tão real para todos. O título é uma contradição: parecia já saber que era feliz, mas não me era possível reconhecê-lo. Às vezes só em retrospectiva percebemos que fomos felizes, nunca valorizamos o momento presente e este “quem me dera” ironiza o meu fascínio pela melancolia, mesmo quando não há razões para isso.
Queda Prá Desgraça
Em adolescente fui uma ave rara, sempre no mundo da lua, e a envolver-me nas situações mais caricatas. Vivi muitos desgostos de amor, como qualquer adolescente, parecia atrair o azar, mas sempre mantive um coração sincero, e arranjava forma de acreditar em dias melhores.
Esta canção é a minha versão do “Everything happens to me”, o clássico do cancioneiro americano de Matt Dennis e Tom Adair que cantei tantas vezes, no meu passado jazzístico.
Um Sentimento
Esta é talvez das canções mais pessoais do disco. É uma declaração de amor, o amor que é muito mais que um sentimento, que a paixão, a sensação, a vertigem. O Amor é muito mais a aceitação do outro, os altos e baixos, os dias menos bons, que são tão reais como os dias felizes. Fala sobre os vários ciclos por onde passam as relações, e do salto no escuro que é necessário, todos os dias, para continuar.
A História do Pé de Feijão
Esta foi a primeira canção que escrevi para o meu filho. Comecei a escrevê-la mesmo antes de engravidar, e quando se tornou verdade, foi muito especial escrevê-la.
Cada criança que nasce vem ao mundo sem nada estar decidido ou destinado, vem para ser o que só ela pode ser. Aceitar isso, dar-lhe essa liberdade, é tudo o que quero fazer. Aprendi que ter certezas é uma grande ilusão, e que se abdicarmos disso, podemos conhecer a fundo a beleza do mundo.
Ninguém Nos Vai Tirar o Sol
A canção que dá nome ao disco foi das últimas a ser escritas. Estava na altura grávida, e se esse é já normalmente um período de incerteza para a mãe, vivê-lo durante a pandemia foi causa de muitas dúvidas e incertezas. Procurei escrever algo que me acalmasse o coração, e encontrei este lema, quase inocente, para me ajudar a viver um dia de cada vez. Não sei se vai ficar tudo bem, mas sei que há coisas que não nos podem tirar, e foi a essas que me agarrei.
Travessia
Quis escrever uma canção sem letra, que não precisasse de palavras para descrever a viagem percorrida nestes últimos dois anos. Emociono-me sempre quando a oiço, e quase que consigo imaginar o astronauta a partir à descoberta do mundo novo.
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